A doença afeta 15% da população brasileira, é a mais prevalente na faixa etária entre 5 e 19 anos e a segunda entre a população adulta, de 20 a 59 anos¹
Maio é o mês que promove a conscientização da enxaqueca, doença que acomete mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e um dos motivos mais frequentes de consultas médicas², segundo a Organização Mundial da Saúde. A campanha Maio Bordô tem por objetivo mostrar o impacto da doença na vida das pessoas e o que deve ser feito para combatê-la.
Devido
à sua alta prevalência, é comum ouvir várias dicas e teorias sobre o que pode
curar ou piorar uma crise de enxaqueca, quase sempre pensando apenas na dor de
cabeça, que é o sintoma mais comum, mas não o único. Por isso, o médico
neurologista e presidente da Associação Brasileira de Cefaleia em Salvas e
Enxaqueca (Abraces), Dr. Mario Peres, desmistifica e esclarece alguns dos
principais aspectos relacionados à enxaqueca e às dores de cabeça. Confira:
Enxaqueca é um tipo de dor de cabeça
VERDADE. Porém, a enxaqueca
não é apenas uma dor de cabeça forte. Os medicamentos e recomendações para
tratar a dor de cabeça comum tendem a ser mais moderados e de uso pontual. Por
outro lado, a enxaqueca exige cuidados especiais e acompanhamento médico mais
próximo, que podem incluir mudanças nos hábitos alimentares e na rotina de
exercícios, além do uso de medicamentos específicos e de uso contínuo.
A enxaqueca é causada no fígado
MITO. É comum ouvir
teorias sobre a origem da enxaqueca, como a crença de que ela é causada no
fígado devido aos sintomas de náusea e vômito. No entanto, estes sintomas têm
sua origem no cérebro, mais precisamente em uma região chamada mesencéfalo que,
quando estimulada, libera substâncias que provocam náuseas e vômitos,
contribuindo para os sintomas associados à enxaqueca.
Analgésicos curam a enxaqueca.
MITO. Embora
analgésicos comuns possam trazer alívio para diversos tipos de dores de cabeça,
é importante ressaltar que eles geralmente não são eficazes no tratamento da
enxaqueca. Isso ocorre porque a enxaqueca é uma condição complexa, com causas
multifatoriais, que envolvem mecanismos neuroquímicos específicos.
É necessário realizar exames de imagens para o diagnóstico.
MITO. O diagnóstico da
enxaqueca é predominantemente clínico, sendo baseado principalmente nos
sintomas relatados pelo paciente. Isso inclui a frequência dos episódios, a
intensidade da dor e a presença de sintomas associados, como náuseas, sensibilidade
à luz (fotofobia) e sensibilidade ao som (misofonia). Exames complementares
podem ser solicitados pelo médico para descartar outras condições que possam
causar sintomas semelhantes aos da enxaqueca.
A prática de atividade física previne crises de enxaqueca.
VERDADE. A prática
regular de exercícios físicos, realizada fora dos períodos de crise de
enxaqueca, pode de fato funcionar como um fator de melhora na frequência e na
intensidade das crises. Isso ocorre porque o exercício físico regular pode
ajudar a reduzir o estresse, melhorar a qualidade do sono, promover a liberação
de endorfinas (substâncias naturais que aliviam a dor) e contribuir para o
equilíbrio hormonal.
Quem tem enxaqueca não pode comer chocolate ou tomar vinho e café.
DEPENDE. Alguns pacientes
podem ter suas crises desencadeadas pelo vinho, chocolate ou café. Outros podem
não apresentar esta sensibilidade. Por isso, é fundamental consultar um médico
especializado para identificar quais alimentos podem estar desencadeando as crises
em cada caso específico.
As mulheres são as que mais sofrem com enxaqueca.
VERDADE. Após a puberdade,
a doença afeta cerca de 18% das mulheres e 6% dos homens, com pico de
prevalência entre 20 e 59 anos de idade. As flutuações hormonais ao longo do
ciclo menstrual, assim como eventos como gravidez, menopausa e uso de
contraceptivos hormonais, podem influenciar significativamente a ocorrência e a
gravidade das crises de enxaqueca em mulheres.
As crises de enxaqueca desaparecem durante a gestação.
DEPENDE. No período
gestacional, a maioria das pacientes, por questões hormonais, apresenta melhora
na frequência e intensidade das crises. Porém, em alguns casos, as crises
persistem ou até mesmo pioram.
A enxaqueca é uma doença hereditária.
DEPENDE. Ter um familiar
em primeiro grau com enxaqueca parece estar relacionado a um maior risco de
desenvolvê-la. Ou seja, herdaram da mãe, do pai, ou de ambos características
genéticas que levam à enxaqueca.
Beber água cura a crise de enxaqueca.
MITO. Manter-se bem
hidratado pode ajudar a prevenir ou reduzir a gravidade das crises,
especialmente em indivíduos propensos à enxaqueca induzida pela desidratação.
No entanto, embora a água seja essencial para a saúde geral, não é considerada
um "fator de cura" para a doença em si.
A enxaqueca não tem cura, mas tem tratamento.
VERDADE. Embora ainda não
seja possível banir a enxaqueca definitivamente da vida das pessoas, as
terapias atuais já conferem alívio duradouro às crises, proporcionando uma
qualidade de vida bastante satisfatória aos seus portadores.
Quem tem enxaqueca não pode se expor ao sol.
MITO. O que se observa
é que pacientes com enxaqueca apresentam sensibilidade à luz (fotofobia),
especialmente nos períodos de crise.
Teva Brasil
www.tevabrasil.com.br.
ABRACES
Referências
1 Eriksen MK, Thomsen LL, Olesen J. Sensitivity and specificity of the new international diagnostic criteria for migraine with aura. J Neurol Neurosurg Psychiatry 2005;76:212–217.
2 Steiner TJ, Stovner LJ, Vos T, Jensen R, Katsarava Z. Migraine is first cause of disability in under 50s: will health politicians now take notice? J Headache Pain. 2018 Feb 21; 19(1):17.
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