Da dor de cabeça à acne: como alergias alimentares podem estar prejudicando sua saúde e como resolver
As alergias alimentares são uma preocupação crescente em todo o mundo, afetando
milhões de pessoas de todas as idades e impactando significativamente sua
qualidade de vida e segurança alimentar. Estudos realizados pelo Instituto de
Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) revelam que a prevalência de alergias
alimentares varia entre 1% e 10% da população global, com maior incidência em
crianças, mas também atingindo muitos adultos.
O nutrólogo Dr.
Ronan Araujo, esclarece que, a alergia alimentar é uma resposta imunológica
anormal a proteínas presentes em certos alimentos. O sistema imunológico, ao
identificar erroneamente essas proteínas como ameaças, desencadeia uma reação
que pode variar de leve a grave. As alergias alimentares são mais comuns em
crianças, mas podem persistir na vida adulta e, em alguns casos, desenvolver-se
mais tarde na vida.
Muitas pessoas não imaginam que sintomas comuns, como dores de cabeça frequentes e enxaquecas, acne e erupções cutâneas, rinite e inflamações respiratórias, podem ser causados por alergias ou sensibilidades alimentares. Essas reações são frequentemente subestimadas e mal diagnosticadas, mas têm um impacto significativo na qualidade de vida. Identificar e eliminar os alimentos desencadeantes pode levar à melhora desses sintomas. Esta abordagem sublinha a importância de uma avaliação nutricional detalhada, que irá oferecer soluções práticas e efetivas para problemas de saúde muitas vezes negligenciados.
Principais alimentos responsáveis por alergias
Alguns alimentos
são conhecidos por serem os principais desencadeadores de alergias alimentares.
Estes incluem:
• Leite:
Especialmente comum em crianças, a alergia ao leite pode causar reações como
vômitos, diarreia e urticária.
• Ovos: Muitas
crianças com alergia ao ovo também podem ter outras alergias alimentares.
• Amendoim e
nozes: Estas alergias são particularmente preocupantes devido ao alto risco de
reações anafiláticas.
• Soja: Embora
menos comum, a soja pode causar reações em bebês e crianças pequenas.
• Trigo: Associado
a várias reações alérgicas e condições como a doença celíaca.
• Peixes e
mariscos: Alergias a frutos do mar são mais comuns em adultos e podem ser
graves.
Além dos alérgenos mais comuns, alguns alimentos menos conhecidos também podem
desencadear reações alérgicas:
• Sementes de
gergelim: Cada vez mais relatadas como causadoras de alergias, especialmente em
crianças.
• Mostarda: Um
alérgeno menos conhecido que pode causar reações significativas.
• Lentilhas e
leguminosas: Além da soja, outras leguminosas como lentilhas e ervilhas podem
causar alergias em algumas pessoas.
• Frutas: Como
kiwi, banana e abacate, que podem provocar reações alérgicas cruzadas em
indivíduos com alergia ao látex.
As alergias alimentares podem ser classificadas em diferentes tipos, dependendo
dos mecanismos imunológicos envolvidos:
Alergias
mediadas por IgE
IgE ou
imunoglobulina E, é um tipo de anticorpo produzido pelo sistema imunológico.
Sua principal função é atuar contra parasitas, mas também está fortemente
envolvido em reações alérgicas.
As mais comuns,
ocorrem quando o sistema imunológico produz anticorpos IgE em resposta a um
alérgeno alimentar. Essas reações são geralmente rápidas e podem levar à
anafilaxia.
Alergias
não mediadas por IgE
Incluem condições como a enterocolite induzida por proteína alimentar, onde a
reação é mediada por células do sistema imunológico e não por anticorpos IgE.
As reações são mais tardias e afetam principalmente o trato gastrointestinal.
Reações mistas
Algumas alergias alimentares envolvem tanto mecanismos mediados por IgE quanto
não mediados por IgE, resultando em uma variedade de sintomas.
Descoberta
precoce e diagnóstico
A descoberta precoce das alergias alimentares é crucial para a prevenção de
reações graves. Aqui estão algumas abordagens:
• Histórico
alimentar detalhado: Uma avaliação detalhada dos sintomas e padrões alimentares
pode ajudar a identificar possíveis alérgenos.
• Testes cutâneos
e de sangue: Testes cutâneos de puntura e exames de sangue para medir níveis de
anticorpos IgE específicos são ferramentas valiosas.
• Teste de
provocação oral: Realizado sob supervisão médica rigorosa, este teste envolve a
ingestão gradual do alimento suspeito para observar reações.
O manejo eficaz das alergias alimentares vai além da simples evitação de
alérgenos, o Dr. Ronan Araujo orienta o que pode ser feito:
• Educação
alimentar: Informar pacientes sobre a leitura de rótulos e a identificação de
ingredientes ocultos é fundamental.
• Planos
alimentares personalizados: Nutrólogos desenvolvem dietas que garantem a
nutrição adequada enquanto evitam alérgenos específicos. Isso pode incluir
substituições seguras e nutritivas.
• Imunoterapia
oral: Esta técnica, ainda em pesquisa, envolve a ingestão controlada e gradual
de alérgenos para aumentar a tolerância. Estudos mostram que pode ser
promissora para certos pacientes.
• Suplementação
nutricional: Para pacientes com dietas restritivas, a suplementação pode ser
necessária para prevenir deficiências nutricionais e fortalecer o sistema
imunológico.
A nutrologia está na vanguarda da inovação no manejo das alergias alimentares. Pesquisas recentes investigam a relação entre o microbioma intestinal e a imunidade, buscando desenvolver terapias que modifiquem o microbioma para reduzir a sensibilidade alérgica. A nutrigenômica, que analisa como os nutrientes influenciam a expressão genética, pode levar a dietas personalizadas que minimizam o risco de alergias. Além disso, alimentos funcionais enriquecidos com probióticos e prebióticos estão sendo estudados por sua capacidade de fortalecer o sistema imunológico e reduzir a incidência de alergias alimentares.
Dr. Ronan Araujo conclui destacando que, refletir sobre o papel da nutrologia no manejo das alergias alimentares nos leva a uma compreensão mais profunda do impacto da alimentação em nossa saúde e bem-estar. Não se trata apenas de evitar reações alérgicas, mas de adotar uma visão integral da saúde, onde a nutrição personalizada e inovadora pode transformar vidas. Este é um lembrete poderoso de que, ao entender melhor nossos corpos e suas respostas, podemos construir um mundo onde a alimentação seja uma fonte de cura e fortalecimento, e não de medo.
Dr. Ronan Araujo - Formado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo, médico especializado em nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). Com foco em causar impacto e mudar a vida das pessoas através de sua profissão, ele também se tornou membro da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), que o leva a ser atualmente um dos médicos que mais conhece e entrega resultados quando falamos sobre emagrecimento e reposição hormonal.
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