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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Auxílio emergencial pode reduzir perdas do comércio

Segundo levantamento inédito da FecomercioSP, dos R$190 bilhões liberados pelo benefício assistencial em todo o País, R$ 151 bilhões tiveram como destino o consumo varejista

 


A FecomercioSP segue acompanhando os desdobramentos que a pandemia de covid-19 tem provocado na economia brasileira, principalmente nos setores de comércio e serviços. A retomada tem ocorrido em diferentes níveis, seguindo protocolos estabelecidos por cada Estado brasileiro – de acordo com a disseminação da doença nas regiões. Contudo, a recuperação econômica tende a ser lenta, em decorrência da alta do desemprego e do fim da disponibilização do auxílio emergencial, prevista para o mês de setembro.
 
Para compreender melhor o cenário atual e o que esperar dos próximos meses, a Federação produziu uma estimativa inédita levando em conta os recursos que foram disponibilizados pelo governo federal, por meio do auxílio emergencial, e a plenitude da retomada de operações até o mês de agosto.
 
De acordo com a Entidade, a liberação desse benefício assistencial contribuiu para que não houvesse deterioração mais contundente da economia, não apenas sobre o comércio varejista, mas também sobre todos os elos que compõem a cadeia produtiva nacional, o que reflete sobre a renda e o desemprego no País.
 
Os recursos do auxílio emergencial devem ultrapassar os R$ 190 bilhões, alcançando mais de 63 milhões de pessoas. Esse montante corresponde a mais de seis anos do valor anual distribuído pelo Bolsa Família, o que torna o programa um instrumento de grande impacto sobre consumo.
 
Conforme levantamento da FecomercioSP, R$ 151 bilhões tiveram como destino o consumo varejista. Assim, as estimativas de perdas para o fechamento de 2020, projetadas no início da quarentena, foram reduzidas de -13,8%, para -6,7%.

 


São Paulo


No Estado de São Paulo, o recuo deve ser de 5,47% no ano. Caso não houvesse o direcionamento para o consumo de R$ 18,58 bilhões do auxílio emergencial, poderia atingir -8%, com perda de receita de R$ 60 bilhões para o comércio em 2020.

  


Principais números | Brasil 

Mesmo atenuado, o prejuízo deve chegar a R$ 141 bilhões em relação ao faturamento de 2019, no varejo nacional. Desse montante, mais de R$ 102 bilhões foram registrados no auge do cenário de restrições das operações varejistas, correspondente ao período entre março e agosto de 2020.
 
Das noves atividades pesquisadas do varejo, sete tendem a finalizar o ano com baixa nas vendas, com destaque para lojas de vestuário, tecidos e calçados (-25,2%) e materiais de construção (-17,6%).
 
Por outro lado, os segmentos de supermercados (5,4%) e farmácias e perfumarias (2,8%) devem a fechar com faturamento maior do que o de 2019, uma vez que a população está focada apenas nas compras de itens essenciais.


 
Principais números | São Paulo

As perdas do comércio varejista paulista podem atingir R$ 41 bilhões no fechamento de 2020 – queda de 5,4% na comparação com 2019.
 
Das noves atividades pesquisadas do varejo, sete tendem a encerrar o ano com baixa nas vendas, com destaque para concessionárias de veículos (-21,6%) e lojas de vestuário, tecidos e calçados (-19,5%).
 
Em contrapartida, os segmentos de farmácias e perfumarias (3,9%) e de supermercados (3,14%) devem terminar 2020 com faturamento maior do que o de 2019.


 
Perspectivas

A retomada da economia deve ocorrer de forma lenta e gradual, muito embora tenha sido observada uma corrida ao comércio popular no início da reabertura por uma demanda que estava reprimida. Contudo, o que se tem notado é que a população ainda está receosa para sair de casa – enquanto não houver uma vacina – e, acima de tudo, preocupada com o seu orçamento doméstico, além da manutenção do emprego.
 
Ainda segundo estimativas da Federação, diante desse cenário, 202 mil empresas devem encerrar definitivamente as atividades em 2020 no Brasil, das quais 197 mil são de pequeno porte, que empregam até 19 funcionários. Por consequência, estão previstos 980 mil desligamentos no segmento do comércio varejista brasileiro neste ano, dos quais 590 mil devem ocorrer nos pequenos negócios.



Fundo Emergencial para a Saude bate meta de 40 milhões e beneficia 40 hospitais

O Fundo Emergencial para a Saude - Coronavírus Brasil, foi criado pelo IDIS, BSocial e Movimento Bem Maior em meados de março e, em cinco meses, atingiu a meta proposta de captar 40 milhões de reais para ajudar no combate ao COVID-19. A ação, que começou beneficiando hospitais filantrópicos de São Paulo, ganhou força,  se estendeu para outros 16 estados e distribuiu recursos pra um total de 41 hospitais.

“O sucesso do fundo, levando recursos para ajudar milhares de pessoas mostra a força da filantropia e a generosidade do brasileiro, que certamente está aprendendo que transformar é possível”, diz Maria Eugênia Duva, cofundadora da BSocial

A forma como a pandemia se espalhou mostrou a importância de levar os recursos para estados em situação mais vulnerável, como Pernambuco, Amazonas, Acre, Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais entre outros. Em Manaus, onde a mortalidade foi elevada, quase 1 milhão de reais foram encaminhados para a Associação Brasileira de Enfermagem (AM). Treze Santas Casas de várias partes do país também receberam recursos para enfrentar batalha contra o novo coronavírus.

“Este foi um movimento que engajou além de empresas e grandes filantropos, a sociedade como um todo. É uma união inédita em torno da saúde pública”, explica a presidente do IDIS, Paula Fabiani. 

O Fundo reuniu um total de mais de 10 mil doadores, entre empresas de todos os tamanhos e área de atuação, pessoas físicas, organizações e plataformas e famílias voltadas à filantropia.

Até o final de julho, as doações do Fundo haviam se transformado em 311 mil EPIs (equipamentos de proteção individual), cerca de 11 unidades de medicamentos e em mais de 450 equipamentos hospitalares.

 



Carola Matarazzo - diretora-executiva do Movimento Bem Maior, conta que “como fomos um dos primeiros auxílios a chegar, os gestores dos hospitais nos diziam que o Fundo não estava trazendo só recursos financeiros, mas também uma nova esperança porque eles percebiam que contavam com o apoio da sociedade”.


Religião e política: qual a fronteira?

