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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Férias escolares: acidentes envolvendo os olhos aumentam no período



Especialista reforça importância dos pais na prevenção de acidentes e ensina o que fazer em casos graves 


Todos os anos, cerca de 250 mil crianças com menos de 15 anos sofrem algum tipo de acidente envolvendo os olhos – principalmente durante o período de férias escolares e feriados prolongados. De acordo com a Academia Americana de Oftalmologia, 41% dessas ocorrências acontecem entre 10 e 14 anos – como resultado de brincadeiras com armas de brinquedo, flechas, bastões e bolas. “Qualquer coisa que puder atingir os olhos, certamente vai atingir os olhos. Não dá para obrigarmos as crianças a usar capacetes de motociclista o tempo todo”, diz David Hunter, médico oftalmologista e porta-voz da instituição.

O médico comenta que até mesmo uma aparentemente simples brincadeira de “guerra de toalhas” pode resultar numa catástrofe se uma das pontas atingir a córnea. Acidentes envolvendo espadas, tacos e bastões também ocorrem bastante. Apesar de graves, esses exemplos nem são os mais comuns quando comparados aos acidentes com produtos de limpeza – que queimam, ardem, agridem, irritam e cortam os olhos das crianças. Hunter diz que nas salas de emergência ocular é muito comum encontrar como causa do acidente lençóis, garrafas, cintos, livros, vassouras, pauzinhos, luzes de árvore de Natal, lápis, chaves, clipes, grampeadores, zíperes etc.

De acordo com Renato Neves, cirurgião-oftalmologista e presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, é preciso que os pais estejam mais bem informados sobre os riscos escondidos dentro de casa e imponham limites de acordo com a faixa etária da criança. “O bom senso é o melhor dos professores. Ou seja, se acha que determinada brincadeira pode acabar mal, é porque pode mesmo. Os brinquedos de propulsão, como as armas de ar, de água ou até mesmo aquelas de jato de tinta, oferecem risco grande de dar errado. Abrasão da córnea, aumento da pressão ocular e até mesmo uma catarata traumática podem resultar desse tipo de acidente”, diz o médico.

O especialista afirma que a própria agressividade de crianças entre seis e dez anos de idade pode elevar a ocorrência de acidentes. Nestes casos, os pais devem procurar com urgência um serviço especializado, a fim de que os olhos da criança sejam examinados com mais detalhes e tratados sem perda de tempo – o que, em alguns casos, pode significar a preservação do sentido. “Enquanto o paciente é levado ao médico, é recomendável usar compressas geladas no local contundido, sem massagear ou esfregar. Já em caso de perfurações, o ideal é colocar uma proteção ao redor dos olhos, como um copo plástico, sem fazer pressão no olho afetado”.

Neves alerta, também, que os olhos costumam ser muito afetados nos acidentes com aerossol, quando a criança está tentando utilizar ou brincar com desodorantes, perfumes, protetor solar, repelente, produtos de limpeza, tintas etc. “Quando a criança aponta o spray em sua própria direção, as irritações são as consequências mais frequentes, seguidas de queimaduras químicas, arranhões e ferimentos no globo ocular provocados por coceira. Os danos dependem do produto borrifado nos olhos. Por isso, dependendo da gravidade, é importante enxaguar bem os olhos da vítima e seguir sem demora até uma clínica oftalmológica, tomando o cuidado de levar a embalagem do produto para que o médico saiba exatamente que medida tomar”.






Fonte: Dr. Renato Neves - cirurgião oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos. Mais informações: www.eyecare.com.br




Verão acelera a degeneração da visão



Medicamentos aumentam a absorção da radiação UV e da luz azul pelos olhos. Conheça os alimentos que podem bloquear este efeito.


No verão nossos olhos correm mais risco de degeneração. Quando ficamos trancafiados nos escritórios ou em casa  a absorção da radiação UV (ultravioleta) emitida pelas lentes fluorescentes e pela luz azul dos LEDs, telas eletrônicas do celular, tablet, notebook e computador de mesa aumentam a formação de radicais libres  no globo ocular.

Já nas atividades externas são bombardeados pela radiação UV do sol que só fica abaixo de 6, índice inofensivo para nossa visão de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), nas primeiras horas do dia e no fim da tarde. Como se não bastasse, segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier  mais de 300 medicamentos aumentam a absorção destes comprimentos de luz pelos olhos. Estão nesta lista, desde analgésicos, anti-histamínicos, corticóides, até  remédios de uso contínuo para diabetes ou arritmia cardíaca.


