CEO e conselheira,
Andréa Migliori explica os desafios de conciliar gerações e conta o que anda
funcionando para aprimorar as relaçõesWorkhub
As demandas das novas gerações no ambiente de
trabalho, que têm sido tópico de discussão há tempos, estão ganhando respostas.
Segundo relatório deste ano da Deloitte
sobre a Geração Z e Millennials, alguns desejos em comum já se estabeleceram,
como a necessidade de um senso de propósito no trabalho, buscado por 86% das
pessoas mais jovens. Preocupações com saúde mental e equilíbrio entre vida
profissional e pessoal também são amplamente mencionadas na pesquisa.
Ainda assim, muitas empresas têm dificuldade em
implementar mudanças que tragam impactos significativos. Andréa Migliori, CEO
da HRTech Workhub, conselheira e mentora
de startups, explica que é preciso garantir alterações desde o processo
seletivo até o dia a dia. “É importante entender as novas demandas e
implementar estratégias para atrair esses talentos, que serão cada vez mais
expressivos no mercado de trabalho”. E completa que “mais do que isso, o
desafio principal é reter, uma vez que, para a Geração Z, a insatisfação
rapidamente impulsiona uma troca de emprego. Nesse sentido, muitos processos
devem passar por uma revisão”.
Por exemplo, visto que o propósito é um ponto
central nesse debate, o ideal é demonstrar os valores da empresa desde os
primeiros contatos. Na pesquisa da Deloitte, 50% da Geração Z afirmou já ter
rejeitado um projeto ou tarefa por conta das próprias crenças e ética, que
estavam em discordância com a organização. “O embate moral e ético pode gerar
grandes conflitos. É essencial que a etapa de contratação e o início da relação
entre profissional e empresa já coloque na mesa tudo que é visto como missão,
visão e valores. Assim, as expectativas ficam alinhadas desde o começo”, Andréa
recomenda.
Outra questão relevante é a cultura de cada
organização, especialmente no que diz respeito a membros da equipe de
diferentes gerações. Por um lado, pessoas mais velhas podem se sentir
frustradas com pedidos e comportamentos com os quais não estão acostumadas; por
outro, as pessoas mais jovens talvez se sintam desconsideradas e não consigam
se envolver com o time.
Assim, trabalhar o senso de comunidade e
engajamento entre todo mundo é o caminho certo. Mesmo que algumas divergências
aconteçam, a empresa pode minimizar o problema fazendo com que a equipe esteja
sempre na mesma página, por meio de processos transparentes, reuniões abertas,
participação conjunta em eventos e outras ações similares.
“Não podemos nos assustar com alguns conflitos
geracionais porque, até certo ponto, eles são naturais. O que é preciso fazer é
contorná-los, lembrar que todas as pessoas estão trabalhando pelo mesmo
propósito, e mediar as discussões da melhor maneira possível”, comenta
Migliori.
Outro ponto importante sobre a Geração Z no
trabalho é a priorização da flexibilidade e do uso da tecnologia. Isso leva o
assunto de volta ao debate que não sai de moda desde 2020, sobre modelos
presenciais, híbridos ou home office. Mas, além disso, também existem outras
conversas sobre ambientes flexíveis, como no caso de opções variáveis de
horário ou a semana de quatro dias, que tem sido testada por várias empresas ao
redor do mundo. Tudo isso é apoiado pela tecnologia, que a juventude conhece
bem; os “Z” são os primeiros a nascerem já em um mundo inteiramente digital.
“A presença da Geração Z no mercado de trabalho
cresce a cada dia, e atender suas demandas é um caminho sem volta para toda
organização que pretende continuar crescendo. É possível fazer isso com foco
nos pontos citados: propósito, engajamento, comunidade e flexibilidade. É claro
que remuneração e benefícios ainda são questões principais na relação
profissional, mas todos esses outros pontos têm sido exigidos recorrentemente.
Quem conseguir atingi-los ganha a vantagem de ter a melhor equipe ‘zillennial’
do mercado, e desponta na competitividade”, conclui Andréa.
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