Saiba como lidar melhor com o
sentimento de perda e resignação para encontrar um novo caminho a aceitaçãoDivulgação
O luto é um processo natural e doloroso. No entanto, em alguns
casos, o sofrimento pode se prolongar, interferindo diretamente na vida social,
profissional e emocional, comprometendo a saúde mental e sendo diagnosticado
como luto prolongado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a resposta ao
luto, nos casos mais graves, persiste por um período de tempo atipicamente
longo após a perda, no mínimo por mais de seis meses, superando as normas
sociais, culturais ou religiosas esperadas ao contexto de cada indivíduo. Outro
indicador do transtorno é quando a perturbação passa a causar prejuízos
significativos na rotina de vida pessoal, familiar, social, educacional e
ocupacional.
A população idosa, em especial, é um grupo vulnerável e suscetível
a esse tipo de luto. Com o envelhecimento interferindo na perda de saúde,
autonomia e entes queridos, o sofrimento pode se intensificar e, em casos
extremos, aumentar a possibilidade do luto prolongado.
Antônio Leitão, especialista em gerontologia e gerente do
Instituto de Longevidade MAG, comenta que o luto para os longevos ocorre dentro
do contexto de mudanças nas capacidades físicas e cognitivas, redução nas
conexões sociais e mudanças nos ambientes de vida. “As mudanças que vivenciamos
à medida que envelhecemos não precisam ser vivenciadas como perdas, mas a morte
de um parceiro, familiares e amigos podem agravar os desafios de deterioração,
problemas de saúde, perda da qualidade de vida e isolamento social,
comprometendo a saúde mental”, finaliza.
A pandemia trouxe à tona questões relacionadas ao luto, com muitos
idosos enfrentando perdas significativas e, em muitos casos, restrições que
dificultaram os rituais de despedida. “Isso pode levar a um aumento do luto
complicado, que requer atenção psicológica e suporte emocional”, complementa
Leitão.
Glaucia Tavares, psicóloga do Instituto BioParque, explica que a
melhor forma de lidar com o luto relacionado às perdas que vêm com o
envelhecimento é estar aberto a novos aprendizados e conhecimentos. “Como viver
com vitalidade, experiência e repertório ao longo dos anos? Estando disposto a
aprender, a abrir portas para o novo. Novos caminhos, novos amigos, novas
lições em qualquer campo da vida. O maior Alzheimer que alguém pode desenvolver
é deixar de aprender”, alerta Glaucia.
Ela acredita que os idosos que pensam não ter mais nada a aprender
estão fechando as portas para si mesmos. “Nesse caso, a pessoa viverá um luto
pelo que perdeu e começará a se deteriorar. O Século XXI nos oferece a oportunidade
de aprender a aprender, e o fundamental é reconhecer que somos eternos
aprendizes nessa jornada. Além disso, unir pessoas de diferentes idades e
gerações é sempre enriquecedor, seja no relacionamento entre avós e netos ou no
mercado de trabalho”, avalia.
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