A indústria farmacêutica é um dos segmentos mais poderosos do mundo, já que é a encarregada da produção de medicamentos, responsáveis pela manutenção da saúde de bilhões de pessoas ao redor do planeta. De acordo com dados da consultoria IQVIA, a área somou R$ 88,3 bilhões em vendas em 2021, crescimento de 14,7% em relação ao ano anterior.
É um mercado em constante transformação graças aos
seguidos avanços tecnológicos que possibilitam métodos inovadores de
tratamento. Além disso, a evolução da indústria farmacêutica e científica
permitiu unir tratamentos alopáticos e homeopáticos de acordo com a necessidade
do paciente, a fim de oferecer alternativas eficazes e que auxiliem na
qualidade de vida.
Por isso, é fundamental que o setor farmacêutico
esteja atento aos novos métodos de tratamento da população, como o aumento do
uso de medicamentos à base de cannabis medicinal, que hoje auxilia mais de 100
mil pacientes no país, de acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), e tem potencial para atender outras milhões de
pessoas.
Atualmente a produção e o cultivo da cannabis são
proibidos no Brasil, a atual regulamentação permite apenas a importação desses
produtos, ou da matéria prima semi elaborada, por meio de autorizações da
Anvisa. Por isso, ainda é um mercado que há muito a ser explorado no país,
principalmente considerando que a demanda não atende nem em 50% os pacientes
que poderiam ser beneficiados com os produtos, com comprovações científicas de
que estão se tornando cada vez mais eficazes.
Com uma visão mercadológica, isso acaba se tornando
uma grande oportunidade, pois as companhias podem preencher essas lacunas e se
tornarem autoridades no tema. Afinal, a indústria farmacêutica é extremamente
dinâmica e a pressão competitiva da entrada da cannabis não precisa ser
considerada um potencial prejuízo, e sim a evolução de um setor que já existe e
está em constante maturação.
Uma avaliação da Associação Brasileira das
Indústrias de Cannabis (Abicann), com base em dados da Euromonitor, aponta que
o mercado da cannabis deve ganhar força no Brasil nos próximos anos, com
potencial para atrair até US$ 30 bilhões e gerar mais de 300 mil empregos em
dez anos.
O segmento de cannabis é novo, por isso as
companhias não possuem grandes históricos para podermos compartilhar
tendências a longo prazo. Apesar disso, tenho uma perspectiva positiva em
relação ao setor, que vem se expandindo e ainda nos encontramos no começo da
curva de crescimento. Em linhas gerais, o mercado de cannabis é promissor e,
como todo investimento, tem o momento certo para investir, ou seja, analisar os
riscos e oportunidades quanto ao cenário econômico do momento.
Entendo que o principal segredo para o sucesso de
um investimento é saber identificar as oportunidades de mercado e suas possibilidades
de desenvolvimento, além de estar atento às tendências. Afinal, é um processo
que precisa ser estudado com base em possibilidades futuras, principalmente
nesse setor, em que eu acredito muito, considerando as descobertas da ciência,
cada vez mais inovadoras e motivadoras.
Fabrizio Postiglione -
fundador e CEO da Remederi, farmacêutica brasileira que promove o acesso a produtos, serviços e
educação sobre a cannabis medicinal. O executivo estuda a planta há mais de 10
anos e ao longo de sua trajetória profissional, atuou em todo o processo para
produção e comercialização de medicamentos à base de cannabis.
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