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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Abraço Guarapiranga denuncia a degradação dos mananciais, seus impactos para o ambiente e a vida

A Guarapiranga pede socorro: esgoto, desmatamento e ocupações sufocam a represa e agravam a crise climática

 

Em sua 19° edição, o Abraço Guarapiranga convida a sociedade a refletir sobre a situação dos mananciais da cidade de São Paulo e se mobilizar na proteção das represas Guarapiranga e Billings, que juntas abastecem de água cerca de 6,2 milhões de paulistanos (5 milhões pela Guarapiranga e 1,2 milhões pela Billings). Estes reservatórios estão agonizando, fragilizados pelo desmatamento e sufocados por uma quantidade incalculável de esgoto despejada diretamente em suas águas, sem qualquer tratamento. 

Trata-se de um evento aberto ao público, inteiramente gratuito e de iniciativa da sociedade civil organizada, com espaço de lazer, atividades lúdicas, educativas, desportivas (Pedal Abraço) e culturais no Parque da Barragem. O ponto alto do encontro é justamente o abraço simbólico à represa, como manifestação de respeito e carinho à esta importante fonte de vida.  

“A Guarapiranga pede socorro: esgotos, desmatamentos e ocupações sufocam a represa e agravam a crise climática" foi o tema escolhido neste ano para denunciar a deterioração das represas e alertar para o risco iminente de completa inviabilização tanto da Billings quanto da Guarapiranga como reservatórios para abastecimento de água para a Região Metropolitana de São Paulo.

 

Áreas de Mananciais 

O Abraço Guarapiranga chama atenção especial para as áreas de mananciais, localizadas no entorno das represas, que sofrem um processo agudo de destruição, principalmente pelo desmatamento para a implantação de loteamentos irregulares. Soma-se às ocupações a pressão constante por “obras de infraestrutura” para a região, como as alças de acesso ao Rodoanel Mário Covas e o projeto da Nova Raposo, que além de destruir parte importante da bacia do Rio Embu Mirim, induzirão ainda mais ocupações. 

Como se não bastasse, uma parcela significativa das residências e pontos comerciais no entorno da represa estão desconectados da rede coletora de esgoto, despejando resíduos sem qualquer tratamento nos cursos d’água que desaguam na Guarapiranga. Também é comum haver problemas nas estações de bombeamento da Sabesp, que desvia o esgoto coletado para os córregos que formam a represa.

 

Mudanças Climáticas 

No Brasil as mudanças climáticas têm intensificado fenômenos extremos relacionados à escassez ou excesso de água, como secas ou inundações, o que nos impele a repensar o cuidado com nossos cursos d’água, os mananciais e os próprios reservatórios. Entre 2013 e 2015 a Região Metropolitana de São Paulo enfrentou uma grave crise de abastecimento de água, período em que as represas Billings e Guarapiranga foram fundamentais. Portanto, é imprescindível o cuidado com reservatórios de importância estratégica para uma das regiões mais populosas do planeta onde há grande escassez de fontes de abastecimento, obrigando os municípios a importar água de outras regiões.

 

Licenciamento Ambiental 

Caso o Projeto de Lei 2.159/2021, que trata do Licenciamento Ambiental, seja aprovado na Câmara dos Deputados e sancionado, irá desestruturar completamente o sistema de licenciamento que a sociedade brasileira levou décadas para construir, acarretando em enorme retrocesso e ameaça para o meio ambiente e a vida. A ausência do licenciamento ambiental irá comprometer seriamente a qualidade e a quantidade de água disponível para o abastecimento das cidades brasileiras, entre outros problemas graves.

 

Sobre o Abraço 

O Abraço Guarapiranga é realizado por um conjunto de organizações da sociedade civil desde 2006, quando a represa celebrou 100 anos de existência. A partir da mobilização popular e das propostas produzidas em um seminário organizado pelo Instituto Socioambiental à época, houve uma série de conquistas importantes para a região, como a implantação dos parques lineares e a requalificação da orla da avenida Atlântica, além de diversas contribuições para o aperfeiçoamento de legislações sobre o tema, como a Lei Municipal de Segurança Hídrica (17104/19). 

