Dos 35 aos 39 anos, para 50% delas o procedimento foi visto como possibilidade
A eterna Rachel da série "Friends", Jennifer Aniston, veio a público dizer no ano passado que adoraria que alguém a tivesse orientado a congelar os óvulos. A atriz contou que até os 40 anos fez diversas tentativas de engravidar, por meio da Fertilização In Vitro (FIV), e que poderiam ter dado certo, caso ela houvesse optado pela chamada “criopreservação de oócitos” - termo técnico dado ao processo pelo qual os óvulos são colhidos, congelados e armazenados para uso posterior.
Nas terras tupiniquins, diga-se, o procedimento vem
sendo alvo de expressiva demanda nos últimos anos, posto que de acordo com o
último Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), em
2020 e 2021 foram realizados mais de 21 mil ciclos relacionados à reprodução
humana assistida, com mais de 154 mil óvulos congelados.
Variadas condições e doenças podem prejudicar a
fertilidade de homens e mulheres. Tabagismo, Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST's) e desequilíbrios hormonais são alguns dos fatores, sendo
que um dos principais diz respeito ao tempo, já que para ambos a capacidade
reprodutiva diminui gradualmente com o passar dos anos. Em especial para a
mulher, todavia, o avançar do relógio biológico parece ser mais drástico, já
que há um prazo definido para a produção de óvulos. É por isso que a gestação
natural se torna mais difícil conforme transcorre a idade.
Cada mulher nasce com uma quantidade fixa de óvulos
e, para se ter uma ideia, a cada mês, são perdidos cerca de mil em um corpo
saudável. Em torno dos 30 anos, especialistas apontam que 90% deles já se foram
desse aporte do organismo e a chance de engravidar nessa faixa etária é de 15%
a cada ciclo menstrual. Acompanhando essa tendência, dos 36 aos 40 anos, a
probabilidade cai para 9%. E, referente ao tema, no último estudo efetuado pela
Famivita, 44% das entrevistadas
disseram que para elas congelar óvulos seria uma opção aos 35 anos, se não
tivessem concluído o planejamento familiar.
Na faixa etária dos 30 aos 34 anos, 46% das
mulheres destacaram que o congelamento seria uma possibilidade, segundo os
dados coletados. Já dos 35 aos 39 anos, esse número foi de 50%. Vale enfatizar
que para 52% das mulheres tentando engravidar, o procedimento também é visto
como uma alternativa.
No que se refere às informações por Estado,
Tocantins, Amazonas e Goiás lideraram o ranking, com 56%, 52% e 51% delas,
respectivamente, dizendo que o procedimento poderia trazer vantagens, em caso
de não terem já concluído o planejamento familiar. Nesse mesmo ranking, São
Paulo aparece com 49% e Rio de Janeiro com 46%.
Congelamento de óvulos: como
se faz e quais as taxas de sucesso?
De forma geral, no procedimento, a mulher necessita
aplicar por cerca de 12 dias uma injeção de hormônio na área da barriga, para
que seja realizada a estimulação dos ovários. Sem as injeções, as pacientes
liberam em média um óvulo por mês, por vezes dois, então o estímulo tem o
objetivo de aumentar esse número para 10 a 12 óvulos.
Após esse período, a paciente recebe uma anestesia
superficial, com o objetivo de evitar que sinta dor no procedimento e, através
de uma agulha acoplada a um ultrassom, os óvulos são coletados, dentro do
ovário. Apenas os que estão maduros são congelados, por meio de um processo
chamado "vitrificação": um tipo de congelamento rápido no qual os
óvulos são banhados em nitrogênio líquido para evitar a formação de cristais de
gelo, que poderiam danificá-los. Depois disso, os óvulos podem ser mantidos no
espaço onde foram vitrificados ou enviados para outro local para armazenamento
em longo prazo.
O êxito da técnica depende da idade da paciente e da
quantidade de óvulos congelados — quando ela é efetuada abaixo dos 35 anos e
mais de 10 óvulos são preservados, por exemplo, a taxa de sucesso, ou seja, a
chance de ter uma gravidez bem-sucedida no futuro, é alta, de 60% a 70%.
O congelamento de óvulos costuma ser sugerido para
mulheres que não podem, ou não desejam, uma gravidez no momento atual ou em um
futuro próximo. Certos casos, todavia, não deixam muita escolha para elas, como
jovens que descobriram ter câncer, por exemplo — isso porque como a quimioterapia
danifica a reserva de óvulos, podendo deixar a mulher infértil, convém fazer
esse congelamento, antes que o tratamento passe a ser efetivado. Há, também,
casos de homens trans que decidem congelar os óvulos antes do efeito dos
hormônios ou cirurgias de confirmação de gênero gerarem infertilidade.
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