 Especialista fala sobre os limites da lei e a liberdade de expressão


A Constituição Federal de 1988 garante a todos os brasileiros liberdade de escolha sobre a sua religião, no artigo 5º. Esse fato confere ao país a característica de ser um Estado laico, que não determina o credo que sua população deve seguir. Já na política partidária, o país tem vivenciado um debate às vésperas as eleições municipais, que chegou às portas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

"Essa polêmica se dá por causa da vantagem que essas candidaturas poderiam ter em comparação com as demais porque membros das igrejas estão sujeitos à ascendência dos seus líderes, embora, em uma democracia todos tenham o direito de emitir qualquer opinião, inclusive política, desde que não ocorram abusos dos limites da lei eleitoral e não representem ofensas aos preceitos constitucionais e legais assegurados”, afirma Acacio Miranda da Silva Filho, advogado, professor e doutorando em Direito Constitucional pelo Instituto IDP/DF.

Segundo ele, o tema segue sendo tema de polêmicas porque a legislação só indica os elementos que configuram dois tipos de abuso – econômico e político – para garantir que o processo eleitoral transcorra sem interferências. "Não há menção específica ao abuso de poder religioso", esclarece.

O centro da polêmica em evidência reside no TSE, que lançou a proposta de penalizar abusos do poder religioso, por meio do ministro Edson Fachin, em 25 de junho desse ano. O processo que originou a proposta está relacionado à vereadora de Luziânia (GO), Valdirene Tavares (Republicanos), pastora da Assembleia de Deus, acusada de promover a sua candidatura na igreja e influenciar o voto de fiéis. O debate, que foi interrompido pelo pedido de vistas, continua nessa quinta-feira, 13 de agosto. Se aprovada, a proposta pode levar à cassação de mandatos, futuros ou em exercício. O placar, até agora, está empatado em 1 a 1, restando ainda cinco votos.

O ministro Alexandre de Moraes foi quem deu o voto contrário ao colega Fachin, afirmando que "não se pode transformar religiões em movimentos absolutamente neutros sem participação política e sem legítimos interesses políticos".

Na opinião de Acacio Miranda, a população deve acompanhar o tema com atenção. "Somente o Poder Legislativo poderia criar mecanismos para coibir abusos como o caso da vereadora. O restante é ativismo judicial”, critica o advogado. “Fica o desafio para toda a sociedade de fazer valer os ideais da maioria com as regras que existem hoje", alerta.





Fonte: Acacio Miranda da Silva Filho - Doutorando em Direito Constitucional pelo IDP/DF. Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada/Espanha. Cursou pós-graduação lato sensu em Processo Penal na Escola Paulista da Magistratura e em Direito Penal na Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. É especialista em Teoria do Delito na Universidade de Salamanca/Espanha, em Direito Penal Econômico na Universidade de Coimbra/IBCCRIM e em Direito Penal Econômico na Universidade Castilha - La Mancha/Espanha. Tem extensão em Ciências Criminais, ministrada pela Escola Alemã de Ciências criminais da Universidade de Gottingen, e em Direito Penal pela Universidade Pompeu Fabra.


Desastre em Beirute: Por que o impacto foi tão grande?

 Especialistas explicam como o Nitrato de Amônio provocou tanta devastação


Em 4 de agosto, uma megaexplosão na região portuária de Beirute criou uma cratera de 43 metros de profundidade no local e devastou construções da proximidade. O acidente contabiliza, até agora, quase 200 mortos e cerca de 4 mil feridos, segundo a contagem oficial do governo do Líbano.

De acordo com a professora Marcilei Guazzelli, do departamento de Física do Centro Universitário FEI, em uma detonação como essa a energia é liberada em torno de seu material explosivo, formando uma onda de choque que "varre" tudo o que encontra pela frente. "De acordo com as informações e imagens divulgadas, estimo que, do centro da explosão até um raio de 250 metros, a destruição foi total", comenta.

A professora explica ainda que a pressão sentida por quem estava em um perímetro de até 150 m equivale a um mergulho a mais de 100 metros de profundidade sem equipamentos de proteção: "ou seja, morte na certa", explica Marcilei.

O poder de impacto desta explosão química equivale a cerca de 1500 toneladas de TNT, e é comparável a 10% do impacto causado pela bomba lançada em Hiroshima.

Conforme a distância aumenta, a energia da onda de choque se dissipa e, apenas após cerca de 10 km, é possível considerar não ter mais força de destruição. Ou seja, os danos são considerados suportáveis. "Como a detonação ocorreu em uma zona portuária, boa parte da energia da onda de choque foi dissipada em direção ao mar, evitando que o desastre fosse ainda maior", conclui.

Mas o que ocasionou a explosão?

Na região estima-se que estavam armazenadas 2.750 toneladas de nitrato de amônio, substância utilizada em diversas aplicações, dentre elas em fertilizantes, misturas congelantes, herbicidas e inseticidas e explosivos.

O professor Ricardo Belchior, chefe do departamento de Engenharia Química da FEI, explica que o sal nitrato de amônio é obtido pela reação de neutralização do ácido nítrico com a amônia e que, em condições normais de temperatura e pressão, ele é bastante estável e não apresenta riscos se armazenado de forma adequada. "Mas pelas imagens do acidente, é possível observar que antes da grande explosão estava ocorrendo um incêndio no porto. Com a alta temperatura do fogo é provável que tenha ocorrido a decomposição do nitrato de amônio, ocorrendo uma grande expansão dos gases liberados dessa decomposição e potencializando a explosão".

Outro efeito extremamente grave da catástrofe foi a inalação de fumaça tóxica por pessoas que estavam nas proximidades. Belchior ressalta que a fumaça pode mesmo causar danos à saúde. "Os gases tóxicos que atingiram a população pode ter sido proveniente do incêndio que estava ocorrendo, mas também devido à presença do nitrato de amônio. Este sal, quando decomposto totalmente, libera vapor de água, oxigênio e nitrogênio, que não são tóxicos. Todavia, é possível que ele tenha liberado também vapores de amônia, que é extremamente tóxico. Só uma perícia minuciosa poderá concluir o que de fato ocorreu em Beirute", explica.

Como o nitrato de amônio é uma substância muito importante para o Brasil (por seu uso em fertilizantes), o professor recomenda que o caso de Beirute sirva de lição para revisarmos a forma de armazenagem do produto. "Em temperatura ambiente, o nitrato de amônio é seguro de ser armazenado e manipulado. Entretanto, o acidente mostrou mais uma vez o poder de destruição desse produto quando em contato com o fogo", afirma.

Para conhecer os projetos do Centro Universitário FEI, acesse www.fei.edu.br ou siga a Instituição nas redes sociais em fei.edu.br/redes.

