"Desconfie de valores muito abaixo da média do
mercado". Das dicas mais básicas às mais técnicas, dermatologistas
instruem sobre o acrílico que levou uma paciente à morte por uso estético
indevido
A morte da influenciadora Aline Maria Ferreira nesta terça-feira levantou a polêmica em torno do motivo de seu falecimento: a aplicação do plástico PMMA para aumento de volume dos glúteos (proibida pela Anvisa para este fim).
"O PMMA é uma substância chamada polimetilmetacrilato, conhecido popularmente por acrílico. É um polímero sintético opticamente transparente, de baixo custo e fácil processamento com potencial para diversas aplicações", resume a Dra. Maria Paula Del Nero, Dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB). a Dra. Viviane Scarpa, também Dermatologista pela SDB, complementa: "É um preenchimento definitivo muito usado no passado".
Ambas as médicas rechaçam o uso da substância com a finalidade que foi utilizado na influencer Aline: o aumento de volume no bumbum. As dermatologistas apontam os prejuízos centrais dessa prática:
- Tiro
no escuro | "A substância não possui antídoto, por
isso no momento da aplicação, caso ocorra alguma obstrução arterial, o
paciente pode ficar com sequelas para sempre", aponta a Dra. Viviane.
- Embolia
pulmonar | "Se for injetado num vaso, esse é o
risco!", informa a Dra. Maria Paula, referindo-se ao processo de
obstrução de artérias pulmonares.
- Fluxo
sanguíneo comprometido | "A compressão vascular
é outro risco, que pode acontecer pelo excesso de produto, causando um
bloqueio da vascularização", diz a médica.
- Futuro
incerto | "Nunca saberemos se em algum momento da
vida, o paciente desenvolverá algum tipo de reação àquele produto",
lembra a Dra. Viviane.
- Mudanças anatômicas | "No processo de envelhecimento, há mudanças internas importantes e o produto pode facilmente migrar de posição, dando um aspecto não natural", acrescenta a dermatologista.
Além
desses riscos, as especialistas reforçam a dificuldade que é a retirada da
substância do corpo. "A depender da região e da quantidade do produto, ele
pode ser removido com cirurgia, cortando a pele e deixando uma cicatriz",
explica a Dra. Viviane, complementada pela Dra. Maria Paula que aponta a
possibilidade de retirada com Endolaser: "Essa opção 'quebraria' o
material, mesmo assim é muito difícil remover o PMMA do corpo", afirma.
Alertas
"Somente médicos podem aplicar o PMMA pela Anvisa!", revela a Dra. Maria Paula, recomendando que seja feita uma busca minuciosa por um profissional de confiança.
Da mesma forma, a Dra. Viviane alerta: "Sempre desconfie de serviços com valores fora do mercado". A tentação de fazer caber no orçamento pode gerar o custo inestimável da vida e ajudar a manter profissionais não capacitados em atuação.
"Investigue, procure, confirme as credenciais que o profissional diz ter. E sempre pergunte a marca do produto a ser usado. Você pode inclusive levar para casa o adesivo com o lote do produto que foi aplicado", ensina a médica.
Dra. Viviane Scarpa CRM 118.129-SP | RQE 30.536 - Médica Formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas em 2004. Especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia em 2009. Pós-Graduação em Nutrologia pela ABRAN em 2017. Curso de Extensão em Tricologia pela Tricomed em 2019. Tem consultório na cidade de São Paulo desde 2010.
Dra. Maria Paula Del Nero - CRM-SP: 74.594 / RQE: 103.535. Formada em 1991 pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-UNESP; Estágio em Dermatologia no Hospital Darcy Vargas; Título de especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia; International Fellow da Academia Americana de Dermatologia; Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica; Diretora da Clínica Healthy Dermatologia desde 2001.
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