Inteligência cultural é a habilidade de se adaptar e se relacionar com novas culturas, independentemente do conhecimento sobre elas
Vamos supor que você esteja em local público e derrube um
objeto no chão, mas mostra alguma dificuldade para alcançá-lo. Há uma grande
chance de alguém ajudar para resgatar esse item, correto? Esse tipo de experimento
foi feito pelo antropólogo Michael Tomasello com crianças de 18 meses de idade,
e se você deixar algo cair acidentalmente por perto, a criança engatinhará até
o objeto para pegá-lo e devolvê-lo a você. Isso mostra que esse tipo de
contribuição é uma forma de inteligência praticamente natural. De qualquer
forma, as pessoas são mesmo cooperativas por princípio e a sociedade as
corrompe, ou são naturalmente egoístas e a sociedade as corrige em algum
momento?
Certamente, algumas pessoas são mais inteligentes do que
outras. Porém, inteligentes em quê? É possível que alguns indivíduos sejam
inteligentes culturalmente falando. Como assim?
Inteligência cultural é a habilidade que uma pessoa detém ao
se adaptar e se relacionar com novas culturas, independentemente do quanto ela
conhece tais aspectos culturais. Envolve a forma pela qual desenvolvemos nossas
emoções, como buscamos conhecer o novo e como reagimos a isso.
Estudada há pouco mais de 20 anos, a inteligência cultural
emergiu como um campo de estudo relacionado ao contexto da globalização,
avançando com a compreensão de que algumas capacidades individuais sejam
necessárias para competir no cenário internacional das empresas. Assim,
entende-se que uma pessoa inteligente culturalmente consiga se relacionar
melhor com seus colegas de trabalho, principalmente quando os times forem
diversos, possa também adaptar-se de maneira mais adequada ao seu trabalho,
mesmo enfrentando mudanças, e tenha um desempenho superior por ter maior
aderência nas suas relações interpessoais com os stakeholders.
De alguma forma, pode ser que a inteligência cultural possa
estar mais visível na realidade dos profissionais (i)migrantes, já que o
sucesso das suas carreiras poderia estar mais vinculado a essa influência. Isto
é correto, mas atualmente vivemos num mundo que foi ficando pequeno e sem
fronteiras, e temos contato com pessoas cada vez mais diferentes quanto à sua
origem, naturalidade ou nacionalidade, bagagem de experiências e muitas outras
características. Quanto mais formos hábeis na inteligência cultural, mais vamos
criar empatia e melhor poderemos conectar com os outros.
Para se ter uma ideia, existem vários tipos de inteligência.
Geralmente, quando falamos desse termo, pensamos no QI (quoeficiente de
inteligência) e no QE (quoeficiente emocional). Mas, existem várias outras
identificadas, como:
- Inteligência
lógico-matemática
- Inteligência
linguística
- Inteligência
naturalista
- Inteligência
interpessoal
- Inteligência
intrapessoal
- Inteligência
espacial
- Inteligência
corporal-cinestésica
- Inteligência
musical
Ao ler esta breve lista, você provavelmente conseguiu notar
que algumas delas são mais intensas em você do que em outros. Deve também ter
pensado em conhecidos que apresentam muito de uma ou outra inteligência específica.
Por exemplo, os atletas de alto rendimento possuem altíssima inteligência
corporal, assim como autores ganhadores de prêmio Nobel apresentam uma
inteligência linguística incrível.
Todo tipo de
inteligência conta com um lado nato, mas também podemos praticar. Assim como
podemos ser melhores em qualquer habilidade, com certeza conseguimos
desenvolver nossa inteligência cultural. De que forma? Com mais curiosidade
sobre as outras pessoas, por meio da interação com diferentes lugares e
populações, assim como a mente aberta para absorver aquilo que é distinto do
que tínhamos como definitivo. Reaprender é mais difícil do que aprender!
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