Alterações na córnea

É a maior formação de radicais livres que explica porque em quem tem hábito de  tomar anti-histamínico para controlar alergia pode desenvolver a síndrome do olho seco,  explica. Em algumas pessoas o ressecamento da lágrima leva à ceratite, inflamação da córnea.   Em quem já tem ceratocone, a falta de lágrima pode agravar a doença que afina e deforma a córnea. Para evitar estas 
complicações a dica do médico é beber muita água durante o verão.


Glaucoma e Catarata

“É por isso também que o uso crônico de  corticóide oral ou na forma de colírio provoca danos no globo ocular que dificultam a circulação do humor aquoso e levam ao glaucoma, maior causa de cegueira definitiva no mundo”, afirma Queiroz Neto. A venda livre desta classe de medicamentos faz muitas pessoas acreditarem que o  colírio é uma aguinha inofensiva, comenta. Não é bem assim. O aumento da pressão interna do olho leva à morte de células do nervo óptico que são irrecuperáveis” adverte. Para piorar, a doença avança sem apresentar sintomas. Por isso é a principal causa de cegueira definitiva no mundo.

O oftalmologista diz que outra doença ocular desencadeada pelo bombardeio de radicais livres é a catarata, opacificação do cristalino, lente interna do olho. A doença, geralmente é decorrente do envelhecimento,  mas pode ser antecipada pela radiação UV,  luz azul e medicamentos. O primeiro sinal é a fotofobia que atrapalha a condução de veículos, principalmente a noite, destaca. O único tratamento é a cirurgia que substitui o cristalino opaco pelo implante de uma lente transparente no olho.Além do corticóide, outros medicamentos que podem antecipar a catarata são os diurético, antipsicóticos, antidepressivos, analgésicos e alguns antibióticos”, afirma


Degeneração macular

Queiroz Neto ressalta que no fundo do olho o verão pode causar a degeneração da mácula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes . Os tratamentos disponíveis ainda não conseguem regenerar completamente a visão;


Alimentação preventiva 

Para evitar estas doenças, além de óculos com filtro UV Queiroz Neto diz que a recomendação internacional é adotar uma alimentação rica em antioxidantes e outros nutrientes que aumentem a defesa metabólica dos olhos. Os principais alimentos que previna a degeneração dos olhos são:


- Folhas verde-escuro, milho, cenoura, nabo, peixes e chá de calêndula consumidos com semente de linhaça principal fonte de ômega 3, 6 E 9 para garantir a absorção dos três pigmentos encontrados em grande concentração na retina - luteína, zeaxantina e mesozeanxantina

- Cereais integrais, amêndoas, amendoim e avelã que funcionam como um bloqueador dos efeitos da luz solar por conterem vitamina E um potente antioxidante que evita a formação precoce de catarata e a degeneração macular. 

- Cenoura, abóbora, mamão e goiaba por serem ricos em vitamina A, nutriente essencial para a saúde ocular. O primeiro sinal de deficiência de vitamina A, segundo Queiroz Neto, é a cegueira noturna e o ressecamento dos olhos que causa turvamento da visão. A deficiência também pode causar danos na retina com comprometimento permanente da visão e conjuntivite recorrente devido à queda da imunidade. Para melhorar a absorção é recomendável incluir na alimentação fontes de zinco como: frutos do mar, carne, ovos, tofu e gérmen de trigo.

- Semente de linhaça, sardinha e salmão  que combatem o olho seco por conterem ômega 3, além de estarem associados a um risco reduzido de surgimento e progressão da catarata.

- Tomate, vinho tinto, frutas cítricas, mirtilo, amora por protegerem os olhos da catarata e degeneração macular pela ação antioxidante da vitamina C,além de serem ricos em flavonoides que garantem a boa circulação e saúde dos vasos oculares. 

Frutos do mar e castanha do Pará que contém selênio e podem reduzir o risco de degeneração macular quando combinados a alimentos ricos em vitamina E, A e C.