 

Em tempos de crise, imóveis se sobressaem como garantidor de dívidas bancárias

 Lastro em patrimônio imobiliário abre portas na hora de conseguir crédito e também se credor estiver em dificuldade de pagar a dívida


Fortemente impactados pela grave crise econômica causada pelo novo coronavírus, famílias e empresas quase triplicaram o volume de pedidos de crédito com garantia em imóvel próprio em abril, na comparação com março. É o que aponta levantamento feito pela plataforma Credihome, especializada em empréstimos com lastro imobiliário. Em fevereiro e em março, foram solicitados, em média, R$ 2 milhões em contratos de empréstimo. Já em abril, um mês após as primeiras medidas de isolamento social, esse volume subiu para R$ 5,3 milhões, segundo a Credihome.

No cenário de forte insegurança econômica que se tem pela frente, em que analistas falam numa queda de até 7% do PIB brasileiro, conseguir crédito para se estabelecer ou manter um mínimo de liquidez não é tarefa fácil, mesmo com o país praticando uma taxa oficial de juros a 2,25%, a menor da história. “As incertezas econômicas, não só no Brasil mas em todo o mundo, são enormes e o mercado de crédito bancário nunca caminhou bem em ambientes de dúvida. A lógica é simples: os bancos sabem que a grande maioria das pessoas e empresas não conseguirão honrar seus compromissos e, nesta situação, o crédito será sempre mais caro e difícil, independente da queda da taxa básica de juros”, explica Cidinaldo Boschini, especialista em ativos estressados (créditos concedidos e não pagos aos bancos).

E é justamente essa dificuldade em se oferecer garantias num cenário de baixa atividade econômica como o atual, que faz dos empréstimos com lastro em patrimônios imobiliário uma boa opção de financiamento. Os bancos aceitam garantia hipotecária mas tendem a preferir alienação fiduciária de bens imóveis. Essa modalidade de concessão de crédito costuma oferecer juros mais baixos do que outras linhas de financiamento existentes no mercado, em virtude da mitigação de risco que o tipo de garantia fornece. 



Alienação fiduciária


De acordo com Cidinaldo Boschini, empréstimos com garantia imobiliária acabam sendo mais viáveis num cenário de baixa atividade econômica. “As instituições financeiras estão operando a maioria dos novos empréstimos apenas com garantia hipotecária de bem imóvel e preferencialmente com imóvel em alienação fiduciária. Alienação fiduciária é uma modalidade onde é transferida a propriedade do bem imóvel ao agente que concedeu o crédito, ficando o devedor apenas na posse e uma vez que exista o inadimplemento, o credor realiza a consolidação do imóvel e a venda através de leilão, aumentando a chance dos bancos recuperarem parcialmente o crédito inadimplido.", diz.

Segundo Cidinaldo Boschini, os imóveis são dados como garantia em empréstimos bancários pelo valor de liquidação forçada, ou seja, por 60% do valor de avaliação do mercado. E o valor do crédito concedido geralmente corresponde a 70% do valor de liquidação forçada. Desta forma aumenta a perspectiva do banco recuperar o principal do crédito concedido. Ocorre que para o devedor na maioria das vezes persiste a dívida mesmo com o banco tendo consolidado o bem imóvel e vendido em leilão, vez que existem as atualizações, juros, mora, encargos e honorários advocatícios.

"Essa negociação se dá em valores mais equilibrado quando entram as empresas voltadas à aquisição de ativos estressados. Elas compram dos bancos o direito de recebimento e oferecem melhores condições de negociação ao devedor, pois possuem mais flexibilidade do que os bancos. Muitas destas empresas preferem receber o imóvel dado em garantia em pagamento liberando o devedor de pagar o saldo devedor", explica Cidinaldo.

O especialista explica que diante do cenário econômico que se desenha para os próximos meses o aumento da inadimplência e da renegociação de empréstimos vencidos será inevitável. “Em grandes crises econômicas os níveis de inadimplência podem atingir em média cerca de 20% do total de empréstimos bancários. Temos aí um grande mercado de negociação de dívidas que pode agregar valor tanto para instituições bancárias quanto para os devedores. Para os bancos, é a chance de receber uma boa parte do valor dos créditos inadimplidos, já para o devedor, especialmente quando empresa, é uma oportunidade de fazer uma negociação de pagamento mais flexível do que seria com a instituição financeira”, explica o especialista.

De acordo com Cidinaldo Boschini, empréstimos com garantia imobiliária acabam sendo mais viáveis num cenário de baixa atividade econômica pela redução do risco ao banco que concede o empréstimo. Para o especialista, quando devidamente regulamentado e feito por empresas capacitadas para tal, o mercado de negociação de créditos inadimplidos também pode ajudar na liquidez necessária para a retomada da atividade econômica. “Ao receber uma boa parte desta dívida que dificilmente receberia em condições normais de cobrança, o banco tem condição de liberar mais crédito. E o devedor poder ter uma nova chance de negociar sua dívida, de forma mais flexível que teria junto banco, e com a possibilidade de usar um bem imóvel na negociação”, esclarece Cidinaldo.

 

Novo Normal: o que muda na medicina, na economia e no direito com a pandemia?

 Veja a opinião de especialistas diversos – médicos, empresários, servidores essenciais e advogados – sobre o que mudará após a pandemia

 

O tal “Novo Normal” chegou? Se chegou, o que trouxe de realmente “novo”? O que a pandemia nos ensinou (e está ensinando) que devemos manter – em relação aos hábitos de higiene, mas também em relacionamento, em comportamento?... Perguntamos para diferentes segmentos e colhemos diferentes respostas. Conversamos com advogados, médicos, empresários e servidores públicos essenciais, entre outros. 

O que procuramos saber deles: Afinal, o “novo normal” já chegou? O que muda e o que permanece na sua área de atuação? Podemos dizer que estamos vivendo o “novo normal”? Nem todos concordam que o novo normal já começou, mas todos concordam que há mudanças necessárias a se fazer.

Veja as respostas:


Para o pediatra Mario Ferreira Carpi, do Hospital Águas Claras, “considerando que o “novo normal” é um conjunto de ações e comportamentos que permitem nossa adaptação e sobrevivência diante da realidade da pandemia pelo novo coronavírus, eu diria que já estamos vivendo o “novo normal”. Após 4 meses de isolamento social, tivemos a oportunidade de vivenciar e aprender muitas coisas. Percebemos por exemplo que é possível e, muitas vezes até mais produtivo, trabalhar em casa (home office) e que reuniões que exigiriam deslocamentos e gastos podem ser feitas utilizando ferramentas disponíveis em nossos computadores, permitindo discussões em tempo real. É claro que a maioria das pessoas continuarão a ter que se deslocar para seus trabalhos e as crianças, embora possam ter parte de suas atividades didáticas online, terão que voltar para a escola. O convívio social faz parte da natureza humana e é essencial. Mas, ao menos até nos sentirmos seguros novamente, esse convívio obedecerá a novas regras, como o uso de máscaras, novas formas de nos cumprimentarmos e cuidados com a higiene das mãos. Talvez finalmente nossa sociedade tenha aprendido que vírus respiratórios (não apenas o coronavírus) são transmitidos não apenas por tosse ou espirros, mas também pelo contato com mãos e objetos contaminados por essas secreções. Teremos que ser mais contidos e menos expansivos, mantendo um certo distanciamento social para nossa própria segurança. Como tudo que é novo, isso causa certa angústia, mas já estamos incorporando esse novo padrão de normalidade.

