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sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Minuta sobre causas do blecaute descarta problemas com fontes renováveis e aponta dificuldade no tratamento de dados na operação do sistema elétrico

 

Segundo avaliação da ABSOLAR, documento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicou a ausência de relação do ocorrido com as características tecnológicas das fontes renováveis. Agora, é preciso avaliar o modelo de simulação e a interface entre o operador e os agentes geradores
 

A minuta do Relatório de Análise de Perturbação (RAP), publicada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) nesta semana, deixa claro que não há nenhuma relação entre as características tecnológicas das fontes renováveis eólica e solar e o blecaute elétrico da manhã do dia 15 de agosto.
 
Pela análise da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o documento preliminar do ONS aponta como causa do apagão um desalinhamento no tratamento dos dados pelo operador enviados pelos agentes geradores. Com isso, estão descartadas as especulações infundadas, divulgadas previamente por alguns agentes e entidades do setor, de que a simples presença de centrais geradoras renováveis no sistema elétrico brasileiro teria ocasionado a ocorrência. Diferentemente, a minuta do ONS esclarece que as características tecnológicas das fontes renováveis não deram origem ao blecaute no Sistema Interligado Nacional (SIN).
 
Segundo a entidade, esta versão da minuta não especifica quais usinas renováveis teriam apresentado eventuais comportamentos divergentes aos previstos nas simulações do ONS. Por disso, a verificação ou confirmação de dados com as informações disponíveis até o momento fica prejudicada. A ABSOLAR ressalta que as alegadas diferenças não são uma situação generalizada envolvendo todas as usinas eólicas e fotovoltaicas conectadas na rede de supervisão do operador. Agora, a associação aguarda os detalhes e as providências que, segundo o documento, serão tomadas pelo ONS, para aprimoramento da operação do sistema e melhoria da interface com os agentes geradores.
 
Com a publicação do documento preliminar, fica evidente que não há nenhuma relação do blecaute com as características tecnológicas das fontes renováveis e que é preciso avaliar com diligência os modelos de simulação e a interface entre o operador e os agentes geradores. Na prática, o ocorrido no dia 15 de agosto poderia acontecer com qualquer fonte de geração, não sendo exclusividade desta ou daquela fonte, renovável ou não, como ocorrido no passado.
 
Assim, não há riscos para a segurança de suprimento com a continuidade da expansão de empreendimentos renováveis. O aumento da participação das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira é desejável e positivo, contribuindo para a atração de investimentos, geração de empregos locais e de qualidade e aceleração da transição energética sustentável do Brasil.
 
Juntamente com seus associados, a ABSOLAR continuará avaliando os relatórios e informações disponibilizadas pelas autoridades competentes sobre a ocorrência do blecaute e trabalhando, de forma colaborativa e construtiva, em parceria com os órgãos oficiais do setor elétrico e do País. Uma vez constatado e solucionado este problema pontual, o Brasil evoluirá para um novo patamar de operação da matriz elétrica nacional, ainda mais segura e sustentável, eliminando riscos de ocorrências similares.
 
Para a ABSOLAR, a fonte solar fotovoltaica contribui para diversificar e aumentar a robustez da matriz elétrica brasileira, com sustentabilidade. Além disso, a fonte solar é altamente versátil, possui ágil implantação e oferece rápida recomposição da operação dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN) em casos de desligamentos.
 
A versatilidade dos empreendimentos solares fotovoltaicos também é observada na diversidade geográfica das usinas no território nacional, com centrais geradoras espalhadas em todas as regiões do País. A operação em conjunto e de forma diversificada das fontes renováveis abundantes no Brasil, em especial usinas hidrelétricas, solares, eólicas e termelétricas movidas a biomassa e biogás, contribui para uma maior segurança de suprimento e resiliência da matriz elétrica nacional.
 
 
Estudo de integração de fontes renováveis variáveis na matriz elétrica do Brasil
 
A maior presença das fontes renováveis na matriz elétrica nacional é ambientalmente desejável, tecnicamente sólida e economicamente viável, conforme demonstrou o projeto “Sistemas Energéticos do Futuro: Integração de Fontes Variáveis de Energia Renovável na Matriz Elétrica do Brasil”, com participação do Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Operador Nacional do Sistema (ONS), em parceria com a entidade do governo alemão Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ).
 
A iniciativa foi fruto de três anos de intensos trabalhos técnicos de especialistas do setor e analisou, em detalhes, a inserção de grandes quantidades de energia solar e eólica na matriz elétrica brasileira. As conclusões confirmaram que é possível aumentar significativamente a participação destas renováveis a um patamar de mais 40% do total, mantendo a confiabilidade, segurança e estabilidade, com equilíbrio técnico e econômico para a expansão e operação, do sistema elétrico brasileiro. As conclusões derrubam o mito de que as fontes renováveis, por serem variáveis, representem risco ao sistema elétrico.


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