Pesquisas
relacionam o vírus a óbitos por enfermidades como infarto e AVC. Freepik
Cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas irão
adquirir a infecção pelo HPV ao longo da vida, conforme estima o Instituto
Nacional de Câncer (Inca). O Human Papilloma Virus ou Papilomavírus
humano é o vírus sexualmente transmissível mais comum do mundo, com mais de 200
tipos diferentes. Alguns deles afetam a pele e as mucosas, possibilitando o
surgimento de verrugas genitais e, em casos mais graves, o câncer. Estudos
recentes apontam o HPV como um fator de risco para doenças cardiovasculares.
A pesquisa “Envolvimento do HPV na doença arterial
coronariana em mulheres climatéricas: atenção à saúde no Maranhão”, apoiada
pelo Governo do Estado, indicou que mulheres na menopausa que têm o vírus
apresentam maior probabilidade de desenvolver lesões cardíacas, como
entupimento das veias coronárias, o que pode levar ao infarto.
Outro estudo, realizado por cientistas da
Universidade de Sungkyunkwan, na Coreia do Sul, analisou mais de 163 mil
mulheres e identificou a associação de cepas (variantes de propriedades físicas
distintas) do HPV a óbitos por enfermidades relacionadas ao coração, como
infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Acredita-se que a inflamação de
vasos sanguíneos causada pelo vírus possa explicar a relação.
Os resultados sugerem que o risco de morte por
doenças cardiovasculares em mulheres seja quase quatro vezes maior em quem
apresenta a infecção sexualmente transmissível por HPV. Nesse caso, além das
orientações de ginecologistas, pode ser necessário consultar o médico da área de cardiologia
para o monitoramento regular da saúde.
O Ministério da Saúde indica que a melhor forma de
se prevenir contra o HPV é usar camisinha nas relações sexuais. Entretanto,
algumas lesões podem estar presentes em áreas não protegidas e, dessa forma, o
preservativo não impede totalmente a infecção. Por isso, a vacinação também se
faz necessária. O imunizante é distribuído pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
para meninos e meninas com idade entre nove e 14 anos.
Desinformação causa baixa
procura pela vacina
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o
câncer de colo de útero como um problema de saúde mundial e, em 2020,
estabeleceu a meta de eliminá-lo. No Brasil, o Ministério da Saúde busca
vacinar, pelo menos, 80% da população, sendo 90% o ideal de cobertura para
prevenir a doença. No entanto, mesmo com a disponibilidade da vacina gratuita,
os índices de vacinação estão abaixo do esperado e atingem apenas 57% das
meninas e 40% dos meninos.
O Ministério ressalta que o principal motivo para a
baixa procura pelo imunizante é a desinformação. Muitas pessoas questionam a
eficiência e a segurança da vacina e fazem associações equivocadas entre HPV e
religião. Além disso, faltam campanhas de conscientização.
Segundo o Inca, o tabagismo, a iniciação sexual precoce
e a multiplicidade de parceiros sexuais são considerados fatores
de risco para câncer de colo do útero. A conscientização e a prevenção são
essenciais no combate à doença.
Já a realização regular do Papanicolau, exame
preventivo para mulheres, ajuda a identificar lesões que causam esse tipo de
câncer e contribui para diagnosticar a doença de forma precoce, aumentando as
chances de cura e a qualidade de vida da paciente durante o tratamento.
Câncer de colo de útero:
cirurgia e a radioterapia estão entre os principais tratamentos
Cerca de 291 milhões de mulheres portam o
papilomavírus humano, mas nem todos os casos originam o câncer de colo do útero,
que é o terceiro tipo da doença mais comum entre mulheres, atrás apenas dos
tumores de pele não melanoma e do câncer de mama. De acordo com o Inca,
aproximadamente, 500 mil novos casos de câncer de colo do útero são registrados
por ano.
Conforme informações do A.C.Camargo Cancer Center,
o HPV reage de formas diferentes em cada organismo e pode
"desaparecer" espontaneamente em algumas pessoas. Apesar da
possibilidade, a infecção é responsável por mais de 70% dos casos de câncer de
colo do útero. Os tipos mais frequentes que culminam em tumores são o HPV16 e o
18.
Não há tratamento específico para eliminar o vírus.
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento das verrugas genitais deve ser
individualizado, dependendo da localização, extensão e quantidade de lesões.
Para melhorar o sistema de defesa do organismo, podem ser utilizados
procedimentos como eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA), laser e
medicamentos.
Já nos casos em que a infecção evolui para o câncer
de colo de útero, o Inca indica que o tipo de tratamento depende do
estadiamento da doença e tamanho do tumor, além de fatores pessoais, como o
desejo de preservação da fertilidade. Entre os tratamentos mais comuns estão a
cirurgia e a radioterapia.
A cirurgia a
laser é um procedimento simples e pouco invasivo, realizado para queimar as
células pré-cancerosas, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica
(SBCO). Em casos avançados de disseminação, a cirurgia pode ser apenas uma
medida paliativa, sem efeitos de cura ou extirpação do tumor.
Já a radioterapia pode ser externa (teleterapia),
procedimento indolor na qual a paciente recebe a radiação, geralmente raios-X,
de maneira focada para matar as células tumorais, ou interna (braquiterapia),
por meio de fontes radioativas inseridas dentro ou próximo ao tumor.
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