Outros aspectos podem ser ressaltados. Percebemos que não temos controle sobre o mundo (excelente oportunidade para nos tornarmos mais humildes), que altruísmo, solidariedade e fé também fazem parte da natureza humana e nos fortalece nas crises e que a família continua sendo a base de tudo”.


Na esfera do direito o advogado Leandro Rufino, do Rufino & Rebuá Advogados, acredita que “a pandemia alterou de maneira profunda o mundo do Direito, como todas as outras áreas, o que não quer dizer que esse será o novo normal.  Sem dúvida, algumas das mudanças trouxeram ganhos. As audiências online, por exemplo, reduziram custos com deslocamento. A produtividade de alguns servidores dos tribunais foi, por determinação dos respectivos órgãos, aumentada o que faz com que haja uma celeridade maior nos processos. Se por um lado isso é positivo e poderíamos torcer para ficar, já há advogados trabalhistas, especialmente, pedindo para que as audiências não sejam online porque não é possível saber quem está acompanhando a testemunha, por exemplo. Se ela está sendo pressionada ou chantageada. Mas acredito que haverá um meio termo possível, para que audiências em cidades diferentes, por exemplo, possam ocorrer de forma virtual, reduzindo o custo da Justiça”.


Na opinião da infectologista do Hospital Águas Claras, Ana Helena Germoglio, “O que era o normal? Vida corrida, sem olhos no olhos, crianças nas escolas e pais trabalhando 12h ao dia, vida em 4G, reuniões de trabalho intermináveis, digitalização das relações interpessoais.... Infelizmente, é impossível prever o comportamento humano pós-pandemia, porque isso dependerá da conscientização individual. Do contrário, teremos outras pandemias tão graves ou piores. As pessoas devem entender que nosso comportamento pode e tem capacidade de interferência na vida das demais pessoas. Viver coletivamente é a única chance de sermos humanos. E, para continuarmos nessa vida durante e pós-pandemia, precisamos pensar coletivamente. Uma coisa é certa, nada será como antes. Uma doença emergente viral veio para alterar completamente nossos hábitos de consumo e comportamento interpessoal, mostrou quão frágil é o ser humano. Coisas simples que nem pensávamos a respeito, ganham agora uma nova dimensão.  Práticas como hábitos de higiene, solidariedade, altruísmo ganharam destaque em nossas vidas em tão pouco tempo. Valorização do contato olho no olho, dos abraços e apertos de mãos, revalorização de ambientes abertos, novos hábitos de consumo virtual. Talvez sim, esse seja o normal”.


O diretor de Marketing e Vendas da Família do Sítio, Ricardo Barbosa,  não acredita que chegamos ainda ao chamado “novo normal”:  “O novo normal deve acontecer assim que tivermos uma vacina para o vírus, porque a partir desse momento veremos o que essas mudanças que estão acontecendo hoje vão provocar no comportamento da sociedade. Hoje tem pessoas aqui na empresa que estão trabalhando de casa, tem pessoas que estão trabalhando em horário reduzido. Isso está acontecendo não por conta de uma opção da empresa, mas por uma falta de opção trazida pela pandemia. O novo normal vai acontecer depois desse período de pandemia quando nós tivermos a opção de escolher, por exemplo, continuar a trabalhar dessa maneira. Acho que ainda é um momento de transição, de reflexão, onde a gente precisa enxergar agora o que deve ser priorizado. Ainda mais falando sobre empresas, que temos a questão de tempo versus produtividade, se são coisas que têm uma relação direta ou não. A gente fala muito que está vivendo no mundo moderno, mas a maioria das empresas sofreu muito. Que mundo moderno é esse que a gente não está preparado para trabalhar à distância? Na verdade, nós estamos vivendo um momento de transição. Na minha visão não estamos ainda vivendo o novo normal. Iremos viver ainda o novo normal, que com certeza trará mudanças, sejam comportamentais, sejam de postura, de visão de coletivo, de visão do individual. O novo normal vai trazer para a gente a importância da reflexão, de refletir sobre a vida, sobre a nossa atitude e nossos comportamentos.

Eu prevejo mudanças muito positivas. Acho que todo mundo passou a entender melhor o seu papel dentro da organização e o seu papel profissional como indivíduo. Estamos vivendo em uma dicotomia de tempo, em que ao mesmo tempo nos falta tempo e temos tempo demais. Isso fez com que a gente percebesse atalhos, no sentido positivo. O que a gente pode otimizar, que conversas a gente pode ter de maneira mais rápida, sem precisar procrastinar muitas coisas. Acho que a procrastinação aqui na nossa cultura vai ser bem diminuída. Nesse sentido eu vejo uma evolução muito grande de comportamento. Acho que as pessoas começaram a perceber também mais umas às outras, perceber suas dificuldades, porque cada um acabou vivendo momentos exclusivos, problemas únicos. De maneira coletiva as pessoas passaram a se enxergar como um grupo, e não somente como indivíduos trabalhando em uma mesma empresa”.


O infectologista do Hospital Brasília, André Bon, acredita que já estamos vivendo o novo normal. “Algumas mudanças de hábito não vão voltar atrás. A lavagem frequente das mãos, a higienização com álcool, não deve mudar. Me pergunto se o uso de máscaras vai perdurar, mas certamente o reforço de higienização vai persistir, inclusive relacionado aos alimentos e aos produtos que chegam dentro de casa. Em relação aos cuidados de saúde, talvez seja importante fazer um reforço das medidas que estão sendo tomadas agora. Para quem adotou o novo normal, eu não recomendaria que as pessoas voltem a frequentar bares e restaurantes. Continua a recomendação de distanciamento social, que as pessoas se mantenham ainda dentro de casa. Mas, para o futuro, eu diria que a etiqueta respiratória (na hora de tossir e espirrar, usar a face interna do cotovelo) e as medidas de higienização continuarão a ser muito importantes quando estivermos em espaços coletivos. Talvez sejam as medidas mais importantes daqui pra frente nestas situações.”


O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, José Carlos Magalhães Pinto, também acredita que o novo normal ainda está por vir: “Apesar de grande parte de o comércio estar funcionando, ainda não podemos dizer que vivemos o “novo normal”. Temos novos cuidados, novas condutas, novos canais de venda. Mas o consumidor ainda não se comporta dentro de uma “normalidade”, mesmo que seja diferente do que vivíamos antes da pandemia.

