Parece que o conceito anywhere office - trabalhar de qualquer lugar do mundo, totalmente remoto - já não faz mais sentido. Empresas que adotaram regimes superflexíveis na pandemia começam a apertar o cerco e convocar os funcionários para cada vez mais dias de trabalho presencial – em muitos casos, todos os dias. Será que a era do home office não passou de um breve sonho?
Para Victor Richarte Martinez, professor de
Psicologia Organizacional e supervisor do NUPO - Núcleo de Pessoas da ESPM, o
movimento de retorno já é sentido em vários países da Europa e do continente
americano. “Esse retorno está ligado diretamente ao vínculo organizacional, que
reflete um menor comprometimento e engajamento às questões das empresas no
ambiente de home office. Com isso, a cultura organizacional fica fragilizada,
porque o colaborador perde a referência simbólica tão importante para a
organização”.
Segundo o especialista, no Brasil essa também é a
tendência. Um levantamento da plataforma de empregos Infojobs de janeiro deste
ano, com base em 7.010 ofertas de emprego, mostra que o trabalho totalmente
presencial representa 94,8% delas. O totalmente remoto, a 2,7%; o híbrido, a
2,48%. O fenômeno é visto com mais clareza entre as grandes multinacionais, que
ditam as tendências do universo do trabalho no mundo. Além das big techs
que também embarcaram forte para o retorno de seus funcionários.
“As startups quando estão hospedadas em hub
(compartilhamento de espaços) há uma riqueza com o presencial, pois propicia o
fortalecimento da gestão de conhecimento, nas interações pessoais e as
articulações tornam-se muito ricas em espaços como esses. As startups têm
prejuízo quando estão isoladas e ganham quando estão em comunidades de
aprendizagem. A convivência presencial traz um rico crescimento para
essas empresas que estão em desenvolvimento”, conclui Martinez.
Lilian Cidreira, professora de Liderança e
Inteligência Emocional da ESPM, concorda que algumas dinâmicas do dia a dia da
empresa têm melhor efetividade nas relações presenciais. “Especialmente no
Brasil, existe nas empresas uma cultura paternalista, em que os colaboradores
enxergam seus gestores como um pai, parente ou professor, que demanda uma
função. Essa co-dependência faz com que os gestores também não se sintam
confiantes o suficiente”, diz.
Fonte: Victor
Richarte Martinez - professor Psicologia Organizacional e supervisor do NUPO -
Núcleo de Pessoas da ESPM, e Lilian Cidreira, professora de Liderança e
Inteligência Emocional da ESPM
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