Além dos fatores
tradicionais, elas ainda enfrentam mudanças hormonais, corporais, psicológicas
e socioeconômicas que impactam na saúde do coração
Ainda que poucos consigam manter uma dieta balanceada e uma vida ativa como deveriam, muitos sabem que hipertensão, colesterol alto, diabetes, obesidade, sedentarismo e tabagismo são fatores de risco tradicionais para o desenvolvimento de diversas doenças cardiovasculares. Quando são apresentados em mulheres, a ameaça aumenta e pode até ser fatal. Hoje, essas condições já são a maior causa de morte feminina no Brasil e no mundo, superando inclusive o câncer.
Isto acontece porque o coração das mulheres sofre com três tipos de fatores de risco: os tradicionais (já conhecidos), os específicos (típicos do gênero) e os sub-reconhecidos. Além de ter um leque maior de perigos, mesmo dentro dos fatores de risco tradicionais, elas também estão mais vulneráveis. “Em um grupo de diabéticos, por exemplo, as mulheres apresentaram um risco 29% maior de infarto agudo do miocárdio e 44% maior de doença coronária do que os homens com a mesma condição”, revela a Dra. Ieda Jatene, cardiologista integrante do Grupo de Estudo de Doenças Cardiovasculares em Mulheres do Hcor.
Diferentemente dos homens, as mulheres passam por oscilações hormonais e físicas importantes ao longo dos anos, principalmente quando engravidam, que podem afetar a saúde cardiovascular. Entre os principais fatores de risco específicos estão: menopausa prematura, diabetes gestacional, hipertensão na gravidez, parto prematuro, síndrome de ovários policísticos, doença autoimune e inflamação sistêmica. “Estudos mostram que a diabetes gestacional quadruplica o risco de doenças isquêmicas do coração e aumenta em 59% o risco de infarto”, explica a especialista.
Para piorar, estudos também têm mostrado o impacto do meio em que vivem na saúde cardiovascular. “As mulheres têm uma desvantagem psicossocial maior de desenvolverem ansiedade e depressão, doenças que são altamente prejudiciais para o coração. Como muitas vivem em um ambiente hostil, às vezes marcado por abuso ou violência doméstica, isso pode causar um estresse crônico, que não cessa mesmo após a interrupção”, conta.
Mesmo em um cenário desafiador, a médica ressalta que é possível
prevenir o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em mulheres. “De maneira
geral, o recomendado é manter uma dieta balanceada, realizar atividade física,
ingerir água e cessar o tabagismo. O ideal é procurar ajuda especializada antes
de menstruar, engravidar ou entrar na menopausa, para que seja possível
preparar melhor o corpo para essa fase da vida. Se estiver passando por
dificuldades, busque sempre ajuda”, finaliza.
Hcor
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