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O pensamento crítico, uma característica aparentemente esperada, comum e até óbvia a um profissional da indústria nacional, é vista como um atributo fraco ou ausente em vários trabalhadores, porém, muito desejado. Seu resgate tornou-se uma peça-chave no desenvolvimento dos projetos de otimização de processos e produtos.
Mas, por que o raciocínio crítico enfraqueceu tanto
na atualidade? Uma das fontes desse abatimento vem da própria formação
acadêmica, desde a alfabetização até a pós-graduação e além. Somos
“doutrinados” desde os mais tenros tempos a responder perguntas e avaliados
pelas respostas que damos.
Se a nossa resposta se encontra dentro do padrão
esperado, está correta; caso contrário, perdemos pontos em nossa “prova”, que
testa na esmagadora maioria das vezes a capacidade de memorização em curto
prazo do aluno.
Nas provas tradicionais de colégios ou faculdades,
testamos principalmente essa aptidão, e a memória de curto prazo, como sabemos,
descarta as informações não utilizadas em pouco tempo, porque nosso cérebro, ao
contrário desse sistema de avaliação, é eficiente.
E se fôssemos avaliados pela capacidade de fazer
perguntas? Isso, em um primeiro momento, geraria até mesmo um desconforto na
autoridade estabelecida, do tipo “eu mando, você obedece”, vista inicialmente
na hierarquia familiar, entre pais e filhos, depois aluno e professor, chefe e
subordinado.
A falha no sistema educacional é apenas um dos
motivadores da deficiência do raciocínio crítico, pois existem outros. A grande
questão é: dessa forma, fica muito difícil trazer à tona o método científico!
Esse método é a maneira como a humanidade adquire conhecimento.
Posso citar, como exemplo, o emprego de ferramentas
pelos primeiros hominídeos, em torno de 2,5 milhões de anos atrás, que permitiu
a eles comerem mais proteína, extraída de dentro de alguns ossos dos animais.
Como eles tiveram a ideia de usar a ferramenta para
isso? A partir do método científico, que consiste basicamente em observação,
criação de hipóteses, teste, análise e implementação da ideia. Essa sequência
sempre é amplificada pelo raciocínio crítico, o combustível do método
científico.
No momento em que vemos profissionais com
raciocínio crítico em estado sonolento, temos um método científico fraco e,
consequentemente, resultados fracos em várias esferas da economia, problemas
recorrentes, defeitos que se repetem, produtos nada inovadores, práticas de
gestão idênticas às das últimas décadas, e assim por diante.
Não há como traçar um roteiro para resolver
problemas. O melhor método para otimização de processos e produtos em empresas
deve partir do raciocínio crítico e criativo e se aliar ao método científico
para ajudá-lo a enxergar o que ninguém ainda conseguiu. É dilema que, pelo
menos por enquanto, ainda temos capacidade de superar!
Cesar
Eduardo da Silva - autor do livro “Cientista Industrial”,
especialista em inovação de processos e produtos
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