Especialista destaca que setor tem um funcionamento peculiar e demanda uma liderança humanizada, pragmática e objetiva
Apesar do papel da
liderança em geral já trazer diversas responsabilidades, o líder do mercado
financeiro demanda muito mais rapidez, agilidade e pressão. De acordo com
Gabriel Santos, sócio da EXEC, consultoria especializada em Executive Search, a
sua dinâmica peculiar demanda um perfil de líderes com características
particulares.
“O mercado precisa
de profissionais que tomem decisões rápidas em relação a qualquer assunto, seja
no que diz respeito à expansão, investimentos e até mesmo sobre demissões. As
empresas do setor, assim como o próprio mercado vivem a base de expectativas,
tendo sempre que estarem preparadas para o pior, o que demanda uma liderança
forte”.
Santos reforça que
a diferença entre uma liderança forte e uma liderança fraca está na maneira
como transmite a mensagem para seus liderados, como a contextualiza, além de,
neste momento, o líder tem que estar muito próximo a sua equipe. E uma das
características fundamentais que diferencia ambos os líderes é a humanização.
“Independentemente da decisão, um líder forte precisa ser bastante humano, além
de muito pragmático e objetivo. Por outro lado, é um grande desafio conciliar
tudo isso em um tempo conturbado. Além disso, conjugar a sensibilidade e
empatia com o dinamismo e tomada de decisão”.
Despreparo da
liderança: estragos na empresa
Uma liderança
despreparada tem um forte impacto no time de uma empresa do setor financeiro,
principalmente porque é um mercado intenso que tem um dia diferente do outro.
Um processo de
lay-off mal feito gera uma onda de insegurança nos bons profissionais que têm
talento, são bem avaliados e comprometidos. “Eles começam a questionar se estão
no lugar certo, se vale a pena ficarem onde estão e acabam olhando para fora,
em busca de mais valorização”, enfatiza o sócio da EXEC.
Saber lidar com
esses momentos demanda algumas posturas dos líderes, que também têm receios e
são seres humanos. “Eles precisam separar o CPF do CNPJ e é difícil direcionar
isso da melhor forma. Aí entra também a questão da adaptabilidade, que se torna
bastante relevante. Tem pessoas que vão ser mais frias no momento da saída de
alguém, outras mais calorosas. Cabe ao líder saber ler essa pessoa e se ajustar
ao seu perfil para conseguir concluir o processo de demissão da melhor forma possível,
inclusive ajudando na sua recolocação”, reforça Santos.
Falta de
investimentos por parte das empresas
Um dos grandes
gaps do mercado financeiro no que diz respeito à formação de lideranças fortes
é a falta de investimento em capacitação. “Nesse setor, o profissional é muito
bom tecnicamente e cresceu na carreira por conta disso. Mas, de forma geral, há
pouco investimento e atenção para a importância de investir em treinamentos de
liderança e preparar melhor os líderes”.
De acordo com
Gabriel, há uma cultura de que o líder do mercado financeiro é bom quando ele
“é jogado na fogueira e sai ileso”. “Isso é muito cruel, pois as empresas
acabam indo para um caminho de tentativa e erro, e não de preparação”, analisa.
Dicas para
manter a motivação do time
Gabriel elencou
algumas dicas importantes para os líderes do mercado financeiro manterem suas
equipes motivadas quando a empresa navega em meio a tempestades.
- Lembre
seu time que o mercado financeiro é cíclico. Na
visão do sócio da EXEC, esse é o primeiro ponto que deve ser levado em
conta, principalmente porque o brasileiro tende a ser mais imediatista.
“Historicamente, o mercado financeiro tende a ser mais positivo do que
negativo. Por isso, é importante ajudar o time a pensar no longo prazo, assim
como um investidor que investe em ações. Se ele quiser vender os papéis
logo na primeira queda, vai perder dinheiro. O mesmo acontece com o
colaborador. Ele perde as chances de ser bem-sucedido lá na frente”.
- Esteja
muito próximo da sua equipe. Em momentos difíceis, o
líder precisa ser mais “hands-on” nas operações que tem que fazer e
desempenhar, de fato, essa função. “Dedicar 30% das atividades dele para
as suas entregas e os 70% restantes para a gestão, investindo em escutar
os colaboradores, dar feedbacks, entender o que está acontecendo e ver o
que pode ser melhorado”, diz Gabriel.
- Mantenha
a sinceridade. O sócio da EXEC afirma que a sinceridade ajuda
as pessoas a se envolverem com o líder e a empresa. “O líder deve pensar
no negócio como um todo, ser correto com as pessoas, sem omitir ou mentir
para seus colaboradores. Dessa forma, você ajuda o time a se desenvolver.
Isso é fundamental para que o líder crie robustez para passar as mensagens
de forma correta”.
- Faça
os ajustes necessários para tornar o time mais eficiente. Neste
caso, Santos ressalta que isso não envolve necessariamente fazer
demissões, mas sim em termos de funções e tarefas.
Busque maneiras mais sistêmicas de obter eficiência profissional. De acordo com Gabriel, isso será fundamental para obter melhores resultados e manter o time motivado.
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