Uso excessivo de telas é apontado pela profissional como um dos fatores de risco para a doença
A obesidade é uma
doença que tem se tornado cada vez mais comum entre as crianças. Segundo a
estimativa do Ministério da Saúde, 7,9% das crianças menores de dois anos estão
obesas. Os dados também são alarmantes quando se trata de outras faixas
etárias. Ainda de acordo com a pesquisa “Atlas da Obesidade Infantil”, a
obesidade atinge 6,5% das crianças de dois a quatros, e 8,4% de cinco a nove
anos. Nesse sentido, profissional da área de Pediatria da rede de clínicas
médico-odontológicas AmorSaúde, Andrea Xavier Pereira afirma que a preocupação
em relação à doença deve ser urgente, pois pode acarretar problemas secundários
na vida adulta.
Fatores
de risco para o desenvolvimento de obesidade na infância
A obesidade
infantil pode ser ocasionada por diversos fatores. A médica evidencia que a
genética e o histórico de obesidade na família podem ser preponderantes, mas não
são os únicos. A alimentação é fundamental para redução desse risco e prevenção
da doença durante a infância.
Nesse aspecto, a
profissional explica que o cuidado com os primeiros mil dias da criança é
essencial, especialmente na introdução alimentar. "É uma fase de
programação metabólica e, sendo assim, é crítica, pois pode alterar a
estrutura e o desenvolvimento do organismo", afirma.
A médica salienta
que, nessa etapa, a principal fonte de nutrição do bebê é o aleitamento
materno. Além disso, também pode ser indicado o uso de fórmula infantil na
alimentação, tomando cuidado com a sua composição e optando por aquelas sem
engrossantes. "Aos seis meses de idade, a introdução alimentar deve ser
orientada por um profissional para ser o mais saudável e equilibrada possível.
Nunca se deve oferecer biscoitos industriais, por exemplo, para o bebê",
declara.
Consequências
As características
da doença e o aumento dos riscos estão atrelados à desordem entre peso e
altura. O cálculo do índice de massa corporal pode indicar se a criança está
com sobrepeso, obesa, com obesidade severa ou mórbida, condições que geram
consequências graves para a sua qualidade de vida.
Diabetes,
hipertensão e dislipidemia (aumento do colesterol), são algumas doenças
associadas à obesidade, conforme ressalta a Dra. Andrea, do AmorSaúde. "O
excesso de peso também pode acarretar em dores no joelho, região lombar e
outros problemas ortopédicos mais severos", acrescenta.
Além disso, a
saúde mental também pode ficar comprometida, já que a doença pode gerar
inseguranças na criança, causando isolamento social, ansiedade e depressão.
Mudanças
e hábitos mais saudáveis
A pandemia forçou
que muitas tarefas migrassem para o formato remoto, aumentando o uso de telas.
Esse fenômeno atingiu também as crianças, seja nos estudos ou no lazer. A
preferência pelas telas vêm influenciando a saúde infantil, pois contribui para
o aumento de peso e o risco de obesidade. "Quanto mais tempo exposto à
tela, mais sedentarismo, ansiedade e, consequentemente, compulsão alimentar",
alerta a médica.
Nesse sentido, os
adultos podem aderir a mudanças comportamentais durante as refeições,
estimulando os pequenos a comer devagar, em horários pré determinados e,
preferencialmente, longe de telas. Dessa maneira, a criança se concentra no
momento da alimentação e no que está ingerindo, sentindo os sabores e as
texturas. Para as crianças maiores, o ideal é equilibrar o consumo de açúcar,
frituras e industrializados, com mudanças quantitativas que envolvem reduzir
gradualmente esses alimentos.
Além de introduzir
uma alimentação rica em vegetais e frutas, a profissional explica que os pais e
responsáveis devem estimular hábitos mais ativos. A atividade física, o esporte
e as brincadeiras contribuem para o gasto de energia das crianças e são modos
de lazer alternativos e mais saudáveis quando comparados ao celular, tablet,
videogame
e à televisão.
Diagnóstico
e tratamento
Ao observar o
contínuo ganho de peso da criança, a indicação é procurar um profissional para
traçar o diagnóstico e o tratamento adequado para cada situação. "No
momento da avaliação do pediatra, ele deverá entender a causa do aumento de
peso, também solicitando exames de rotina, como insulina, hemoglobina glicada,
colesterol total, triglicerídeos, T4L e TSH", detalha Dr. Andrea.
A médica ainda
finaliza explicando que, nesses casos, o atendimento pode ser multidisciplinar,
com encaminhamento para um profissional da área de endocrinologia, de forma a
planejar um tratamento adequado a cada situação.
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