Nos
últimos anos, o mundo passou por mudanças drásticas e aceleradas, fazendo com
que temas relacionados ao ESG (em português, Meio Ambiente, Social e
Governança) ganhassem destaque nos negócios, independentemente do setor. Na
intralogística, área de grande importância para as empresas, não foi diferente.
O segmento, que antes tinha apenas como preocupação realizar a movimentação,
armazenamento, seleção e transporte de produtos, precisou se reinventar.
De
olho nas tendências e nas novas tecnologias presentes atualmente, os serviços
de intralogística passaram (e ainda passarão) por transformações. Por isso, o
chamado “armazém do futuro” precisa ser pensado desde já e deve ter como foco
três pilares fundamentais: flexibilidade, produtividade e responsabilidade socioambiental.
Quando
falamos em flexibilidade, é importante levar em consideração que esses armazéns
devem ser capazes de mudar rapidamente para atender as necessidades e
exigências do mercado – seja por uma substituição de produto, por sazonalidade
ou por alteração de estratégia, por exemplo.
Em
relação ao pilar de produtividade, é fundamental que os sistemas de
armazenamento e os equipamentos de movimentação de carga sejam capazes de
realizar suas funções de maneira eficiente e eficaz. Resumidamente, é de suma
importância ter o equipamento certo para a operação certa, reduzindo custos
totais operacionais e aumentando a capacidade produtiva do armazém.
Já o
terceiro pilar, que é o de responsabilidade socioambiental, pode ser dividido
em dois macro grupos: o de responsabilidade com as pessoas – ou seja,
funcionários, acionistas, consumidores, fornecedores e sociedade em geral – que
leva em consideração a atenção específica a cada um desses grupos de pessoas,
buscando relações sinérgicas e de “ganha-ganha” entre todos, sempre focando no
bem estar e na felicidade de cada um dos indivíduos de forma harmônica e
equilibrada.
O
segundo macro grupo é o do meio ambiente. É interessante refletirmos que não
falo apenas em salvar os animais, as plantas e os demais seres vivos, bem como
preservar os rios, o ar, o mar e o restante do planeta, pura e simplesmente
porque é o certo a se fazer, mas sim em salvarmos nós mesmos, seres humanos, de
um futuro desolador. Falo efetivamente de garantirmos as condições necessárias para
que tenhamos uma vida saudável e um desenvolvimento sustentável.
Considerando
os pilares dois e três e refletindo sobre o atual mercado brasileiro de
equipamentos de movimentação de carga, pouco mais de 50% dos equipamentos
anualmente comercializados são movidos a motores a combustão. Isso quer
dizer que temos basicamente 50% dos operadores no Brasil submetidos a ruídos,
calor, vibrações, gases e partículas provenientes da queima de GLP, GNV e
Diesel, além de termos basicamente metade da frota destinada a “empilhar”
realizando funções logísticas as quais não se destinam, como transporte
horizontal. Ainda que sejam capazes de realizar outras operações, não o fazem
com o melhor desempenho ou o melhor custo.
Não
podemos ainda esquecer que empilhadeiras a combustão são fontes emissoras de
gases do efeito estufa, sendo responsáveis por aproximadamente 16 toneladas de
CO2 emitidos ao longo de 1 ano, considerando para essa base equipamentos de 2,5
toneladas, rodando aproximadamente 2.000 horas por ano. Para efeito
comparativo, no mercado Europeu, os equipamentos a combustão representam apenas
16% do volume anual comercializado. Isso quer dizer, então, que toda essa
diferença foi convertida em contrabalançadas elétricas? A resposta é não!
A
redução do volume de contrabalançadas a combustão ocorreu convertendo-se parte
delas em contrabalançadas elétricas e o restante em transpaleteiras,
rebocadores, empilhadeiras retráteis, selecionadoras de pedidos e afins. Ou
seja, utilizando-se o equipamento certo para a função certa, além de contribuir
diretamente para a redução dos gases de efeito estufa, na direta ampliação de
produtividade, redução de custos operacionais totais e em expressiva melhora na
qualidade das condições de trabalho dos operadores. Notem que essas mudanças
beneficiaram as empresas, os funcionários, a sociedade em geral, o meio
ambiente e, seguramente, os acionistas.
Discutidos
e explicados os pilares nos quais acredito que moldarão os armazéns do futuro,
não posso deixar de falar do inevitável e necessário processo de automatização.
Diante disso, é natural que haja uma preocupação em relação à empregabilidade.
No entanto, é necessário entender que tal ação trará mais produtividade para as
operações de intralogística – especialmente se comparado com o que temos em
operação atualmente – e será um passo econômico importante, permitindo que
pessoas, como dito anteriormente, realizem funções mais “intelectuais”.
É
importante ressaltar que teremos um grande desafio e responsabilidade em
garantir que os profissionais tenham acesso à adequados cursos e treinamentos,
de maneira que não ocorra a marginalização de pessoas, mas sim o
desenvolvimento de profissionais que passarão a exercer novas atividades.
Convido
a todos que se juntem para uma mudança consciente em busca de um ambiente com
colaboradores mais felizes e motivados, com salários justos, além de empresas
mais eficientes e rentáveis, uma sociedade mais igualitária, um meio ambiente
mais limpo e preservado e, claro, com um desenvolvimento sustentável. Nos vemos
nos armazéns do futuro!
Raphael
Souza - Gerente Corporativo Comercial da Jungheinrich Brasil
- uma das líderes globais em intralogística
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