Terminei meus mestrado e doutorado fora do Brasil, preciso que esses títulos sejam reconhecidos aqui? Essa é uma pergunta que deve ser feita por muitas pessoas.
Uma Portaria do MEC (nº 22/2016) determina, em seu art. 1º, § 2º, que “os
diplomas de mestrado e de doutorado expedidos por universidades estrangeiras só
poderão ser reconhecidos por universidades que possuam cursos de pós-graduação
reconhecidos e avaliados na mesma área de conhecimento e em nível equivalente
ou superior”.
Todos os diplomas de graduação e de pós-graduação stricto sensu (mestrado e
doutorado), obtidos no exterior, devem ser reconhecidos por universidades
brasileiras regularmente credenciadas que possuam cursos na mesma área de
conhecimento.
Então respondendo à pergunta título desta matéria, a especialista em educação
com mais de 25 anos de experiência e atuação na Universidade Nova Lisboa, em
Portugal, Sandra Raphael disse que sim. Os brasileiros com formação no exterior
precisam observar e cumprir as directivas acima mencionadas.
“Contudo, é importante mencionar que há casos e casos. Ou seja, para aqueles
diplomados no exterior e que pretendam seguir carreira acadêmica, é
indispensável a observância e tratativas de reconhecimento da formação. Já para
aqueles que seguem suas carreiras no mundo corporativo, muito raramente é
solicitado tal reconhecimento”, explicou.
Segundo Sandra, esta situação acontece porque no meio corporativo o “saber
fazer” é mais importante que o “certificado” que diz que temos determinada
competência.
“Aliás, essa vertente do saber fazer é muito mais importante do que possa
parecer. Muitos graduados, pós-graduados, mestres, ficam à espera de um emprego
perfeito, com cargos e salários sobejamente expressivos justamente por
possuírem os referidos diplomas. Naturalmente que a certificação acadêmica é de
extrema importância, mas sua relevância será mais reconhecida pelo mercado
quando associamos tais reconhecimentos acadêmicos com o saber fazer”, alertou.
Para a especialista, na experiência e vivência prática, os diplomas acabam não
sendo suficientes para que nos mantenhamos e que possamos evoluir em nossas
carreiras.
“Se não aplicarmos nossos conhecimentos e investirmos constantemente em nosso
aperfeiçoamento contínuo – lifelong learning – acabamos por esperar o que
dificilmente chegará para os que se acomodaram a uma graduação ou formação
obtida há mais de 5 anos”, pontuou.
Por isso, também segundo ela, que é absolutamente fundamental que continuemos a
investir em nossa formação, que procuremos por instituições de ensino que
tenham percebido a importância em acompanhar o ritmo e estilo de vida do
profissional da atualidade e que forneçam programas e metodologias de ensino
compatíveis com as características de um mundo em constante mutação: menos
tempo, menos recursos e maior necessidade de resultado e excelência.
“Eu, por exemplo, passando por mais de 29 países durante os 25 anos que morei
fora do Brasil, nunca me foi exigido sequer apresentar um diploma. Contudo, a
todo instante tinha que demonstrar o meu saber, independentemente da formação
e/ou titulação que dizia possuir”, revelou.
Para ela, como aborda de forma magnífica a teoria das inteligências múltiplas,
do psicólogo e professor de Harvard, Howard Gardner, a inteligência consiste na
habilidade de resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em
um ou mais ambientes culturais.
Sandra relembrou que os primeiros estudos de Gardner definiram as inteligências
múltiplas em sete tipos: Lógico-Matemática, Linguística, Interpessoal,
Intrapessoal, Físico-Cinestésica, Espacial e Musical.
“Portanto, a capacidade avaliada pelo mercado de trabalho, vai muito além da
que podemos comprovar através de um certificado. Valemos pelo que fazemos. Se
não sabemos fazer, não teremos valor e relevância para o mercado, podemos até
conseguir uma colocação, afinal, o papel aceita tudo, mas não conseguiremos
permanecer e fazer com que nossa contribuição seja perene”, disse.
“O conselho é: invista em você. Invista no autoconhecimento, em formação
contínua, procure a parceria de instituições e profissionais atualizados e
comprometidos com o desenvolvimento de competências e excelência. E foque:
resultado. O mercado procura por resultado e não por certificação”, finalizou.
Sandra Raphael - Administradora de Empresas e pós-graduada em Gestão, pela Nova School of Business & Economics – Lisbon, Portugal. Master Coach certificada pela The International Association of Coaching e SLAC Sociedade Latino Americana e tem Certificação Internacional de Chief Happiness Officer. Fundadora da escola de negócios em Luanda, Angola. Palestrante, treinadora e consultora, especialista em multiculturalidade e interculturalidade. Vasta experiência nos mercados brasileiros, europeu e africano. Autora e co-autora de artigos e case studies sobre a Gestão em Ambiente Multicultural.
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