Levantamento
mostrou que renda dos médicos brasileiros aumentou 16%, mas mulheres ainda
ganham menos da metade
A maioria dos médicos recuperou as condições
salariais e de trabalho, prejudicadas pela pandemia de covid-19. Porém, o
que chamou atenção da pesquisa realizada pelo Medscape e divulgada recentemente,
é que a desigualdade de gênero se aprofundou: mesmo desempenhando as mesmas
tarefas, as mulheres continuam ganhando consideravelmente menos que os homens
na medicina.
A pesquisa, realizada entre 17 de janeiro de 2022 a
14 de maio de 2023, contou com a participação de 1.711 médicas e médicos. Os
resultados são baseados nas respostas de 1.204 médicos empregados em tempo
integral. A análise destaca uma grande diferença salarial entre homens e
mulheres na profissão. Em 2018, as médicas ganhavam em média 31,77% menos do
que seus colegas. Em 2022, essa diferença aumentou para 51,64%.
Surpreendentemente, quase metade (48%) dos médicos
entrevistados não recebe nenhum benefício trabalhista. O dado lança luz
sobre a situação atual da profissão médica, destacando a crescente precariedade
das condições de trabalho.
" Em 2020, essa proporção era de 44%.
Comparando o levantamento de 2020 com os dados obtidos em 2022, pelo menos oito
benefícios tiveram uma queda de 3% ou mais no número de beneficiados entre os
respondentes, tais como o seguro de vida, que era concedido a 13% dos respondentes
em 2020, e agora abrange apenas 8% deles", comenta Leoleli Schwartz,
editora sênior do Medscape em português.
Uma mudança notável na prestação de serviços
médicos, é o uso crescente da teleconsulta. Atualmente, 64% dos médicos relatam
oferecer teleconsulta, marcando uma revolução na maneira como os pacientes
acessam cuidados médicos. No entanto, a adoção de outras tecnologias
inovadoras, como smartwatches e dispositivos similares, ainda está aquém do
seu potencial, com apenas 40% dos médicos incorporando essas ferramentas em
suas práticas. Esta disparidade entre a adoção da teleconsulta e a
implementação de outras tecnologias aponta para um cenário em evolução que pode
trazer novos desafios e oportunidades para a medicina moderna.
As extensas jornadas de trabalho e as complexidades
inerentes à negociação com operadoras de saúde surgem como os principais
desafios enfrentados pelos médicos. A pesquisa também revela discrepâncias nas
percepções de médicos e médicas sobre os prós e os contras da profissão. Detalhando
as respostas, contribuir para um mundo melhor é considerado altamente
gratificante por 25% das mulheres, enquanto apenas 15% dos homens partilham esta
visão. Para 18% dos médicos do sexo masculino, a remuneração satisfatória e a
capacidade de seguir suas paixões ocupam o centro das prioridades, em
comparação com 13% das mulheres. No que diz respeito às dificuldades
enfrentadas, a pesquisa identificou que 22% dos especialistas enfrentam
obstáculos nas negociações com operadoras de saúde, um desafio que afeta
aproximadamente 9% dos médicos generalistas. Essa questão também representa uma
fonte de frustração para 29% dos entrevistados que atuam em consultórios e 18%
dos que trabalham em ambientes hospitalares. As longas jornadas de trabalho são
um peso adicional para 38% dos participantes.
A medicina continua a exercer um forte apelo para a
maioria dos participantes da pesquisa, mesmo diante dos desafios e da redução
na satisfação profissional. Surpreendentemente, quase 70% afirmaram que, se
pudessem voltar atrás, escolheriam novamente a medicina como carreira,
indicando um forte vínculo com a vocação médica. No entanto, é importante notar
que a pesquisa, também, revela uma perspectiva ambivalente, pois 43% dos
entrevistados não recomendariam a medicina como profissão aos filhos.
Esta tendência sinaliza que questões relevantes afetam a satisfação ou as
perspectivas dos profissionais de saúde.
Dados da pesquisa
Foi realizado por um total de 1.711 médicos
residentes no Medscape em português, 36% mulheres e 64% homens. Estudo completo
pode ser encontrado no site https://portugues.medscape.com/slideshow/65000167
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