De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), estimativas para o próximo triênio não são nada animadoras. Dr Fernando Zamprogno, oncologista, explica mais sobre a doença
Agosto está chegando ao fim, mas as lições deixadas
pela campanha “Agosto Branco” devem ser lembradas todos os dias. O mês traz um
alerta para um dos cânceres mais incidentes na população: o câncer de pulmão.
Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que mais de 30
mil pessoas serão diagnosticadas com câncer de pulmão no Brasil para cada ano
do triênio 2023-2025. O oncologista Fernando Zamprogno, da Rede Meridional/Kora
Saúde explica que o câncer de pulmão é o que mais mata no mundo e que esse dado
revela o tamanho do desafio na busca do diagnóstico precoce e da
prevenção.
Confira a seguir entrevista completa com o médico,
que fala sobre as principais causas do câncer de pulmão, como é feito o
diagnóstico e quais os tratamentos hoje disponíveis para esse tipo de
enfermidade.
O que é o câncer de pulmão?
Câncer de Pulmão é uma neoplasia maligna, ou seja,
uma proliferação de células que se acumulam de modo indevido e por um período
indeterminado e que acabam adquirindo a capacidade de invadir tecidos ao redor,
dentro do pulmão e de gerar metástase pelo corpo.
Quais são os principais
causadores ou fatores de risco do câncer de pulmão?
Nesse processo de formação do câncer, o maior fator
de risco é o tabagismo. Ele é o responsável por cerca de 70 a 75% dos casos de
câncer de pulmão, mas outras causas também podem influenciar, como por exemplo
o gás radônio, presente em alguns granitos, sendo osegundo maior causador do
câncer de pulmão e a poluição atmosférica. Porém, existem alguns subtipos de
câncer de pulmão que não tem relação com isso, casos mais raros.
Quais os sintomas?
Essa é uma neoplasia que, em geral, não causa
sintomas iniciais, porque ela nasce no meio do parênquima pulmonar, um local
que não provoca dor. Com o aumento do tamanho da lesão, podem surgir sintomas,
como compressão de brônquio, causando tosse e falta de ar, pode também invadir
a pleura, causando falta de ar e cansaço. Ele pode, também, eventualmente
causar sangramentos, que são eliminados pela pessoa por meio da tosse, por
exemplo.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por biópsia, que pode ser
cirúrgica ou minimamente invasiva. Os exames, que dão apoio e ajudam na
suspeita da doença são Raio-X e Tomografia, sendo a tomografia mais sensível,
detectando a doença mais no início. Por isso, todo fumante, principalmente os que
já fumam há mais de 20 anos, precisam fazer uma tomografia por ano, para buscar
nódulos suspeitos. Isso ajuda a salvar vidas!
Quais as chances de cura?
A cura do câncer de pulmão depende do diagnóstico
precoce e de uma boa operação. Além disso, as trocas e conversas entre
cirurgiões e oncologistas ajudam no tratamento e na chance de cura. Todos que
estejam passando por uma situação de suspeita de câncer de pulmão precisam de
uma avaliação global.
O câncer de pulmão é o que mais mata no mundo e
isso mostra o tamanho do desafio: Fazer diagnóstico precoce e trabalhar na
prevenção. Prevenção, na concepção da palavra, é evitar que algo aconteça e eu
preciso, então, não me expor ao risco patente. E, como comentei, o maior risco
é o cigarro.
É preciso combater o tabagismo de forma mais
agressiva. Aceitar que o indivíduo fume por escolha, mesmo que isso possa gerar
uma séria de doenças, não é o caminho. O caminho é combater o tabagismo!
Quais os tratamentos?
Para falar sobre tratamento, é inevitável citar a cirurgia.
Cirurgia é o grande esteio do tratamento, é por onde começamos a ganhar da
doença. Fazemos uma avaliação cirúrgica, para retirar a lesão e muitas vezes os
linfonodos, quando estão acometidos pela doença.
Para além da cirurgia, temos também indicação de
quimioterapia, para alguns indivíduos, uso de uma droga oral, para outros, e
imunoterapia. Isso para o pós cirurgia, é o que chamamos de adjuvante. Os
indivíduos que não podem se submeter à cirurgia, por estarem com a doença mais
avançada, não o fazem porque os resultados alcançados com a quimioterapia com
radioterapia, seguido de imunoterapia são mais efetivos do que a cirurgia. A
que se pesar que as doenças mais avançadas são menos curáveis, infelizmente. Por
fim, há o grupo em que, infelizmente, a doença está avançada, metastática, em
que o tratamento é de controle, onde a cura não é possível, mas é possível
controlar a doença por um tempo longo.
O câncer de pulmão pode dar metástase para o
próprio pulmão, para a pleura, para o mediastino, para o fígado, para o cérebro
e para os ossos. O cérebro, infelizmente, é um dos grandes pontos de metástase
e o prognóstico piora, infelizmente, com lesão cerebral. Mas há todo um esforço
de tratamento, com cirurgia e demais terapias, tudo com o objetivo de tentar
controlar ao máximo.
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