Por que as crianças precisam da fantasia



Quando fadas com suas varinhas mágicas, monstros e heróis invencíveis decidem invadir as escolas, eles provam que de fato têm superpoderes: ajudam na aprendizagem. O papel das histórias fantásticas na infância não se limita ao entretenimento. Elas trabalham a linguagem de forma mais eficaz que narrativas realísticas, aumentando a possibilidade de a criança fixar o novo vocabulário.

Pode parecer contraditório, mas justamente por conta da violação das expectativas, são também fundamentais para a compreensão das inúmeras possibilidades que a realidade apresenta.

Os efeitos do mundo do faz de conta sobre a cognição infantil vêm sendo investigados pela neurociência com resultados reveladores. No ano passado, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, constataram que as crianças assimilam melhor um vocabulário novo quando as palavras são introduzidas em meio a histórias fantásticas.

O estudo, liderado pela professora Deena Weisberg, do Instituto de Pesquisa em Ciências Cognitivas, avaliou dois programas educativos aplicados em 154 crianças em idade pré-escolar. Aquelas que tinham contato com os novos conceitos por meio de contos realísticos mostraram desempenho mais fraco na hora de explicar os significados dos vocábulos aprendidos.

Essa fascinação das crianças por acontecimentos extraordinários é evidente já nos primeiros meses de vida. Em 2015, pesquisadores da Universidade de John Hopkings, em Baltimore, testaram o efeito de eventos mágicos sobre a atenção e as brincadeiras de 110 bebês de 11 meses. Perceberam que tendem a olhar mais atentamente e por muito mais tempo para um objeto quando ele desafia as leis da física. A chance de ocorrer algo inesperado, que fere suas expectativas, naturalmente mantém as crianças mais atentas – o que explica, em parte, o sucesso das histórias fantásticas na aprendizagem.

Mas a experiência com bebês revelou que a ação da fantasia no imaginário infantil vai além do aspecto da atenção. Depois de assistirem a uma cena em que algo desaparece repentinamente ou flutua, os bebês tendem a investigar a realidade – deixando um objeto cair para testar a gravidade, por exemplo. Para Weisberg, pensar sobre possibilidades irrealistas pode também ajudar na criação de contrastes informativos que levam à compreensão das estruturas do mundo real.

A partir dessa perspectiva, as histórias ganham função fundamental na construção do senso de realidade – que pode começar com a certificação de que objetos não flutuam e bichos não falam e seguir por questionamentos bem mais sofisticados que necessitam de contrapontos para serem formados e esclarecidos.

Partindo da simples constatação da necessidade do contato com o absurdo para se reconhecer o real, podemos transferir para os heróis e vilões dos contos de fada uma nova responsabilidade: a de ensinar às crianças a administrar seus próprios medos.

Talvez isso explique a popularidade milenar das histórias universais carregadas de tragédias, bruxas malvadas e figuras assustadoras. Podem ter cumprido um importante papel no desenvolvimento das habilidades linguísticas das crianças, mas dificilmente tenha sido essa a intenção dos Andersen, irmãos Grimm e tantos outros que evitaram poupar seus leitores do contato com desgraças fantásticas.

A fascinação inata das crianças pelos horrores e aventuras que o mundo imaginário oferece pode nascer de uma necessidade de dar forma ao impossível para saber reconhecê-lo antes que ele se torne medo.

Ainda bem que a força das histórias populares é grande a ponto de sobreviver a uma época em que as crianças são protegidas de tudo: das brincadeiras que trazem um mínimo risco, dos objetos cortantes, das professoras bravas e de qualquer frustração e tristeza.

Muitos contos clássicos já ganharam versões suavizadas e muitos desenhos perderam seu humor negro para garantir que a infância aconteça toda no mundo cor-de-rosa. Mas se as crianças continuam buscando representações extremas do bem e do mal nas histórias fantásticas, não estranhem: instintivamente, elas buscam referências.

E muitas vezes encontram nas histórias mais extraordinárias e sombrias, que as mantêm atentas, que lhes ensinam as maravilhas da linguagem e lhes mostram o que muitos pais e professores ignoram: que é preciso conhecer para distinguir. É preciso descobrir o irreal para ter segurança no mundo real da mesma forma como o contato com a frustração é essencial para o reconhecimento da satisfação.


(HuffpostBrasil - 17/11/2017)






Michele Müller - jornalista especialista em neurociências e neuropsicologia educacional, pesquisadora, escritora e mestre em ciências da educação.


Fonte: www.blogdogaleno.com.br/




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