Segundo avaliação
da ABSOLAR, documento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicou a
ausência de relação do ocorrido com as características tecnológicas das fontes
renováveis. Agora, é preciso avaliar o modelo de simulação e a interface entre
o operador e os agentes geradores
A minuta do Relatório de
Análise de Perturbação (RAP), publicada pelo Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS) nesta semana, deixa claro que não há nenhuma relação entre as
características tecnológicas das fontes renováveis eólica e solar e o blecaute
elétrico da manhã do dia 15 de agosto.
Pela análise da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR),
o documento preliminar do ONS aponta como causa do apagão um desalinhamento no
tratamento dos dados pelo operador enviados pelos agentes geradores. Com isso,
estão descartadas as especulações infundadas, divulgadas previamente por alguns
agentes e entidades do setor, de que a simples presença de centrais geradoras
renováveis no sistema elétrico brasileiro teria ocasionado a ocorrência.
Diferentemente, a minuta do ONS esclarece que as características tecnológicas
das fontes renováveis não deram origem ao blecaute no Sistema Interligado
Nacional (SIN).
Segundo a entidade, esta versão da minuta não especifica quais usinas
renováveis teriam apresentado eventuais comportamentos divergentes aos
previstos nas simulações do ONS. Por disso, a verificação ou confirmação de
dados com as informações disponíveis até o momento fica prejudicada. A ABSOLAR
ressalta que as alegadas diferenças não são uma situação generalizada
envolvendo todas as usinas eólicas e fotovoltaicas conectadas na rede de
supervisão do operador. Agora, a associação aguarda os detalhes e as
providências que, segundo o documento, serão tomadas pelo ONS, para
aprimoramento da operação do sistema e melhoria da interface com os agentes
geradores.
Com a publicação do documento preliminar, fica evidente que não há nenhuma
relação do blecaute com as características tecnológicas das fontes renováveis e
que é preciso avaliar com diligência os modelos de simulação e a interface
entre o operador e os agentes geradores. Na prática, o ocorrido no dia 15 de
agosto poderia acontecer com qualquer fonte de geração, não sendo exclusividade
desta ou daquela fonte, renovável ou não, como ocorrido no passado.
Assim, não há riscos para a segurança de suprimento com a continuidade da
expansão de empreendimentos renováveis. O aumento da participação das fontes
renováveis na matriz elétrica brasileira é desejável e positivo, contribuindo
para a atração de investimentos, geração de empregos locais e de qualidade e
aceleração da transição energética sustentável do Brasil.
Juntamente com seus associados, a ABSOLAR continuará avaliando os relatórios e
informações disponibilizadas pelas autoridades competentes sobre a ocorrência
do blecaute e trabalhando, de forma colaborativa e construtiva, em parceria com
os órgãos oficiais do setor elétrico e do País. Uma vez constatado e
solucionado este problema pontual, o Brasil evoluirá para um novo patamar de
operação da matriz elétrica nacional, ainda mais segura e sustentável,
eliminando riscos de ocorrências similares.
Para a ABSOLAR, a fonte solar fotovoltaica contribui para diversificar e
aumentar a robustez da matriz elétrica brasileira, com sustentabilidade. Além
disso, a fonte solar é altamente versátil, possui ágil implantação e oferece
rápida recomposição da operação dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN) em
casos de desligamentos.
A versatilidade dos empreendimentos solares fotovoltaicos também é observada na
diversidade geográfica das usinas no território nacional, com centrais
geradoras espalhadas em todas as regiões do País. A operação em conjunto e de
forma diversificada das fontes renováveis abundantes no Brasil, em especial
usinas hidrelétricas, solares, eólicas e termelétricas movidas a biomassa e
biogás, contribui para uma maior segurança de suprimento e resiliência da matriz
elétrica nacional.
Estudo de integração de fontes renováveis variáveis na matriz elétrica
do Brasil
A maior presença das fontes renováveis na matriz elétrica nacional é
ambientalmente desejável, tecnicamente sólida e economicamente viável, conforme
demonstrou o projeto “Sistemas Energéticos do Futuro: Integração de Fontes
Variáveis de Energia Renovável na Matriz Elétrica do Brasil”, com participação
do Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e
Operador Nacional do Sistema (ONS), em parceria com a entidade do governo
alemão Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
(GIZ).
A iniciativa foi fruto de três anos de intensos trabalhos técnicos de
especialistas do setor e analisou, em detalhes, a inserção de grandes
quantidades de energia solar e eólica na matriz elétrica brasileira. As
conclusões confirmaram que é possível aumentar significativamente a
participação destas renováveis a um patamar de mais 40% do total, mantendo a
confiabilidade, segurança e estabilidade, com equilíbrio técnico e econômico
para a expansão e operação, do sistema elétrico brasileiro. As conclusões
derrubam o mito de que as fontes renováveis, por serem variáveis, representem
risco ao sistema elétrico.
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