Se pudéssemos já definir um “novo normal”, me arriscaria a dizer que há uma tendência a mudanças no perfil de consumo. As empresas estão apostando no home office como uma medida de médio e longo prazo ou, em muitos casos, definitiva. Isso mudará o consumo de roupas, sapatos e acessórios de maneira relevante. O consumidor está apostando muito mais nos produtos essenciais. Ainda há a questão da higiene, que fez ressurgir no mercado produtos de limpeza como álcool 70, água sanitária, sabão líquido e outros. Também apostaria em uma mudança de perfil de consumo, mais consciente, com valorização dos produtos locais. Tanto as CDLs de todo o Brasil como a CNDL tem incentivado o consumo nas pequenas e médias empresas locais.

Com relação à retomada da economia, ficamos à mercê de medidas que demoraram muito a ocorrer – como a liberação de crédito para pequenas e médias empresas. Se há um “novo normal” para as pequenas empresas, é a triste realidade de que muitas não conseguirão reabrir suas portas. Por outro lado, não podemos negar o perfil empreendedor do brasileiro, que está se reinventando nos mais diferentes setores. Basta ver o sucesso dos Drive-In´s, que já estão conquistando o público dos shows.

Enfim, o “novo normal” exigirá a reconstrução de muitas empresas, a reinvenção de outras e muitas quebras de paradigma. Na Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal, seguiremos acreditando que tudo isso vai passar e que vamos superar os desafios”.


Para a pediatra Sandi Sato, da Maternidade Brasília, “a gente precisa começar a se preparar para o novo normal, entender o que é uma responsabilidade compartilhada e o que é viver em sociedade garantindo o bem-estar do próximo. Isso deveria ser o normal sempre, não apenas pós-pandemia. Já com relação à volta às aulas, vai exigir algumas práticas com cuidados relacionados à transmissão de Covid.  Crianças transmitem doenças com facilidade, então ainda é preciso manter as atuais recomendações e reforçar os cuidados de higiene. Não há novas recomendações, ainda é preciso evitar as saídas desnecessárias e manter o distanciamento social”.


Parte do grupo de trabalhadores considerados “essenciais”, o diretor de política profissional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, Antonio Andrade, vê com algum ceticismo o novo normal.  “Com certeza muitas mudanças que foram forçadas por conta da pandemia vão se manter no futuro. E de uma forma positiva, porque a situação atual nos fez rever diversas práticas da carreira, descobrir o que pode ser feito de maneira mais efetiva. Esperamos sair dessa pandemia mais fortes, mais unidos, e isso será extremamente importante para o momento de recuperação. A retomada do crescimento econômico dependerá principalmente do agronegócio e as atividades de fiscalização são essenciais para mantermos a produção, a qualidade dos alimentos e o sucesso das nossas exportações. No entanto, as atividades de campo ainda oferecem risco para os Affas, apesar de todas as medidas de segurança. Vemos agora uma queda no número de casos de Covid em algumas cidades do país, e em outras temos a estabilização. Porém, a contaminação ainda está ocorrendo e, apesar de todos os cuidados de prevenção e equipamentos utilizados, o risco que um Affa em campo se contamine sempre existe. Nós, efetivamente, estamos trabalhando de maneira diferente. Estamos usando mais meios eletrônicos, videoconferências. Conseguimos nos adaptar à realidade com muita desenvoltura. Sem dúvida tiramos muitos aprendizados dessa pandemia”.


O infectologista do Hospital Brasília, André Bon, acredita que já estamos vivendo o novo normal. “Algumas mudanças de hábito não vão voltar atrás. A lavagem frequente das mãos e a higienização com álcool, por exemplo, não devem mudar. Me pergunto se o uso de máscaras vai perdurar, mas certamente o reforço de higienização vai persistir, inclusive relacionado aos alimentos e aos produtos que chegam dentro de casa. Em relação aos cuidados de saúde, talvez seja importante fazer um reforço das medidas que estão sendo tomadas agora. Para quem adotou o novo normal, eu não recomendaria que as pessoas voltem a frequentar bares e restaurantes. Continua a recomendação de distanciamento social, que as pessoas se mantenham ainda dentro de casa. Mas, para o futuro, eu diria que a etiqueta respiratória (na hora de tossir e espirrar, usar a face interna do cotovelo) e as medidas de higienização continuarão a ser muito importantes quando estivermos em espaços coletivos. Talvez sejam as medidas mais importantes daqui pra frente nestas situações.”


Henrique Alencar é empresário (tem uma loja na W3 Sul e outras lojas alugadas) e diretor da CDL-DF. Ele não acredita que estamos vivendo o novo normal. “Todo dia, é um cenário diferente. As pessoas ainda estão com medo, o crescimento da Covid ainda assusta. No meu ramo, de material de construção, a pandemia tem sido favorável. As pessoas estão em casa, aproveitam para fazer pequenas reformas. Mas eu sei que não está assim em todos os setores. Para as lavanderias ou para salões de beleza, por exemplo, está em baixa.  Enquanto isso, as lojas de bicicleta, por exemplo, estão bombando. Todo mundo que não está podendo ir à academia, está aproveitando para pedalar. Não é possível ainda falar em retomada da economia, ainda tem mudança para acontecer, tem decreto novo todo dia. Estamos funcionando em horário reduzido, tentando evitar aglomerações nos transportes urbanos. Ainda é cedo para falar em novo normal. Os nossos negócios exigem presença física. O consumidor não está comprando por impulso. Ele sai de casa com uma meta e compra só aquele produto. Alguns produtos que são vendidos por impulso estão relacionados à pandemia: álcool gel, tapete sanitizante, produtos de higiene. Mas, para alguns setores, a retomada ainda vai demorar muito”.

 

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Precisamos falar sobre o significado do “Novo Normal” na educação

Não há dúvidas de que a pandemia da Covid-19 e a necessidade de isolamento tem um impacto nos indivíduos, instituições e na sociedade que ainda é muito difícil de mensurar. Assim, nasceu um termo tão vago quanto nossa capacidade de prever o futuro, o famigerado  “Novo Normal”. 

 

Mas, no caso específico da educação básica, o que esse termo pode significar? O que há de novo? Quais são essas novidades em curso? 

 

Antes de mais nada, é preciso lembrar que a discussão sobre a escola ideal ou a educação mais adequada é uma reflexão quase tão antiga quanto a filosofia, presente desde a Academia de Platão ou o Liceu de Aristóteles. E, possivelmente, essa será uma discussão eterna. Mas, no fim das contas, não é melhor que seja assim?

