O ato de dar e
receber presentes pode ativar a produção de dopamina e proporcionar benefícios
ao corpo humano.Freepik
A tradição de presentear em datas comemorativas
pode ser benéfica para o cérebro, segundo a ciência. Dar e receber presentes criativos marcam
não só a troca de afeto entre amigos, casais e familiares, como contribui para
o bem-estar. Por isso, o ato costuma ser acompanhado do sentimento de
entusiasmo.
Segundo informações divulgadas pela Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC), a explicação está no chamado sistema de
recompensa do cérebro, que pode ser entendido como um sistema formado por
circuitos neuronais que processam informações relacionadas à sensação de
satisfação ou prazer.
O conceito do sistema de recompensas não é algo
novo e nem exclusivo dos seres humanos. A UFSC explica que ele está presente em
diversos animais, até mesmo nos que não são mamíferos.
De acordo com estudos científicos, é a atuação
desse sistema que explica o prazer em receber um presente e de se sentir
importante para alguém, assim como o entusiasmo no ato de presentear e ver o
bem-estar do outro. Em linhas gerais, os presentes funcionam como estímulos
para o cérebro, que reage com a produção de substâncias específicas,
responsáveis pela sensação de prazer.
Isso acontece em várias situações, com pessoas de
diferentes idades. Assim, o pai pode experimentar a sensação de bem-estar
quando ganha um presente
masculino e o filho quando recebe um brinquedo.
Além dos presentes, outras situações funcionam como
estímulo à produção das substâncias que causam prazer e satisfação, como comer
um doce, encontrar os amigos, receber um abraço, entre outras.
O que é dopamina e como
funciona no corpo?
De acordo com a UFSC, no processo observado pelo
sistema de recompensa, o cérebro aumenta a produção de dopamina, um importante
neurotransmissor do sistema nervoso central.
Segundo especialistas, quando ocorre o aumento
dessa substância química natural - e de outras, como a serotonina, a endorfina
e a oxitocina -, o corpo passa a experimentar sensações de felicidade e
entusiasmo. A autora do livro “Habits of a happy Brain”, Loretta
Breuning, explica que se o cérebro for inundado por qualquer um desses
neurotransmissores, a pessoa se sentirá muito bem.
Cabe ressaltar que os estímulos para o prazer podem
variar de pessoa para pessoa, ou seja, se para alguns receber presentes pode
ser algo prazeroso, para outros é o ato de presentear que traz essa sensação.
Outro ponto importante é que, nem sempre as duas variáveis serão capazes de
ativar esse tipo de sentimento, principalmente, em casos de problemas
relacionados à saúde mental.
Segundo a médica psiquiatra e observadora do
programa de neurociências da Universidade Columbia, Jessica de Araujo Martani,
a tristeza e o isolamento durante datas comemorativas podem ser um indicador de
que algo não vai bem.
A profissional explica que, quando há a presença de
um humor deprimido, é comum haver a perda da sensação de prazer. Dessa forma,
independente do estímulo recebido, há menor ativação de dopamina e,
consequentemente, menor sensação prazerosa.
Benefícios de ganhar presentes
Assim como a compreensão do que é prazeroso, a
reação ao ganhar um presente que agrada também pode variar de pessoa para
pessoa. Há mulheres que se emocionam ao receber um presente
feminino, jovens que pulam de alegria com um videogame e, até mesmo, quem
grita de felicidade ao ganhar algo há muito tempo esperado.
Apesar das variações nesses aspectos, os benefícios
de ganhar algo especial são os mesmos e podem causar diversos impactos na
saúde. Segundo o artigo acadêmico “Neurotransmissores”, da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), a dopamina é
responsável por regular os movimentos, o comportamento emocional, as funções cognitivas
e a memória.
Isso significa que, na prática, os momentos
prazerosos podem auxiliar na melhoria de funções motoras, aumento da líbido e
ganho na percepção, proporcionando mais bem-estar à saúde física e
mental.
Ainda segundo o artigo da Unijuí, já existem
pesquisas que mostram a relação entre a produção de dopamina e a melhora
acentuada na maneira de pensar, na criatividade para resolver problemas e na
disposição para se envolver com pessoas e eventos sociais.
Vale lembrar que a dopamina é uma substância
bastante associada à doença de Parkinson. Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde
do Ministério da Saúde, essa doença neurológica que afeta os movimentos de uma
pessoa é causada devido à falta e diminuição de dopamina no corpo humano.
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