Área ainda é uma das que têm menor presença feminina
São grandes os desafios que muitas advogadas enfrentam, principalmente, ao ingressar no Direito Penal, um ramo ainda dominado por homens. Mas quem deseja trilhar esse caminho pode - e deve - se preparar para superar barreiras.
Advogada especialista em Direito Penal e professora da Faculdade Milton Campos, Juliana Franco Fulgêncio Fonseca, admite que esta área é complexa e desafiadora, especialmente para as mulheres e, entre os principais desafios estão “preconceito e machismo”. “A presença feminina ainda é vista com resistência em um meio tradicionalmente masculino, onde muitas vezes a credibilidade da advogada pode ser questionada”, pontua.
Outra questão é o “ambiente hostil”. A professora Juliana explica que o contato direto com delegacias, presídios e tribunais pode ser intimidador, além de exigir firmeza e preparo para lidar com situações de risco e exposição a crimes violentos.
Outros pontos que a professora enumera como desafio é a “dificuldade de ascensão”, que, infelizmente, ainda é muito presente, e saber “conciliar a vida pessoal e profissional”. “A área penal demanda disponibilidade, plantões e atendimento emergencial a clientes, o que pode ser um desafio para mulheres que precisam conciliar a carreira com a vida familiar”, admite.
Mas, para toda dificuldade há soluções e é nisso que a professora da Faculdade Milton Campos se baseia ao reunir cinco dicas valiosas para advogadas que desejam entrar e crescer nesta área:
1
- Aprimoramento técnico: investir em especializações,
cursos práticos e pós-graduações para ter um diferencial competitivo.
2
- Autoconfiança e posicionamento firme: demonstrar
segurança e assertividade no exercício da profissão, evitando ser subestimada.
3
- Construção de networking: participar de eventos,
congressos e associações da área penal para fortalecer contatos e
oportunidades.
4
- Mentoria e representatividade: buscar inspiração em
outras advogadas penais de sucesso e contar com mentores que possam guiar no
início da carreira.
5 - Segurança pessoal: adotar estratégias para proteger-se, como escolher bem os clientes, evitar atuar sozinha em certas ocasiões e estar sempre atenta ao ambiente ao redor.
Pesquisa do 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira (Perfil ADV 2024) da OAB mostra que apenas 6% das advogadas entrevistadas atuam na área penal. Enquanto a porcentagem de homens é quase o dobro 10% dos entrevistados. De acordo com a professora, isso pode ser explicado por outros fatores, além dos já citados neste texto.
Cultura
e estereótipos de gênero, nos quais “há uma visão tradicional de que a
advocacia penal é um espaço masculino, o que desencoraja mulheres a ingressarem
na área”. Além disso, acrescenta, há o chamado “preconceito institucional”, no
qual as mulheres enfrentam resistência de colegas, clientes e autoridades, o
que dificulta a ascensão na carreira. “Apesar desses desafios, muitas mulheres
têm se destacado na advocacia penal, provando que competência, estratégia e
resiliência são fundamentais para o sucesso na área”, garante a professora.
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