Psicanalista Blenda Oliveira explica quando o transtorno passa de um estágio comum e requer ajuda profissional
Segundo relatório divulgado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) em 2019, o Brasil é o país mais ansioso do mundo. A
ansiedade é uma condição que afeta mais de 18 milhões de brasileiros, e é
caracterizada por um sentimento de medo e apreensão frente a um perigo
desconhecido. De acordo com profissional da saúde, todo mundo carrega um pouco
do transtorno em si, mas quando ele se torna exagerado, torna-se um problema
patológico.
Segundo a psicanalista Blenda Oliveira existe o
dito como ansiedade "boa" e a ansiedade "patológica". A
diferença das duas está na frequência e intensidade. "A ansiedade boa é
aquele sentimento comum que todos temos dentro de nós. Funciona como uma
espécie de motor, pode fazer parte dos momentos de realização, curiosidade, da
vontade de crescer, de aprender, é uma energia que move você adiante",
explica a especialista.
"Já a ansiedade patológica, tem uma frequência
e intensidade muito grandes, podendo tornar a vida disfuncional. A pessoa
começa a ter sintomas físicos, como taquicardia, dores no estômago, problemas
de pele e de sono, comer muito ou não comer, e a dificuldade de dar conta das
tarefas do dia a dia, além de seus relacionamentos e compromissos",
complementa.
Blenda explica que quando a ansiedade atinge o
estágio de patológica é porque chegou em níveis muito altos e acaba se tornando
responsável por paralisar a vida, potencializar uma queda da autoestima e um
aumento da irritabilidade.
"Ansiedade boa sempre vai ser um sentimento
resultante de um conflito interno, esse é um estado psíquico, emocional, que
todos nós vamos ter. Mas no estágio patológico, a ideia e os medos de que
apenas coisas ruins vão acontecer, são inflacionados", explica
Blenda.
Atividade física, meditação, psicoterapia, são
alguns dos recursos para lidar com a ansiedade boa, comum. Já quando ela atinge
uma fase patológica, é preciso ter uma ajuda médica e psicológica.
"Existem pessoas que têm um traço maior de ansiedade, podem ser
características de alguém. Gente que corre muito atrás do que quer, quer dar
conta de tudo, mas não quer dizer que é patológico. Essa pessoa pode aprender a
diminuir a ansiedade, a se tranquilizar, mudando o estilo de vida",
explica a psicanalista.
"Já no sentido patológico, pode usar de
medicações e buscar ajuda médica", complementa ela.
Dados aferidos em pesquisa do Datafolha, divulgados
em agosto, mostram que três em cada dez brasileiros se sentem ansiosos. Ainda
assim, só 7% da população avalia sua saúde mental como ruim ou péssima. De
acordo com Blenda Oliveira, falta falar mais sobre o assunto.
"Ninguém sabe muito o que é saúde mental.
Talvez saúde mental seja o quanto você é resiliente e capaz de lidar com
desequilíbrios, incertezas, medos e preocupações. Isso são coisas que nós temos
todos os dias. Saúde mental é o quanto a gente consegue encontrar saídas e
capacidade para pensar no meio do caos", finaliza Blenda.
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