Maria Letícia de Araujo |
Sintomas afetam majoritariamente mulheres na pós-menopausa e são pouquíssimos discutidos, evidenciando a urgência de mais atenção
A atrofia vaginal é uma condição que merece atenção
e compreensão, pois impacta de maneira significativa a vida sexual das mulheres
em diferentes estágios de suas vidas. De acordo com um estudo recente conduzido
pelo National Center for Biotechnology Information (NCBI), a atrofia vaginal é
uma realidade comum para mulheres de todas as idades, mas é mais prevalente
entre aquelas que passaram pela menopausa.
Na pesquisa, foi observado que cerca de 15% das
mulheres apresentam sintomas de atrofia vaginal antes da menopausa, enquanto
entre 40% a 57% das mulheres na pós-menopausa experimentam os sintomas. A queda
acentuada de 95% na produção de estrogênio, durante a menopausa, desempenha um
papel crítico nesse processo.
Silêncio e barreiras na busca
por tratamento
Surpreendentemente, mesmo diante da relevância
desses números, aproximadamente 70% das mulheres que experimentam sintomas de
atrofia vaginal evitam discutir o assunto com seus médicos. A vergonha e a
falta de informação são frequentemente citadas como as principais razões para
esse silêncio. Além disso, crenças culturais, religiosas e sociais contribuem
para essa relutância em buscar ajuda. Essa tendência tem como resultado o
subdiagnóstico e o subtratamento dessa condição delicada, deixando muitas
mulheres sem a assistência necessária.
Os dados apresentados pela Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) trazem à tona um quadro
preocupante quanto ao acesso a cuidados médicos essenciais. Milhões de
brasileiras ainda não tiveram o acompanhamento de um ginecologista, sendo que
outras milhões não consultam um há quatro anos ou mais, o que destaca a
importância de conscientizar as mulheres sobre a necessidade de cuidados
contínuos em saúde reprodutiva.
Impacto na vida sexual e a
soluções
A atrofia vaginal não apenas traz desconforto
físico, mas também afeta a vida sexual das mulheres em várias maneiras.
Pesquisas revelam que 62% das mulheres com atrofia genital evitam a intimidade,
58% têm menos atividade sexual, 35% adiam ou evitam a relação sexual e 23%
chegam a excluir o sexo de suas vidas, afetando a saúde emocional e os
relacionamentos.
A psicoterapeuta holística Carla Maria Rezende
Rodrigues, de 61 anos, procurou ajuda médica aos 58 anos após sentir intensas
dores durante as relações sexuais. “Você se sente muito mal com o desconforto e
a restrição que impõe nas relações íntimas e se sente anormal”, relembra.
Carla aconselha sobre a importância de buscar
informações referentes ao tratamento, de ampliar o autoconhecimento e encontrar
um profissional de confiança. “Procurem conversar, se informar, não se
sintam diferentes, incapazes ou infelizes por isso. É possível continuar nossas
vidas sexualmente saudáveis e de modo mais pleno”.
Responsável pelo tratamento de Carla, Alexandra
Ongaratto, médica ginecologista endócrina e Diretora Técnica do primeiro Centro
Clínico Ginecológico do Brasil, o Instituto GRIS, explica que a Terapia
Hormonal Local (THL), que utiliza estrogênio na forma de cremes ou anéis
vaginais para restaurar os tecidos afetados, e Terapias Não Hormonais, como
tratamentos a laser, estimulam a regeneração dos tecidos e são opções eficazes
para o tratamento.
“Uma vida sexual ativa, uma dieta saudável e
consultas regulares ao ginecologista são componentes cruciais para manter a
saúde vaginal e melhorar a qualidade de vida", enfatiza a médica.
O Instituto GRIS tem como um dos pilares oferecer
informações, tratamentos e apoio holístico para as mulheres que enfrentam os
desafios da atrofia vaginal. ”Nosso objetivo é promover a conscientização e a
busca por tratamentos eficazes, exercendo papel ativo no auxílio às mulheres
que desejam recuperar sua confiança e bem-estar sexual”, finaliza Alexandra.
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