Organização está
atuando diretamente na saúde mental e atenção psicossocial a vítimas
A organização humanitária
internacional Médicos Sem Fronteiras está trabalhando em cidades do Vale do
Taquari (RS) atingidas por inundações causadas por um ciclone extratropical no
início de setembro. Uma equipe
de psicólogos de MSF deve realizar nos próximos dias formações de estratégias
comunitárias para suprir as demandas por apoio de saúde mental na região.
Além desta iniciativa, outras atividades já estão
sendo realizadas. Logo no primeiros dias após a passagem do ciclone, uma equipe
visitou os locais afetados para avaliar a melhor maneira de colaborar com a
resposta.
Na segunda semana de setembro, foram enviados
promotores de saúde que passaram a prestar assistência à população que precisou
ir para abrigos nas cidades de Lajeado, Encantado e Estrela. Entre as
atividades realizadas estão o apoio na distribuição de refeições e de kits de
higiene, além de triagem e distribuição de itens doados às vítimas. Também
foram dadas orientações e realizados encaminhamentos a serviços de saúde e de
assistência psicossocial.
A atuação já nos primeiros dias foi importante,
porque conseguiu aliviar um pouco a escala das equipes locais, muito
sobrecarregadas. “Muitas vezes após uma tragédia como essa, há uma
descontinuidade no acesso a alguns serviços públicos, por isso é importante
orientarmos essas pessoas”, explica a coordenadora do projeto de emergência de
MSF no Rio Grande do Sul, Verônica Erthal. “Esse apoio simples
permite reduzir o sofrimento das pessoas atingidas para que elas possam, por
exemplo, saber como acessar serviços médicos públicos e fazer reemissão de
documentos perdidos”, afirma ela.
Em parceria com outras
organizações e autoridades nos níveis local, estadual e federal, MSF também fez
um trabalho específico de apoio a migrantes que vivem na região. A organização
conta com um mediador cultural que tem ajudado pessoas originárias do Haiti e
de países africanos de língua francesa, além de migrantes de outras
nacionalidades, na interlocução com autoridades locais para reemissão de
documentos.
Toda a atuação de MSF tem sido realizada de maneira
coordenada e conjunta com as prefeituras locais, com o governo estadual e com
entes federados, a partir das demandas específicas das estruturas de saúde
existentes nos municípios.
Nos próximos dias, psicólogos
de MSF especializados em emergências realizarão atividades junto ao CEREST regional
(Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) com servidores das áreas de
saúde, educação e assistência social, além de lideranças comunitárias.
O objetivo é prepará-los para identificar
necessidades e oferecer assistência inicial a pessoas que venham a demandar
apoio de saúde mental. “Durante um desastre, as necessidades que são mais
evidentes são de socorro e atenção médica, mas é essencial poder acompanhar as
demandas por apoio psicológico que podem aparecer dias, semanas ou meses
depois”, explica Alvaro Palha, coordenador de saúde mental do projeto de
emergência de MSF.
No período recente, MSF tem
atuado de maneira frequente com ações de saúde mental em áreas afetadas por
desastres socioambientais associados a eventos climáticos extremos. No ano passado,
a organização esteve presente na cidade de Recife, e anteriormente, no mesmo
ano, o trabalho foi realizado em Itabuna, na região sul da Bahia. Já em 2022
foram oferecidos atendimentos e treinamentos após enchentes e deslizamentos na
cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
MSF iniciou suas atividades no
Brasil há mais de 30 anos. Atualmente, trabalhamos na assistência à população
indígena na Casai (Casa de Saúde Indígena), em Boa Vista (RR) e no interior da
Terra Indígena Yanomami, onde fazemos diagnóstico e tratamento de malária e
atendimentos de saúde básica. Também estamos presentes na cidade de
Portel, na região da ilha do Marajó (PA), onde prestamos assistência em
unidades de saúde, com foco na população mais vulnerável, entre os quais
ribeirinhos e quilombolas.
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