Podcast da Fundepag reúne especialistas para discutir como transformar as empresas em espaços mais justos e acolhedores para as mulheres
Mesmo
com avanços significativos nas últimas décadas, mulheres ainda enfrentam
obstáculos estruturais no mercado de trabalho, principalmente quando se trata
de alcançar posições de liderança. A persistência de desigualdades salariais, a
baixa representatividade nos conselhos de administração e a sobrecarga de
tarefas não reconhecidas – conhecidas como Non Promotable Tasks – continuam a
limitar o crescimento profissional feminino nas organizações.
Essas
e outras questões são discutidas no novo episódio do podcast “Raízes da
Inovação”, promovido pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do
Agronegócio (Fundepag), que vai ao ar a partir de 30 de abril nos canais do YouTube e Spotify
da Fundação. Intitulado “Políticas Organizacionais para Impulsionamento da
Carreira das Mulheres”, o episódio reúne a gerente de Negócios e Inovação da
Fundepag, Flávia Gutierrez Motta; a fundadora e CEO da Uzoma Diversidade,
Eliane Leite Alcantara Malteze; e a professora da FIA Business School, Lina
Nakata; com a mediação da jornalista Monaliza Pelicioni.
Logo
no início da conversa, Flávia destaca que, apesar dos avanços, a presença
feminina nos altos cargos permanece longe do ideal. “As mulheres ainda lutam
pelo seu espaço, de poder fazer o que querem, o que sentem, aquilo que elas têm
potência para fazer. Quem perde com isso é a sociedade como um todo, porque se
as pessoas não conseguem colocar para fora a sua potência, quem perde é o
coletivo”, afirma.
Eliane
complementa trazendo o recorte racial e o impacto da desigualdade para a
população negra. “Somos mais de 50% da população e ainda não nos vemos
representadas nos espaços de decisão. Enquanto isso não ocorrer, não podemos
falar em equidade”, ressalta. Segundo ela, diversidade não é apenas uma pauta
de justiça social, mas também estratégica para as empresas, que se beneficiam
de olhares múltiplos e experiências diversas.
Lina
chama atenção para o fato de que, no mundo, as mulheres ainda têm, em média,
apenas 75% dos direitos legais dos homens, o que impacta diretamente em suas
oportunidades de carreira. “É fundamental que a alta liderança das empresas
assuma uma postura proativa, criando normas e códigos de conduta que eliminem
os vieses estruturais”, aponta. Ela cita ainda o acúmulo de tarefas invisíveis
como um entrave recorrente: “São 200 horas por ano que uma mulher dedica a
tarefas que não são reconhecidas e não contribuem para sua promoção”.
Boas práticas que fazem a
diferença
Durante
o episódio, as participantes destacaram exemplos concretos de políticas
organizacionais que vêm promovendo mudanças significativas no ambiente
corporativo. A Natura e o Magazine Luiza foram citados como referências: a
primeira, por suas iniciativas voltadas à maternidade e à presença feminina na
liderança; a segunda, pelo pioneirismo em programas de trainee para pessoas
negras e ações de combate à violência contra a mulher – inclusive com medidas
firmes diante de denúncias contra funcionários agressores.
Essas
ações, segundo Eliane Malteze, vão além da pauta da diversidade e alcançam a
saúde e o bem-estar das colaboradoras. “Se o ambiente de trabalho não for
saudável, as mulheres se afastam, adoecem. É preciso ouvir de forma séria os
casos de assédio, e algumas empresas já criaram canais muito eficazes para
isso”, pontua. Lina Nakata complementa lembrando que a preocupação com o
cuidado deve ultrapassar os muros da empresa: “Se uma colaboradora sofre
violência doméstica, isso afeta diretamente seu rendimento. As empresas
precisam considerar que a pessoa é uma só – dentro e fora do trabalho”.
Flávia
Motta reforça a importância de olhar para toda a estrutura de apoio às
mulheres, incluindo gestantes e mães que retornam da licença maternidade. “Uma
ferramenta como a creche acolhe não só a criança, mas a mãe. É esse abraço
quentinho que ela precisa para conseguir seguir com segurança”.
Outros
exemplos mencionados são a ampliação da licença-maternidade para além dos seis
meses, já adotada por algumas organizações, e a necessidade de estender esse
cuidado aos homens, por meio da licença-paternidade. “O homem também precisa se
comprometer com o cuidado da criança. É um papel coletivo, não só da mulher”,
finaliza Eliane.
O
quarto episódio do podcast “Raízes da Inovação” está disponível nos canais da
Fundepag no YouTube e
Spotify.
https://portal.fundepag.br

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