Thais Requito, especialista em desenvolvimento humano e produtividade sustentável, lista as principais habilidades que serão essenciais para prosperar no futuro do trabalho
O futuro do trabalho está sendo moldado por profundas transformações: inovações tecnológicas aceleradas, mudanças climáticas, novas dinâmicas demográficas e instabilidade social estão redefinindo não apenas o mercado de trabalho, mas também a forma como empresas e profissionais precisam operar.
No ambiente corporativo, essas mudanças
estão aumentando a pressão por adaptação e aprendizado contínuo. Segundo o
Fórum Econômico Mundial (FME), 6 em cada 10 profissionais precisarão ser retreinados até
2027 para se manterem relevantes no mercado. Habilidades como pensamento
criativo e analítico, alfabetização tecnológica e resiliência se tornam
essenciais em um cenário de constantes transformações.
“A velocidade do crescimento tecnológico
é inédita, trazendo disrupção em várias áreas. Hoje em dia, uma pessoa pode
viver 100 anos e passar por centenas de transformações tecnológicas, algo
impensável no passado. Então, em uma realidade de constante mudança, algumas
habilidades estão se tornando obsoletas, enquanto outras se tornam cada vez
mais essenciais”, opina Thais Requito, especialista em desenvolvimento humano e
produtividade sustentável.
Empresas de todo o mundo estão
reavaliando suas estratégias para acompanhar essas mudanças rápidas. “As
corporações precisam enxergar essas transformações não como um obstáculo, mas
como uma oportunidade para criar novos espaços e gerar inovação dentro das suas
equipes”, ressalta a especialista.
Habilidades para 2025
Thais explica que, com as
transformações do mercado, as habilidades comportamentais, conhecidas
como soft skills, passaram a ser mais valorizadas do que as
competências técnicas, que antes ocupavam o topo das prioridades. “Essas
habilidades ganharam protagonismo porque são transferíveis, ou seja, podem ser
aplicadas em diferentes posições, empresas e até mesmo em novos contextos de
trabalho que ainda estão por surgir”, explica.
Abaixo, ela traz suas observações a
respeito das habilidades que, segundo ela, serão mais valorizadas no ambiente
corporativo. Veja:
1. Habilidade adaptativa. “Vivemos em tempos de mudanças tão rápidas que a nossa
capacidade biológica de adaptação simplesmente não consegue acompanhar o ritmo
dos avanços tecnológicos e sociais. Não é da nossa natureza gostar de mudanças
– tendemos a resistir ao desconhecido – mas, no contexto atual, desenvolver
estratégias para nos ajustarmos mais rapidamente deixou de ser uma opção e
passou a ser uma necessidade. A adaptabilidade, que vai além da resiliência,
requer curiosidade, flexibilidade e a habilidade de abraçar novas formas de
pensar e trabalhar, permitindo que os profissionais não apenas enfrentem as
mudanças, mas também prosperem diante das oportunidades que elas trazem”,
explica.
2. União colaborativa. “Ambientes de trabalho cada vez mais complexos exigem
colaboração entre pessoas de diferentes áreas e perspectivas. Estratégias de
liderança baseadas em comando e controle tornam-se menos eficientes quando
precisamos responder rapidamente a demandas inéditas, constantemente. É preciso
trabalhar de forma ágil e colaborativa, levando em conta a diversidade de
pensamentos e experiências. O trabalho do futuro será cada vez mais flexível, e
a capacidade de colaborar de maneira eficaz, seja pessoalmente ou remotamente,
será uma competência crucial para a produtividade e inovação”, reflete a
especialista.
3. Mentalidade inovadora. “A criatividade não é sobre criar algo do zero, mas
sobre enxergar problemas humanos e encontrar formas inovadoras de resolvê-los,
gerando valor. Qualquer pessoa pode se tornar mais criativa, desde que esteja
atenta ao seu entorno e disposta a ampliar seu repertório. Quando exploramos
diferentes áreas de conhecimento e experiências, conseguimos conectar pontos
que antes não pareciam óbvios, o que é essencial para o pensamento inovador.
Além disso, a diversidade nas equipes desempenha um papel crucial nesse
processo, trazendo perspectivas distintas que abrem espaço para ideias que
talvez nunca tivessem sido exploradas”, contextualiza.
4. Pensamento crítico. “Vivemos em uma era de excesso de informações, e a
habilidade de filtrar e questionar essas informações é fundamental. O
pensamento crítico nos ajuda a navegar nesse tsunami de dados, para que
possamos tomar decisões mais fundamentadas e melhores. A sobrecarga de dados,
somada à disseminação de informações falsas ou imprecisas, exige que os
profissionais saibam distinguir o que é relevante, verdadeiro e útil para a
tomada de decisões”, projeta Thais.
5. Aprendizado contínuo. “O conceito de lifelong learning nunca foi tão
relevante. Para manter-se produtivo e relevante em um futuro tão imprevisível,
as pessoas precisarão continuar aprendendo e se requalificando ao longo de suas
carreiras. Isso inclui tanto o upskilling, ou a atualização contínua de
habilidades, quanto o reskilling, que envolve aprender novas competências para
adaptar-se a novos cargos e funções. A habilidade de aprender constantemente
será a chave para o sucesso a longo prazo. A obsolescência do conhecimento acontece
em um ritmo cada vez mais acelerado, e quem não investir em aprendizado
contínuo ficará para trás”, finaliza.
"Em um cenário de mudanças constantes, o verdadeiro diferencial será a capacidade de transformar desafios em oportunidades por meio de habilidades que conectam pessoas, tecnologia e propósito. Profissionais e empresas que investirem no desenvolvimento de competências comportamentais estarão mais bem preparados para não apenas reagir às transformações, mas liderar com inovação e impacto positivo. Adaptar-se não é apenas uma questão de sobrevivência, mas uma oportunidade de criar um futuro mais humano, colaborativo e sustentável", conclui Thais Requito.
Thais Requito - Professora de Mindfulness e Inteligência Emocional, com mais de 15 anos de experiência corporativa (incluindo oito anos na Microsoft). Desde 2015, Thais ministra cursos e workshops na Europa e América Latina, ajudando pessoas e organizações a desenvolverem competências essenciais para o futuro do trabalho, como adaptabilidade, resiliência e produtividade sustentável.
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