Manda quem pode, obedece quem tem juízo? Esse não é mais um ditado válido para o cenário corporativo atual, uma vez que as empresas não são exclusivas detentoras do poder de atração. Os profissionais, principalmente os das novas gerações, estão muito mais seletivos quanto as posições que desejam ocupar, o que exige um jogo de cintura e flexibilidade de ambas as partes para que alinhem suas expectativas e consigam, juntos, preencher um gap constante do mercado quanto a contratação de talentos qualificados para alavancar o crescimento empresarial.
Antigamente, o sentimento de agradecimento era
amplamente presente pelos profissionais ao serem empregados. Afinal, o poder
corporativo era soberano, não abrindo espaço para que os trabalhadores pudessem
negociar suas ambições ou desejos. Hoje, com a ampliação do acesso à
informação, a rigorosidade por parte do profissional potencializou, certos do
que almejam quanto suas carreiras e procurando pela empresa que não apenas
ofereça esse caminho, como que também tenha seus valores e cultura alinhados
aos seus.
As gerações atuais prezam muito mais pela qualidade
de vida, equilíbrio entre suas rotinas pessoal e profissional, e desejam se
sentir ouvidos e pertencentes àquele lugar, não sendo apenas uma peça na grande
engrenagem corporativa – um cenário que vem sendo enfrentado com grandes
dificuldades pelo mercado. Segundo um estudo da Intelligent, como prova disso,
75% das empresas relataram que algumas ou todas as contratações de
recém-formados foram insatisfatórias, destacando problemas com falta de
motivação ou iniciativa (50%), habilidades de comunicação precárias (39%) e
falta de profissionalismo (46%).
No fim do dia, o que todas as empresas precisam é
performance de seus times, um gap que vem se potencializando cada vez mais
diante dessas expectativas dos talentos e a oferta desses desejos pelos
negócios. Isso, sem falar da pressa desses novos profissionais em crescerem e
serem reconhecidos na velocidade máxima, ao invés de construírem sua carreira
gradualmente nos ambientes inseridos conforme sua dedicação e entregáveis.
O despreparo na sucessão das cadeiras é outro gap
frequente e preocupante. Os talentos precisam ser treinados e qualificados para
acender dentro das empresas no momento certo, mas, quando não há este cuidado,
voltam seus olhares externamente na esperança de encontrar um profissional
“pronto” para ocupar aquela posição, sem estresse ou conflitos, na expectativa
de que não precisem de um tempo de adaptação e já consigam entregar resultados
qualitativos a curto prazo.
O que fará, contudo, que este executivo aceite uma
nova posição diante de tantas expectativas que serão colocadas em seus ombros?
Quais benefícios e diferenciais serão ofertados que captem seu interesse e o
mantenha engajado internamente? São muitos fatores delicados envolvidos nessa
equação que poderiam ser muito mais simplificados através de uma maior flexibilidade
entre as partes.
À medida em que as empresas se mantiverem abertas
para ouvir os anseios e necessidades dos candidatos, desde que não sejam
colocações extremas, é possível encontrar um meio termo que agrade cada um dos
lados. Entregar o que os profissionais anseiam e desejam, para que se sintam
felizes, motivados e engajados para ter um bom desempenho em suas funções e
elevar sua produtividade perante o crescimento corporativo.
Ler o cenário onde está inserida e ser maleável
para conciliar as expectativas de todos é o grande segredo para preencher esses
gaps do mercado ao invés de expandi-los ainda mais. Caso contrário, ao invés de
criar uma maior cultura de pertencimento, o efeito será oposto, prejudicando o
engajamento dos times e desestimulando que se empenhem em suas
responsabilidades.
Nenhum profissional será perfeito, muito menos chegará na empresa 100% pronto para assumir seu posto e entregar resultados excepcionais. Será preciso investir tempo e cuidado em sua adaptação e treinamento, construindo, juntos, uma rotina que satisfaça ambos os lados e, com isso, gerando culturas apaixonantes, sólidas e fortes que se credibilizem constantemente.
Thiago Gaudencio - headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento executivo focado em posições de alta e média gestão.
Wide
https://wide.works/
Nenhum comentário:
Postar um comentário