 

O papel da escola está sempre mudando

 

A escola deve ser, antes de mais nada, um organismo vivo capaz de acompanhar as mudanças dos indivíduos e da sociedade. Os humanos e as noções de civilização mudam em uma velocidade cada vez maior. Então, se existe um papel a ser cumprido pela escola neste sentido, é a função de fomentadora permanente de ideias e debates sobre qual o seu papel enquanto instituição de ensino

 

Cada instituição deve estar comprometida com a capacitação permanente de seus educadores e colaboradores. Cada escola deve, enfim, ser capaz de se ressignificar inúmeras vezes ao longo do tempo, a partir dos novos desafios da humanidade

 

Até poucas décadas atrás, por exemplo, as instituições de ensino faziam parte de um seleto grupo que detinha o monopólio do saber. Então, parecia fazer sentido que todo o processo educacional fosse baseado na esfera do conteúdo. A escola tinha, portanto, um papel de transmissora daquelas ideias que eram consideradas essenciais para serem compartilhadas pelos indivíduos. 

 

Por uma escola que forma cidadãos críticos e éticos

 

Hoje, as pessoas podem ter acesso às principais obras, ideias e descobertas realizadas pela humanidade deslizando o dedo algumas vezes pela tela do smartphone. Mas, obviamente, isso não esvazia o papel da escola, mas ressignifica, já que essa mesma democratização da informação gerou outros problemas, como a propagação de informações falsas. Portanto, neste momento, a escola deve se dedicar também a criar cidadãos éticos e críticos, capazes de lidar com todo o excesso de informações e de ruído que a tecnologia proporciona.

 

Por uma escola que forme pessoas emocionalmente resilientes e inteligentes

 

Um outro dado da realidade que deve pautar o trabalho das instituições de ensino básico é a crise na saúde mental. Crise essa que não começou na pandemia e no isolamento, mas também se agravou. Aliás, muitas vezes, a própria cultura conteudista e resultadista das escolas contribui para disseminação de casos de crianças e adolescentes com distúrbios de ansiedade e depressão, vide a pressão que é colocada nestes jovens e pelos ideais de sucesso que são propagados.


Agora, mais do que nunca, é indispensável que a esfera socioemocional dos estudantes tenha atenção redobrada das escolas. Mas, vale lembrar que, muito antes da pandemia e do isolamento social, esta discussão já estava posta.

 

Que o “Novo Normal” não seja mais um termo vazio

 

Diante de todas essas discussões e da necessidade flagrante das escolas se reinventarem, e se colocarem em uma postura de constante ressignificação, percebemos que não há nada de tão novo no “Novo Normal”. A verdade é que, as escolas que já vinham desenvolvendo seus estudantes com o intuito de torná-los cidadãos emocionalmente resilientes, críticos e éticos, tendem a lidar com essa crise de maneira mais tranquila. 

 

Por outro lado, se este “Novo Normal” for capaz de acelerar as mudanças de paradigmas das instituições de ensino, fazendo com que valorizem, cada vez mais, toda a complexidade das dimensões humanas de seus estudantes, ótimo. Que assim seja!

 



Colégio Piaget


O tipo de máscara revela o perfil do consumidor brasileiro?

Em um mundo anterior à pandemia, quando o cliente entrava em um estabelecimento comercial, atendentes mais atentos e experientes seriam capazes de fazer uma leitura rápida do perfil desse consumidor. De objetivos a indecisos, passando pelos que estão sempre em busca de produtos singulares, essa identificação do comportamental sempre foi essencial para proporcionar uma experiência de compra alinhada à expectativa de cada comprador. Em um cenário no qual as máscaras que protegem também escondem intenções e desejos de consumo, como lidar com essa nova realidade? O sorriso – parte do atendimento acolhedor tão valorizado pelo brasileiro – está comprometido, mas será que o relacionamento de compra e venda ainda pode ser salvo? Acredito que sim.

Há mais de três décadas atuo com pesquisas conduzidas por clientes ocultos. Com eles, aprendi que a expectativa de compra, sempre está condicionada à personalidade do consumidor. Ou seja, a forma de comprar é uma extensão da personalidade do comprador. Hoje, não conseguimos sequer nos nortear pelo estilo de roupa, já que estamos todos de moletom! Nessa perspectiva e diante da impossibilidade de ler a expressão do cliente e identificar o perfil de consumo dele, penso que temos uma outra forma de leitura. A máscara, que se tornou o símbolo da pandemia e que se correlaciona com os sentimentos que temos nesse momento. Tenho visto que a escolha da máscara facial que nos protege da covid-19 aponta a “identidade secreta” desse consumidor. Nesse exercício de revelar e classificar o humano por trás da máscara, tracei cinco tipos de clientes que mostram o aspiracional de personalidade.

 

Perfil #1 | Muito preocupado

Esse consumidor estará usando uma máscara de tecido branca ou de cor clara; por cima dessa, uma segunda proteção acrílica transparente ou a máscara profissional N95. A leitura que temos é de uma grande preocupação em se contaminar ou contaminar alguém. Essa pessoa tanto pode ser um trabalhador da área da saúde, como uma pessoa que está muito assustada com a possibilidade de contrair o vírus. Sair de casa para fazer uma compra é um exercício complexo para esse consumidor, portanto, cada minuto é precioso no atendimento.

Dica. O atendente tem que ser bastante objetivo; optar por um cumprimento simples (bom dia, boa tarde, olá); e ir direto ao ponto. Não procure fazer vendas casadas distantes do produto que esse cliente pediu ou iniciar conversas sobre a pandemia. A expectativa desse cliente é sair do estabelecimento o mais rápido possível para não se expor tempo demais a um vírus mortal – e a boa experiência de compra dele depende dessa capacidade da equipe da loja.

 

Perfil #2 | Engajado

Esse consumidor opta por uma máscara associada a alguma campanha ou mobilização. Produzida por alguma comunidade específica; comprada para auxiliar alguma causa socioambiental, a máscara representa a sua adesão a algo maior; à resistência humana a um vírus. Claro que esse consumidor está atento e engajado em cumprir todas as normas de segurança, mas ele está preocupado em auxiliar a retomada da economia. Voltar a comprar de maneira presencial é a forma de mostrar esse compromisso com a vida, a economia e a humanidade.

Dica. O atendente deve passar otimismo na voz, já na hora do cumprimento. É importante mostrar que a loja está atenta a todas as normas sanitárias e pronta para oferecer a maior segurança possível para que a experiência de compra seja segura. Se a loja tiver algum produto ou campanha social é muito importante que o vendedor fale sobre a iniciativa, de maneira rápida e assertiva. Esse cliente está aberto para uma venda adicional, desde que faça sentido – que seja mais do que a aquisição de um produto, mas que seja um item que dialogue com o momento.

