Em meio à onda de vídeos com adultos simulando maternidade com bonecas, a maioria dos brasileiros ainda reage com estranhamento e alerta sobre risco de fuga da realidade
Estudo aponta julgamento
generalizado e desconfiança sobre o vínculo afetivo com bonecos
hiper-realistas. Para 31%, a prática pode até fazer mal emocionalmente
Cuidar de uma boneca como se fosse um bebê real,
com direito a mamadeira, passeio de carrinho e hora do sono? Para quase metade
dos brasileiros, esse tipo de afeto é problemático. Segundo pesquisa inédita da
Hibou, instituto especializado em monitoramento e insights de consumo, 49% da
população acredita que o apego emocional a bebês reborn deve ser desencorajado,
por representar um distanciamento emocional da realidade.
E mais: 31% avaliam que essa relação pode causar danos emocionais.
O estudo, realizado com 1.594 pessoas (maiores de 18 anos) nos dias 21 e 22 de
maio de 2025, mostra que embora o fenômeno esteja em alta nas redes sociais, o
julgamento social ainda pesa e o espaço para empatia é mínimo.
Todo mundo já ouviu falar, mas
quase ninguém tem
A presença dos reborns no imaginário coletivo é
forte. 74% dos entrevistados já ouviram falar, conhecem alguém que tem ou
tiveram algum contato com o termo. Apenas 1% declarou
ter ou já ter tido um. Outros 2% nunca ouviram falar,
o que mostra que o tema chegou à superfície da sociedade, mesmo que o uso real
ainda pareça restrito.
“É exagero”, dizem muitos. “É
só moda”, dizem outros
Quando questionados sobre o que leva alguém a
comprar um bebê reborn, 27% dos brasileiros disseram achar a prática
estranha ou exagerada, enquanto 21% enxergam como uma moda
passageira. Poucos associam o reborn a algo emocional: apenas 9%
veem como companhia afetiva ou terapêutica, 10% como
hobby ou colecionismo e 15% como entretenimento para crianças.
Ou seja, o estranhamento supera em muito a compreensão.
Benefício emocional?
Brasileiro ainda duvida
A ideia de que os bebês reborn possam ajudar
emocionalmente ainda encontra resistência. 40% não veem nenhum benefício
na prática, e 31% acreditam que o uso pode até ser prejudicial
emocionalmente. Apenas 1% acredita firmemente nos benefícios,
e 12% consideram que pode ajudar em alguns casos. Um grupo
de 16% ainda não sabe o que pensar.
“O tema dos bebês reborn ainda está muito distante
da realidade do brasileiro médio, que tem a vida real como prioridade mais
urgente. Para muitos, parece algo que viralizou e foi alimentado por um
hype midiático. Ao mesmo tempo, chama atenção o fato de que, mesmo achando
estranho, a maioria prefere não interferir. Isso, de certa forma, revela um
olhar mais introspectivo das pessoas: se não afeta minha vida, eu sigo em
frente”, avalia Ligia Mello, CSO da Hibou.
Ver adulto com reborn na rua?
A maioria se incomoda
A cena de um adulto empurrando um reborn no
carrinho ou dando mamadeira em público é, para muitos, difícil de digerir. 38% dizem
que achariam absurdo, mas não fariam nada. Outros 12%
sugeririam que a pessoa pensasse o comportamento, e 4% dizem
que confrontariam diretamente. Apenas 1% teria
empatia ou carinho. Há ainda 21% que simplesmente nunca
pensaram sobre o assunto.
A linha entre afeto e fuga da
realidade: um espelho da sociedade
Quando perguntados sobre como essa relação afetiva
deveria ser tratada, 49% responderam que deveria ser desencorajada,
pois representa risco à saúde emocional. Outros 28% acreditam que o vínculo
deve ser monitorado por profissionais de saúde, e 17% acham
que só deveria acontecer em casos específicos, como luto ou terapia.
Apenas 4% veem o apego como algo legítimo como qualquer outro tipo de vínculo,
e 2% acham que deveria ser incentivado como estratégia terapêutica.
Hibou

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