De acordo com uma pesquisa da Quaest, 77% dos eleitores de São Paulo desconhecem quem é o companheiro de chapa de seu candidato à Prefeitura
Segundo pesquisa de intenção de
votos da Quaest divulgada na última segunda-feira (30/9), são 77% os eleitores
de São Paulo que desconhecem quem é o companheiro de chapa de seu candidato à
Prefeitura.
Entre as seis candidaturas mais
bem colocadas nos levantamentos de intenção de voto, os perfis dos vices são
diferentes entre si. Enquanto Marta Suplicy (PT) e José Aníbal (PSDB), vices de
Guilherme Boulos (PSOL) e de José Luiz Datena (PSDB), respectivamente, possuem
uma ampla carreira política pregressa ao pleito, os companheiros de chapa dos
demais candidatos nunca exerceram cargos eletivos.
O principal ponto em comum
entre as escolhas para os candidatos a vice é a preocupação com segurança
pública. Das seis principais campanhas, três contam com representantes de
corporações policiais: Ricardo Mello (PL), vice na chapa de Ricardo Nunes
(MDB); Antônia de Jesus (PRTB), vice de Pablo Marçal (PRTB), e Priell Neto
(Novo), vice de Marina Helena (Novo).
Ricardo
Mello (PL), vice de Ricardo Nunes (MDB)
O vice de Ricardo Nunes é o
coronel Ricardo de Mello Araújo, do PL. Mello foi uma indicação de Jair
Bolsonaro (PL) para a composição da chapa do prefeito paulistano. Ele é
ex-comandante da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), braço da Polícia
Militar paulista especializado no combate ao crime organizado.
Em 2020, durante o governo
Bolsonaro, Mello foi nomeado pelo então presidente para a direção da Ceagesp
(Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), entreposto de
alimentos localizado na capital paulista, mas administrado pelo governo
federal.
Marta
Suplicy (PT), vice de Guilherme Boulos (PSOL)
A vice de Guilherme Boulos é a
ex-prefeita, ex-ministra de Estado e ex-senadora Marta Suplicy (PT). Segundo
levantamento da Quaest, a cada três eleitores do candidato do PSOL, dois sabem
quem é a companheira de chapa do deputado federal. Trata-se do maior índice do
conhecimento do vice entre os candidatos a prefeito mais bem colocados nas
pesquisas de intenção de voto.
Ela é formada em Psicologia e,
na década de 1980, foi apresentadora de um quadro sobre educação sexual no
programa TV Mulher, da Rede Globo. Foi casada com o deputado
estadual Eduardo Suplicy (PT), ex-senador, de 1964 a 2001. Em 1994, foi eleita
deputada federal. Na eleição geral seguinte, em 1998, foi candidata ao governo
paulista, terminando em terceiro lugar.
A boa votação na disputa pelo
Bandeirantes cacifou Marta para uma campanha pela Prefeitura paulistana, em
2000. Venceu o pleito em segundo turno contra Paulo Maluf (PPB) e foi prefeita
da capital paulista entre 2001 e 2004, quando tentou a recondução e perdeu a
disputa para José Serra (PSDB).
Também foi ministra de Estado,
tendo ocupado a pasta de Turismo de 2007 a 2008 e a de Educação entre 2012 e
2014. Marta se desfiliou do PT em 2015 e, fora da sigla em que passou 34 anos,
votou pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Além disso, na eleição de
São Paulo em 2020, apoiou Bruno Covas (PSDB) e fez campanha contra Boulos, que
antagonizou na ocasião o segundo turno contra o tucano. Marta fez parte do
secretariado de Covas e, com a morte do prefeito, em maio de 2021, seguiu na
gestão paulistana sob o comando de Ricardo Nunes.
A ex-prefeita retornou ao PT no
início do ano, em um acordo mediado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva
para que ela compusesse a chapa de Boulos. À época, Boulos já era tido como um
dos principais adversários nas urnas de Nunes na disputa pela Prefeitura de São
Paulo.