 

 Perfil #3 | Desencanado

Esse consumidor opta pelas máscaras de tecido com temas fofos ou divertidos ou neutros (bege, branca). Ele está informado sobre o risco e – por uma demanda social e por acreditar na lógica por trás da orientação de uso –, está usando a máscara. O que isso significa? Esse consumidor não quer que uma máscara defina um estado de espírito abalado e amedrontado. Ele quer dizer ao mundo que está tranquilo; consciente e à altura do desafio que enfrentamos. Está muito interessado em retomar, na medida do possível, uma rotina anterior à pandemia; acredita na transitoriedade da situação. As compras não terão tanta ligação com os itens mais comprados na fase de distanciamento social; ele está propenso a comprar itens de moda, por exemplo. Vai reagir bem à oferta de um item adicional – que não tenha necessariamente nada a ver com a compra principal – e topa uma conversa descontraída enquanto compra.

Dica. Não direcione o assunto para o medo da covid-19 ou questionamentos sobre a vacina. Fale sobre o produto, pergunte sobre cores e modelos. O vendedor tem que estar sensível ao estado de espírito do desencanado. Para ele, sair de casa e comprar é retomar a vida que tinha. É essa experiência que ele espera ter.

 

Perfil #4 | Poderosa

Essa consumidora – sim, elas são a maioria desse perfil – opta por olhos bem marcados; milimetricamente maquiados e ressaltados com sombras e esfumaçado. Estará com uma máscara de grife, ostentando uma marca e mostrando sedução no olhar e no gestual. Embora sejam facilmente encontradas em lojas de luxo, esse perfil não está atrelado à classe social, mas ao comportamento resistente e sedutor. Aceitam que têm que usar a máscara para a dupla proteção – proteger a si e aos outros –, mas adota essa prática de maneira fashion e personalizada. Ou seja, não quer que a máscara esconda a sua forma de enfrentar a vida.

Dica. Elogie a máscara ou o olhar – claro, se for genuíno – antes de qualquer coisa. A proposta é mostrar que você percebe a pessoa que está por trás da máscara; que esse consumidor conseguiu expressar a sua individualidade em cada detalhe. Não tenha pressa, nem force um atendimento descuidado, rápido. Dê a esse consumidor o tempo que ele precisa, porque essa pessoa está profundamente interessada em ter uma experiência de compra – não apenas comprar um item.

 

 

Perfil #5 | Negacionista

Esse consumidor estará com a máscara no queixo ou pendurada no bolso. Quer dizer ao mundo que não é vulnerável e que não está com medo do vírus. Então, o lojista ou gerente – preferencialmente, aliás – tem que ser muito firme e solicitar a colocação da máscara. É bem possível que esse cliente se negue. Então, é a sua vez de entender que nem todas as vendas podem ser feitas. Mas, que todas as vidas devem ser preservadas.

Dica: Peça, delicadamente, que esse possível cliente saia da loja.

Uma última dica que dou aos vendedores e gerentes é que pensem no espaço da loja como um ambiente que precisa passar segurança e harmonia. Então, não basta adotar as diretrizes sanitárias previstas por lei, precisamos mostrá-las. Faça com que essas normas e equipamentos sejam visíveis; que haja organização e beleza no ambiente. Flores e pequenas delicadezas que tornem a loja acolhedora. Uma excelente experiência de compra, hoje, depende de pequenos detalhes que fazem grandes diferenças. 

 

 

 

Stella Kochen Susskind - Pioneira na América Latina na metodologia de pesquisa mystery shopping(cliente secreto), Stella é considerada uma das mais importantes experts da temática no mundo. Autora do livro Cliente Secreto, a metodologia que revolucionou o atendimento ao consumidor (Primavera Editorial), a especialista é palestrante internacional, tendo ministrado palestras em Barcelona, Estocolmo, Amsterdã, Londres, Atenas, San Diego, Chicago, Las Vegas, Malta, Belgrado, Algarve, Split e Buenos Aires. Empreendedora desde a década de 1980, fundou em 2019 a SKS CX Customer Experience Consultancy; a consultoria é focada em experiência e satisfação do consumidor, parceria da Checker Software – uma startup israelense de tecnologia da informação que integra metodologias de pesquisa em tempo real. A empresa – premiada em 2020 com o MSPA Elite Member, que a coloca entre as 12 melhores do mundo no segmento – representa uma revolução nas pesquisas de satisfação e experiência do consumidor brasileiro. https://skscx.com.br

 

 

SKS CX Customer

https://skscx.com.br


74% dos homens desejam participar mais ativamente das tarefas de cuidado com os filhos, revela pesquisa

 Levantamento do IBOPE, encomendado por Bepantol Baby, mostra que pais participam pouco das atividades de cuidado com as crianças, mas têm consciência do cenário e querem contribuir mais


No Brasil, metade dos homens participam ativamente de atividades relacionadas ao cuidado com os filhos e a maioria deseja fazer mais pelos pequenos, se responsabilizando por mais tarefas. É o que revela uma pesquisa nacional encomendada pela marca de antiassaduras Bepantol Baby e realizada pelo IBOPE, para retratar a participação dos pais nas tarefas diárias de cuidado com os bebês e estimular o envolvimento dos homens nessas rotinas, a fim de fortalecer o vínculo com seus filhos promovendo o bem estar de toda a família.

O levantamento avaliou as percepções de mães e pais de crianças de até cinco anos sobre si mesmos e sobre seus respectivos parceiros em relação à participação nessas atividades. Os resultados revelam algumas diferenças entre a autoavaliação dos homens e a visão das mulheres, que executam as tarefas em maior quantidade e frequência.

Segundo a pesquisa, metade das mulheres entrevistadas (50%) afirmaram ter a colaboração do pai nos cuidados com os filhos, 39% contam com a ajuda de sua rede de apoio (familiares ou babás) e há ainda 22% delas que afirmam cuidar de seus filhos completamente sozinhas.

Já para os homens, 96% consideram que tem papel ativo nos cuidados com seus filhos e 74% acreditam que poderiam se responsabilizar ainda mais pelas tarefas.

Entre as principais atividades que estão, predominantemente, sob responsabilidade exclusiva do pai, estão: brincar (76%) e realizar atividades de lazer como ir a parques ou cinema (55%). No caso das mães, as principais atividades que estão, na maioria das vezes, sob sua responsabilidade exclusiva, são: acompanhar e agendar consultas médicas (88%), alimentar e preparar refeições (84%), colocar para dormir (83%), dar banho (82%), atender aos choros e acordar durante a madrugada (82%), escovar os dentes (75%), entre outras. A pesquisa mostra que, mesmo com os avanços nas discussões sobre parentalidade, ainda há um caminho a ser percorrido em relação ao que mães e pais realizam na rotina de cuidados com seus filhos.

