Considerado
como Agosto Laranja, a conscientização da Esclerose Múltipla contribui para o
diagnóstico precoce e tratamento adequado da doença
Com uma prevalência estimada em 15 casos por 100
mil habitantes, a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) calcula
que no Brasil existem cerca de 40 mil casos da doença no país. A
esclerose múltipla (EM) afeta o sistema nervoso central, incluindo o cérebro e
a medula espinhal, e é causada por uma combinação de predisposição genética e
fatores ambientais.
Desde 2006, a data de 30 de agosto foi escolhida no
país, por meio da Lei Federal nº 11.303, em que médicos, pesquisadores e
instituições de saúde se mobilizam para conscientizar a população sobre a
doença e seus impactos na vida dos pacientes.
“A conscientização sobre a doença é fundamental
para reduzir o estigma e a discriminação enfrentados pelos pacientes, além de
promover o diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos adequados”, explica o
Dr Edson Issamu, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São
Paulo.
Ele enfatiza ainda que a EM não é doença mental,
não tem cura e não é contagiosa. “O tratamento consiste em atenuar os sintomas
e desacelerar a progressão da doença, medicamentos e rotina de exercícios
físicos compõem a abordagem com o objetivo de proporcionar qualidade de vida ao
paciente”, afirma o especialista.
Mais comum em mulheres, a EM afeta, em geral,
pessoas entre 20 e 40 anos. Embora não haja cura, existem tratamentos eficazes
que podem aumentar as chances de remissão e melhorar a qualidade de vida dos
pacientes, incluindo medicamentos, exercícios físicos e reabilitação.
“Muitas vezes, um primeiro surto ou primeiras
ocorrências não deixam grandes consequências, mas a doença pode estar se
instalando em áreas mais silenciosas. Conhecer os sintomas e identificar isso
em tempo representa oportunidade para evitar a progressão da doença e sequelas
permanentes”, destaca o Dr Issamu.
Sintomas
A EM é uma doença neurológica, crônica e autoimune
que afeta o sistema nervoso central, incluindo o cérebro e a medula espinhal. A
doença não é transmissível e não tem cura. Pode se manifestar por diversos
sintomas, que podem variar de caso para caso, a depender de quais e quantos
nervos foram afetados.
“É um transtorno neurológico, crônico e autoimune,
ou seja, as células de defesa do organismo atacam o sistema nervoso central com
danos à mielina – gordura que isola os nervos, afetando a maneira como os
impulsos elétricos são enviados de e para o cérebro”, detalha Dr. Issamu.
Os sintomas mais comuns incluem déficit motor,
sensibilidade, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação
motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga, distúrbios
sensoriais como dormência ou formigamento no corpo, problemas visuais causados
por danos no nervo óptico, como visão embaçada, baixa visão e visão dupla, além
de dificuldade para falar ou engolir.
A fadiga é um sintoma debilitante que pode ser
desproporcional em relação à atividade realizada. A progressão do quadro ainda
pode desencadear outros sintomas posteriores. Alterações de humor e cognitivas
também podem se manifestar.
Como é feito o diagnóstico da
Esclerose Múltipla?
O diagnóstico se baseia em uma combinação de
sintomas, exame físico, exames laboratoriais e de imagem. Não existe um único
teste específico para diagnosticar a doença, mas sim um conjunto de critérios
que os médicos utilizam para chegar a um diagnóstico preciso. Entre os itens
para o diagnóstico da esclerose múltipla:
- Avaliação
dos sintomas: O médico irá realizar uma consulta detalhada para entender
os sintomas apresentados pelo paciente, como fadiga intensa, fraqueza
muscular, alterações de equilíbrio e coordenação, problemas visuais, entre
outros.
- Exame
físico: O médico realizará um exame físico completo, incluindo um exame
neurológico, para identificar possíveis alterações no sistema nervoso
central.
- Exames
laboratoriais: Alguns exames de sangue podem ser solicitados para
descartar outras condições que possam apresentar sintomas semelhantes à
EM.
- Exames
de imagem: A ressonância magnética (RM) é o exame mais utilizado para
auxiliar no diagnóstico da esclerose múltipla. A RM pode mostrar lesões
características no sistema nervoso central, como placas de
desmielinização, que são uma marca registrada da doença.
- Critérios
de McDonald: Os médicos utilizam critérios estabelecidos, como os
critérios de McDonald, para avaliar a disseminação das lesões no tempo e
no espaço, ou seja, a ocorrência de lesões em diferentes momentos e em
diferentes áreas do sistema nervoso central.
“O diagnóstico da esclerose múltipla pode ser
desafiador, pois os sintomas podem ser vagos e semelhantes a outras condições.
Por isso, é fundamental procurar um médico neurologista especializado para uma
avaliação adequada, precisa e em tempo para iniciar o tratamento e melhorar a
qualidade de vida do paciente”, enfatiza o neurologista.
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