O evento passou a ser realizado anualmente como demonstração de respeito e carinho, numa celebração das águas, do meio ambiente e da natureza, mas também um ato de denúncia e indignação pelo descuido com a preservação dos mananciais, especialmente da Guarapiranga. O Abraço Guarapiranga propõe ainda uma profunda reflexão sobre a situação dos reservatórios, reivindicando ações urgentes das prefeituras (especialmente a de São Paulo) e do Governo do Estado para conter o desmatamento das áreas que precisam ser preservadas para a produção de água. O processo é conhecido de todos: enormes áreas são desmatadas, loteadas, vendidas, edificadas e ocupadas, afrontando a legislação, o planejamento urbano e os órgãos públicos.

 

Sobre a Guarapiranga 

Com uma produção de 15m³ (15 mil litros) de água por segundo e abastecendo cerca de 5 milhões pessoas, a represa do Guarapiranga é o terceiro maior sistema de produção de água de São Paulo, com capacidade de armazenar 171 bilhões de litros de água. O sistema é composto pelas represas Guarapiranga, Capivari e Billings (Braço Taquecetuba). Seus principais afluentes são os Rios Embu Guaçu, Embu Mirim e Rio Parelheiros, bem como as águas transferidas das represas Billings e do rio Capivari através de estações elevatórias. 

Criada há 119 anos, a Represa é indispensável ao abastecimento de água da capital paulista, uma vez que a região a Região Metropolitana de São Paulo (a mais povoada do país) possui uma disponibilidade hídrica de apenas 143 metros cúbicos por habitante/ano, o que representa 1/10 da disponibilidade hídrica ideal segundo a ONU (de 1.500 a 2 mil metros cúbicos por habitante/ano). O tema é sério, relevante e requer atenção de toda a sociedade. 

Lamentavelmente grande parte do esgoto produzido na Bacia Hidrográfica da Guarapiranga é lançado diretamente nos córregos que deságuam na represa. Diversas estações elevatórias do sistema Guarapiranga estão danificadas pela ação de criminosos que furtam os equipamentos impedindo o bombeamento para a rede e a estação de tratamento. Em outras palavras, a Guarapiranga, nossa caixa d’água, está se transformando em uma enorme lagoa cheia de um líquido impróprio para o consumo humano. 

Além disso, vem ocorrendo nos últimos anos uma epidemia de loteamentos irregulares que destroem o pouco que resta de área verde no entorno da represa. Bairros inteiros são erguidos à margem da lei, sem licença, planejamento ou infraestrutura. Loteadores ludibriam famílias que almejam uma moradia, mas acabam adquirindo terrenos ilegais, muitas vezes sem saber, contribuindo inclusive para aumentar o volume de esgoto e lixo despejados na Guarapiranga. Esta ocupação desenfreada das áreas de mananciais também é responsável pela supressão da mata nativa, que assegura a produção e a qualidade das águas. 

As áreas verdes remanescentes no entorno da Guarapiranga prestam enormes serviços ambientais para São Paulo, uma vez que atuam como “esponjas”, absorvendo a água em épocas de chuva e liberando-a gradualmente em períodos de seca. Com isso, estas “florestas” aumentam a permeabilidade e a retenção da água no solo, garantindo a recarga dos aquíferos e servindo de refúgio para animais silvestres, o que contribui enormemente para o equilíbrio climático de toda a metrópole.

 

Serviço

 

O que: Abraço Guarapiranga 2025

Quando: Domingo, 01 de Junho de 2025, à partir das 09hs

Onde: Parque da Barragem - Av. Atlântica s/n, Capela do Socorro, São Paulo (SP)

 

Programação

 

• Abraço Guarapiranga Parque da Barragem – Capela do Socorro

 

- 9h00 - Abertura no Parque da Barragem

- Oficinas, atividades ambientais com a Umapaz e turmas dos cursos de Biologia e Veterinária, Esportes da Unisa,

- Tendas de organizações locais,

-Exposição de abelhas brasileiras sem ferrão

10h00 – Shows e atividades culturais com artistas locais

11h00 – Plantio simbólico de mudas;

12h00 – Abraço Simbólico à Guarapiranga

 

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