"A paternidade ativa é uma temática extremamente relevante para nós, pois sabemos como a participação dos homens pode ser transformadora no contexto familiar, contribuindo para a formação emocional da criança, comenta Cristina Hegg, gerente de categoria na Bayer Consumer Health, que completa: "Por isso procuramos nos aproximar desses pais, incluindo-os de maneira natural nas rotinas de cuidados com os bebês e, como consequência, tornando os pais mais ativos, contribuindo assim com a construção de vínculos únicos com seus filhos".

Quando o assunto são os 3 primeiros meses de vida do bebê, período de maior adaptação das famílias, os dados são ainda mais expressivos: 90% das entrevistadas disseram que elas mesmas trocavam a fralda do bebê durante a madrugada e 73% das mulheres afirmarem ter sido as maiores responsáveis pelos cuidados com o bebê. No caso dos homens, 58% afirmaram que dividiram a tarefa igualmente com as mães ao longo do período.

A pesquisa também apontou que, 96% dos entrevistados (tanto homens, quanto mulheres) declararam que concordam que a responsabilidade da mãe e do pai deve ser igual. Os homens que acreditam que os cuidados com os bebês é uma responsabilidade exclusiva das mulheres são apenas 16% da amostra. O estudo mostrou ainda que 75% dos pais e 70% das mães acreditam que as mulheres nascem com instinto apurado para cuidar de crianças.


Impactos da pandemia no cuidado com os filhos

A pandemia da Covid-19 no Brasil afetou muito a rotina das famílias. Também de acordo com os dados da pesquisa, 69% das mulheres e 60% dos homens sentem o aumento de suas próprias responsabilidades com os filhos durante a pandemia. Além disso, 59% dos homens e 48% das mulheres também relataram ter sentido esse aumento em relação às responsabilidades de seus parceiros junto às crianças. Pais e mães estão tendo que encontrar uma forma de se apoiar e dividir as tarefas durante o período de isolamento social.

 



Bepantol® Baby

Bayer

http://www.bayer.com.br


5 estratégias para manter uma rotina eficaz de educação à distância para as crianças

Depois de quatro meses de pandemia e sem expectativa sobre a volta às aulas, muitas crianças continuam não conseguindo se adaptar à rotina dos estudos em casa. E o que antes parecia ser passageiro, tem se mostrado uma realidade que vai perdurar durante algum tempo, pelo menos até 2021.

O ensino à distância (EAD) ainda precisa de muitas adequações. Afinal, todos - professores, alunos e responsáveis - foram inseridos nesse novo método de aprendizado do dia para a noite, literalmente. “Não houve um período de adaptação ou testes para definir o melhor modelo para essas aulas online. O resultado é que muitos pais não conseguiram acompanhar com os filhos as aulas, outros têm achado o conteúdo fraco e há, ainda, os que resolveram abandonar de vez e deixar os filhos repetirem de ano para que voltem a ter aulas apenas no final do decreto da pandemia”, explica a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto.

Ela diz, ainda, que essa insegurança com o futuro do ensino tem gerado grande angústia nas famílias não apenas pela falta de resposta sobre voltar ou não a ter aulas, mas, principalmente, sobre as “cicatrizes” que essa falta de informações concretas podem gerar. “As crianças estão fragilizadas, com baixa concentração e sem motivação para as aulas porque tudo é muito incerto. Elas foram retiradas da sua rotina normal e não têm previsão para a retomada”, diz.

A seguir, Bárbara Calmeto ensina cinco estratégias para ajudar a manter uma rotina eficaz enquanto as crianças continuam com aulas à distância:

 

1.       Estabeleça um horário de estudo possível: no início da pandemia, muitos pais estipularam um horário para os filhos estudarem, como se fosse uma continuação do que acontecia na escola. E depois desses quatro meses, percebeu-se que o fato de estar em casa, cercados pelos pais e irmãos etc, não ajudaria na missão de muitas horas de estudos. Portanto, manter uma certa rotina é muito importante para que a criança se organize no tempo, mas para alguns talvez seja interessante dividir essas horas pela manhã e pela tarde, para que mantenham realmente a concentração. Observe o horário que seu filho está mais atento, ainda que sejam blocos de horários durante o dia. O importante é não perder totalmente a rotina de estudo para que o prejuízo na aprendizagem não seja tão grande.

 

2- Deixe seu filho participar da escolha do local para estudar: Muitas vezes imaginamos que um lugar será melhor para se concentrar, quando nossos filhos preferem outro. Se tiver um escritório e ele gostar do local, ótimo. Se não tiver, deixe ele escolher. Se os pais estiverem trabalhando em casa e a criança preferir ficar por perto, não a obrigue a ter um espaço só dele. Lembre-se que eles também estão perdidos com a falta da rotina escolar. Se antes havia a carteira certa para cada um sentar, agora não há mais isso e pode gerar confusão na cabecinha deles.

 

3- Mexa um pouco na rotina: Assim como na escola acontecem algumas atividades diferentes no horário das aulas, faça isso em casa. Se seu filho estuda das 9h às 12h, por exemplo, que tal em um dia parar esse estudo no meio e chama-lo para assistir a um programa que ele goste, que seja de alguma forma ligado ao que está aprendendo, como um documentário sobre algo que chame sua atenção? Será como uma excursão ou um break nas tarefas. Obviamente que isso não deve ser feito todos os dias, mas essas “pequenas surpresas” podem animar a criança a manter o foco quando voltar a atividade à distância.

 

4- Experiências práticas: Nas escolas, é muito normal os professores fazerem experiências em salas de aulas para mostrar um conteúdo que estão ensinando. No ensino à distância, ainda que façam isso, a interação fica diferente, pois tudo continua sendo por uma tela. Que tal, então, fazer em casa algumas dessas atividades? Peça orientações aos professores para que ajudem. Se a aula está ensinando sobre plantações, faça na prática em um vaso. Se é sobre geografia, que tal montar uma maquete para aprender in loco. Diferentemente da dica anterior, que sugere um break, mas que seja diretamente ligado à algo que estejam aprendendo ou tenham interesse, aqui a dica é também estudar e aprender, mas colocando a mão na massa.

 

5- Tenha recreio: um dos momentos que os alunos mais gostam é a hora do recreio. Então, faça isso em casa também. Se seu filho tem um grupo de amigos, sugira um bate papo online sobre qualquer assunto. Se o play do prédio estiver vazio, vale descer com ele para brincar por 20 minutos. Se morar em casa, tome um sol, dê um lanchinho leve. O importante é dar esse intervalo.

 

“Não é o momento somente de conteúdo escolar, mas também de trabalhar a afetividade das crianças. Sempre que possível, converse sobre o que ele está sentindo, o que está pensando disso tudo, deixe-o falar sem cobranças e seja empático. Afinal, não está sendo fácil para ninguém”, conclui a psicóloga Bárbara Calmeto.


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