Antônia de
Jesus (PRTB), vice de Pablo Marçal (PRTB)
Antônia de Jesus (PRTB), cabo
da Polícia Militar, é a vice de Pablo Marçal. Ela tem 45 anos, é natural de
Ubatã, na Bahia, e se mudou para São Paulo em 1996. Antônia reside em Pirituba,
zona norte da cidade, há 22 anos. Ela foi anunciada como vice do ex-coach com
um "chá revelação" durante a convenção partidária do PRTB, em 4 de
agosto.
A cabo é mãe de dois filhos e
teve um momento de destaque na carreira policial em 2017, quando atendeu a uma
ocorrência em que um bebê de dois meses de idade estava prestes a ser jogado
pela mãe dele em um córrego.
Lúcia
França (PSB), vice de Tabata Amaral (PSB)
A professora Lúcia França
(PSB), de 62 anos, é a vice de Tabata Amaral. Ela é esposa do ministro do
Empreendedorismo, Márcio França. Foi a primeira-dama de São Paulo entre abril e
dezembro de 2018, período em que França governou o Estado.
Em 2022, quando o ministro da
Fazenda, Fernando Haddad, se candidatou ao Palácio dos Bandeirantes, Lúcia era
a companheira de chapa do petista. A dupla foi derrotada no segundo turno por
Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Como profissional, Lúcia é
professora, ativista pela educação e diretora de um colégio particular em Praia
Grande, no litoral paulista. Além de Lúcia, Lu Alckmin, esposa do
vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), era cotada para ser vice de Tabata.
Antes, especulava-se que o posto podia ser ocupado José Luiz Datena, hoje
candidato a prefeito pelo PSDB.
A possibilidade de uma chapa
"Tabatena" era admitida tanto pela deputada federal quanto pelo
jornalista, que se filiou ao PSB em dezembro de 2023. Datena deixou o partido
rumo ao PSDB em abril de 2024, mantendo a possibilidade de compor a chapa de
Tabata em uma coligação entre pessebistas e tucanos.
Contudo, em junho, o PSDB
anunciou sua pré-candidatura à Prefeitura, minando as possibilidades do acordo.
Sobre o episódio, Tabata já afirmou que, no Congresso Nacional, aprendeu que
"traições são comuns". "As pessoas dão a palavra e a palavra é
jogada ao vento", disse a candidata do PSB em sabatina ao podcast O
Assunto.
José
Aníbal (PSDB), vice de Datena (PSDB)
O ex-senador e ex-deputado
federal José Aníbal, quadro histórico do PSDB, é o vice de José Luiz Datena.
Nas passagens pela Câmara, assumiu a liderança da bancada tucana em quatro
ocasiões. Além disso, assumiu secretarias estaduais nos governos de Mário Covas
e Geraldo Alckmin. Durante o primeiro semestre deste ano, o PSDB se fragmentou
entre defensores do apoio a Nunes ou a Tabata ou ainda ao lançamento de uma
candidatura própria do partido ao Executivo paulistano.
A briga interna levou à
debandada de toda a bancada de vereadores do partido, além da desfiliação de
adeptos de Tabata rumo à campanha da candidata do PSB. Aníbal é presidente do
diretório paulistano do PSDB e, durante o imbróglio sobre os rumos do partido
na eleição municipal, foi o principal fiador da candidatura de Datena à
Prefeitura.
Priell
Neto (Novo), vice de Marina Helena (Novo)
O vice de Marina Helena é
Reynaldo Priell Neto (Novo), coronel da Polícia Militar. Priell Neto é bacharel
em Direito e doutor em Ciências Policiais. De 2015 a 2017, comandou a
Assessoria Policial Militar da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo
(Alesp).
Durante a gestão de Bruno
Covas, exerceu os cargos de chefe de gabinete e secretário-adjunto na pasta
municipal de Segurança Pública. No primeiro semestre deste ano, um dos nomes
cotados para compor a chapa de Marina Helena era o da ex-deputada estadual
Janaina Paschoal, que elogiou publicamente a pré-candidata do Novo. Segundo
Janaina, a aliança, de fato, esteve em pauta, mas não foi adiante.
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