A cidade de São Paulo é reconhecida como um dos
maiores polos econômicos da América Latina. Contudo, é nas periferias que o
empreendedorismo se revela como uma poderosa ferramenta de inclusão social e
transformação econômica, mesmo em meio ao dinamismo de seu centro e de regiões
mais abastadas. Essas áreas, muitas vezes marcadas por desigualdades
históricas, encontram no espírito empreendedor um caminho para criar
oportunidades e fomentar o desenvolvimento local.
Segundo pesquisa do DataFavela e Sebrae-SP, apenas em 2023, 50%
dos moradores de comunidades de São Paulo se consideravam empreendedores e 41%
afirmaram possuir um negócio próprio. Ou seja, o empreendedorismo, mais do que
uma atividade econômica, é um fator decisivo para a emancipação social. Nas
periferias paulistanas, os pequenos negócios não apenas geram renda, mas também
fortalecem comunidades. Por meio da abertura de padarias, salões de beleza,
ateliês de costura ou startups de tecnologia, os empreendedores locais
desempenham um papel crucial na geração de emprego e crescimento de redes de
apoio dentro das suas comunidades.
Um exemplo inspirador desse impacto é o de
Tatiana dos Santos, 46, fundadora de um ateliê de costura na cidade de São
Paulo. A empreendedora é a terceira geração de sua família na moda, seguindo o
legado iniciado por sua avó no Nordeste e continuado por sua mãe em São Paulo.
Tatiana transforma tecidos descartados por grandes confecções em peças
exclusivas e, além de criar figurinos para eventos de dança, ensina corte e
modelagem para ajudar outras mulheres periféricas a empreenderem e a
conquistarem autonomia financeira.
Por isso, empreender em contextos de
vulnerabilidade exige criatividade, resiliência e inovação. Esses valores se
refletem em negócios que, frequentemente, dialogam com as necessidades
específicas de suas comunidades, gerando soluções que melhoram a qualidade de
vida no território. Os números demonstram essa força: esse mesmo estudo aponta que
os empreendedores de baixa renda movimentam impressionantes R$ 61 bilhões por
ano na cidade de São Paulo, evidenciando a relevância econômica gerada por
esses negócios.
O papel de políticas públicas é crucial nesse
contexto. Fornecer mentorias, infraestrutura e suporte financeiro são
iniciativas que ajudam a superar barreiras como falta de acesso a crédito,
formalização e capacitação. Contudo, o que está em jogo não é apenas o sucesso
de negócios individuais, mas a criação de um ciclo virtuoso de transformação
social. Quando apoiamos o empreendedorismo nas periferias, estamos plantando as
sementes para uma sociedade mais próspera e igualitária.
Empreendedores de comunidades mais afastadas do
centro não são apenas agentes econômicos, eles se tornam protagonistas de uma
mudança profunda, impactando não só suas próprias vidas, mas também as de suas
famílias e comunidades. Ao olharmos para as periferias, vemos um terreno fértil
para inovação e resiliência, onde as adversidades geram soluções criativas e
oportunidades únicas.
Para o futuro, a missão é clara: intensificar
ações que promovam a inclusão produtiva, garantindo que cada vez mais pessoas
das periferias possam trilhar o caminho do empreendedorismo e transformar suas
realidades. Apoiar esses negócios não é apenas investir no crescimento
econômico, mas também contribuir para uma cidade mais justa, inclusiva e
sustentável. Afinal, o desenvolvimento de São Paulo como um todo passa,
inevitavelmente, pelo fortalecimento de suas periferias.
Renan Vieira - diretor-presidente da Ade Sampa
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