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sábado, 7 de janeiro de 2023

Janeiro Roxo: campanha alerta para importância do tratamento precoce da hanseníase

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Mais de 1 milhão e 900 mil adultos brasileiros apresentaram os sintomas da doença em pesquisa realizada em junho de 2022. Especialistas falam sobre estigma que ainda cerca a hanseníase e sobre relevância de um diagnóstico precoce
 



A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que afeta principalmente a pele e os nervos periféricos. É uma doença altamente contagiosa, mas pode ser tratada e curada se diagnosticada precocemente. A campanha conhecida como Janeiro Roxo faz referência à conscientização e à prevenção da hanseníase, regularizada pelo Ministério da Saúde e assegurada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB). De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em junho de 2022, mais de 1 milhão e 900 mil adultos brasileiros apresentaram sintomas da doença, como manchas ou dormência na pele.

“As campanhas são importantes, pois, de forma clara e educativa, esclarecem dúvidas da população, deixando o estigma existente diante do diagnóstico, que hoje quando descoberta de forma precoce, tem tratamentos que são eficazes. Doença milenar, crônica e curável, mas ainda cercada de mitos, estigmas e preconceitos”, pontua a psicóloga Soraya Oliveira, do Instituto Neurológico de Goiânia. Ela destaca, sobretudo, a importância do diagnóstico precoce para evitar a ocorrência de sequelas graves, que geram incapacidades físicas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hanseníase é uma das doenças mais antigas do mundo, sendo conhecida desde a época dos egípcios. No entanto, apesar de ser uma doença relativamente rara em países desenvolvidos, ainda é um problema de saúde pública em países em desenvolvimento, especialmente na África, na América Latina e no Sudeste Asiático.

Os sintomas da hanseníase podem incluir alterações na pele, como manchas brancas ou amareladas, inchaço dos nervos, perda de sensibilidade e fraqueza muscular. Em casos graves, a doença pode levar à deformidades e à incapacidade.



Tratamento e prevenção

O tratamento da hanseníase inclui o uso de medicamentos específicos, como antibióticos prescritos por médicos, administrados para acelerar a cura e evitar recaídas. O tratamento é geralmente realizado em conjunto com o apoio psicossocial e físico, já que a doença pode ter um impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes.

“Existem graves riscos em negligenciar o tratamento da doença, quando se trata da hanseníase que é uma doença curável, mas que dependendo do seu estágio de evolução pode deixar sequelas em seu portador. Optar por não buscar a cura pode trazer consequências como deficiências ou transmissão da bactéria para pessoas que convivam com o mesmo”, explica o médico Victor Bertollo, infectologista do Hospital Anchieta de Brasília.

A prevenção da hanseníase inclui a vacinação contra o bacilo, a promoção de medidas de higiene pessoal e o aumento da conscientização sobre a doença. É importante que as pessoas com suspeita de hanseníase procurem atendimento médico imediatamente, pois o tratamento precoce é fundamental para evitar complicações e garantir uma recuperação completa. Além disso, o acompanhamento psicológico, ainda no início do diagnóstico, se torna significativo e relevante devido ao impacto que a descoberta causa.

Segundo a psicóloga Soraya Oliveira, do Instituto de Neurologia de Goiânia, tratar um paciente com hanseníase envolve não só o cuidado com ele, mas, principalmente, com a família. "O impacto psicológico que o paciente sente ao receber o diagnóstico demanda possibilidades de enfrentamento tanto do paciente como dos familiares, que lhes causam reações psicológicas confusas, como o afastamento social, a vergonha, a negação diante do diagnóstico, questionamentos com sentimentos de raiva e revolta, sentimentos de culpa, medo da morte, exclusão, alteração de humor. Tudo isso é provocado por um auto estigma, devido à falta de informação a respeito da doença e do preconceito que ela carrega. É recorrente a dificuldade de compreensão e aceitação da doença por parte dos pacientes", afirma.


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