Para a entidade, é
necessário aguardar a apuração pericial e técnica dos órgãos competentes para
entender as causas da ocorrência
Fonte
solar nas grandes usinas e na geração própria em telhados e pequenos terrenos
contribui para diversificar e aumentar a robustez da matriz elétrica, com
sustentabilidade
As causas que levaram ao
blecaute no sistema elétrico brasileiro, na manhã da última terça-feira (15/8),
e que deixou diversos estados sem eletricidade, devem ser diligentemente
investigadas pelas autoridades, para evitar oportunismos e conclusões
equivocadas. O alerta é da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(ABSOLAR). Para a entidade, é necessário aguardar a apuração pericial e técnica
dos órgãos competentes, para entender de fato as causas da ocorrência.
Na visão da ABSOLAR, a fonte solar contribui para diversificar e aumentar a
robustez da matriz elétrica, com sustentabilidade. Além disso, a fonte solar é
altamente versátil, possui ágil implantação e oferece rápida recomposição da
operação dentro do Sistema Interligado Nacional (SIN) em casos de
desligamentos.
A versatilidade dos empreendimentos solares fotovoltaicos, que operavam fora do
horário médio de pico no momento do blecaute ontem, também é observada na
diversidade geográfica das usinas no território nacional, com centrais
geradoras espalhadas em todas as regiões do País. A operação em conjunto e de
forma diversificada das fontes renováveis abundantes no Brasil, em especial
usinas hidrelétricas, solares, eólicas e termelétricas movidas a biomassa e
biogás, contribui para uma maior segurança de suprimento e resiliência da
matriz elétrica nacional.
Especificamente, no caso da fonte solar, a geração própria instalada em
telhados, fachadas e pequenos terrenos, diretamente nos centros urbanos e de
consumo, ajuda a fortalecer e traz mais resiliência à rede elétrica, ao
concentrar a produção de eletricidade próximo dos locais de consumo. Isso reduz
o uso da infraestrutura de transmissão, aliviando pressões sobre sua operação e
diminuindo perdas em longas distâncias, o que contribui para a confiabilidade e
a segurança em momentos críticos.
A maior presença das fontes renováveis na matriz elétrica nacional é
ambientalmente desejável, tecnicamente sólida e economicamente viável, conforme
demonstrou o projeto “Sistemas Energéticos do Futuro: Integrando Fontes
Variáveis de Energia Renovável na Matriz Energética do Brasil”, com participação
do Ministério de Minas e Energia (MME), Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e
Operador Nacional do Sistema (ONS), em parceria com a entidade do governo
alemão Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
(GIZ).
A iniciativa foi fruto de três anos de intensos trabalhos técnicos de
especialistas do setor e analisou, em detalhes, a inserção de grandes
quantidades de energia solar e eólica na matriz elétrica brasileira. As
conclusões confirmaram que é possível aumentar significativamente a participação
destas renováveis a um patamar de mais 40% do total, mantendo a confiabilidade,
segurança e estabilidade, com equilíbrio técnico e econômico para a expansão e
operação, do sistema elétrico brasileiro. As conclusões derrubam o mito de que
as fontes renováveis, por serem variáveis, representem risco ao sistema
elétrico.
Para Rodrigo Sauaia, presidente executivo da ABSOLAR, o sistema elétrico
brasileiro, com dimensões continentais e devidamente interconectado por linhas
de transmissão, é robusto e seguro para as usinas renováveis em operação. “Além
de garantir segurança aos consumidores brasileiros, o sistema interligado
nacional também se beneficia das usinas solares fotovoltaicas, que fornecem
energia limpa e barata para a população”, comenta. “Obviamente, nenhum sistema
está livre de falhas e acidentes. No caso do blecaute de ontem, os órgãos
competentes atuaram de forma rápida para minimizar os danos e agora precisam
esclarecer à sociedade brasileira as causas da falha de suprimento”, acrescenta.
Já Márcio Trannin, vice-presidente da ABSOLAR, lembra que, na atual composição
do sistema elétrico nacional, não há desbalanço entre oferta e demanda, e a
maior inserção das fontes renováveis, em especial a solar fotovoltaica,
fortalece a sustentabilidade do País. “Também é fundamental para o Brasil
reforçar a sua economia e impulsionar o processo de descarbonização da economia
e transição energética sustentável”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário