Pois bem, agora tudo muda e os investidores querem nos fazer crer que alimentos sintéticos e altamente processados são a salvação do planeta e da saúde. Ignorando o impacto da cadeia de suprimentos tóxicos cuja fabricação desses novos produtos dependem, com nova roupagem e estratégia de mercado, as carnes de mentira vêm ganhando destaque e já invadem prateleiras de mercados sem a nossa compreensão de que aí existe, pasmem, até mesmo um viés político.
Conforme explica o médico americano Joseph Mercola, o novo alvo de globalistas investidores, como Bill Gates, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Richard Branson, Bloomberg e outros, são as carnes cultivadas em laboratório e os substitutos de laticínios. Existe até mesmo uma alternativa ao leite materno, feito em laboratório a partir de tecido mamário cultivado – Biomilq, esperado no mercado dentro de três a cinco anos.
Há dois tipos de carnes de mentira:
● Carnes feitas a partir de proteínas vegetais e processadas para conseguir aspecto e sabor de carne;
● Carnes feitas a partir de células animais de verdade, via processo de “fermentação”. O tecido é retirado do animal vivo (vaca), combinado com células-tronco extraídas, que se diferenciam e crescem como fibras musculares durante seis semanas em biorreatores. As temperaturas podem variar de 30,5°C a 32,2°C. Uma vez obtida quantidade suficiente de fibras (mais de 20.000) no processo, estas são tingidas, picadas, misturadas com gorduras e moldadas em hambúrgueres.
Mas vamos aos fatos e aqui explico algumas questões importantes do processo de fabricação de alimentos sintéticos criados em laboratórios. Caso contrário, corremos o risco de entender o processo de fermentação sintético de células como sendo inofensivo e natural. Não é, pois enquanto o processo de fermentação, por exemplo da cerveja, produz resíduos comestíveis para animais, compostáveis e sem risco biológico, o mesmo não pode ser dito para os fermentos biológicos sintéticos. O biolixo precisa ser desativado e descartado com segurança, não pode ir para aterro sanitário, afirma o médico Mercola.
A principal diferença entre os alimentos processados e os novos alimentos sintéticos é o uso de inovações tecnológicas, como a biologia sintética e a engenharia genética. A biologia sintética é um novo tipo de biotecnologia que cria organismos e microrganismos não existentes, reconfigurando a informação genética de organismos ou ainda adicionando partes do DNA de outros organismos de maneira a conseguir alterações capazes de criar uma célula ou um “ser” totalmente novo. Estes pequenos organismos ou células são “fermentados” com o intuito de produzir ingredientes totalmente sintéticos.
Entenda que estamos criando organismos geneticamente modificados e novos, que jamais existiram na face da Terra. Não podemos prever os riscos que corremos com o descarte intencional ou não desses organismos no meio ambiente, alerta o médico americano Mercola.
De acordo com Alan Lewis, Conselheiro da Associação de Saúde Orgânica e Natural, a matéria prima ou os ingredientes em produtos biológicos sintéticos fermentados são açúcares baratos, derivados do milho e da soja transgênica.
Ora, não podemos esquecer o fato de que as culturas com grãos geneticamente modificados são monoculturas, e estas para sobreviver ao ataque das pragas são tratadas com enormes quantidades de herbicidas, pesticidas e fertilizantes químicos. Como resultado, todos esses resíduos químicos acabam no produto que, sem o conhecimento de como são feitos, consumiremos iludidos e, possivelmente, acreditando que estamos colaborando com a preservação do meio ambiente ao migrarmos para alimentos sintéticos. Mas não é bem assim, e há muito a ser avaliado e estudado. Lembrando ainda que as monoculturas acabam com os nutrientes do solo, contaminam o suprimento natural de água, usam enormes volumes de água para irrigação e os solos desgastados são susceptíveis à erosão e degradação.
Lewis ainda explica que além dos açúcares, centenas de outros ingredientes podem ser adicionados ao fermento para se adquirir o produto desejado, como por exemplo, determinada proteína, cor, sabor ou aroma. Com grande frequência, a Escherichia coli ou E.coli é o microrganismo usado nos processos de fermentação. A bactéria, cujo gene foi editado previamente, é capaz de produzir durante o próprio processo de digestão o produto desejado. Mas esta também precisa ser resistente a antibióticos, pois precisa sobreviver aos antibióticos usados para matar outros organismos indesejáveis no tanque de fermentação. Certamente, a prática levará a incorporação, ao produto acabado, de organismos resistentes aos antibióticos. Os diferentes tipos de doenças alimentares que podem surgir causadas pela alteração genética da bactéria E.coli e metabolitos ninguém, hoje, é capaz de dizer, alerta o médico americano Mercola.
Dessa forma, muitos estudos vêm questionando as novas indústrias startups ao afirmarem a sustentabilidade e a promoção de produtos à base de vegetais como se estes atendessem as necessidades nutricionais sem prejuízos à saúde. E ainda, se o uso de produtos comodities e ultra processados como a soja, ervilha, batatas misturados a uma série de aditivos alimentares químicos já trazem suspeitas, agora temos os alimentos sintéticos, criados com ingredientes artificiais e microrganismos geneticamente modificados, numa tentativa perigosa de reproduzir o sabor e a textura de produtos animais reais.
E para finalizar vamos ao viés político: Não é curioso que a União Europeia tenha acabado de aprovar a lei do desmatamento que impede a exportação de produtos comodities como a soja? Mas esta mesma soja não é uma das importantes matérias-primas na fabricação de carnes de mentira? Aparentemente, comodities ferem a lei do desmatamento, mas não quando se trata da fabricação de carnes a base de vegetais. Claro, quando indústrias gigantes como Tyson, JBS, Cargill, Nestle e Maple Leaf Foods, de braços com os globalistas, investem no promissor e lucrativo mercado de alimentos sintéticos e vegetais processados, tudo é permitido. Afinal o que vale mesmo são os lucros, não a saúde humana ou o meio ambiente. É preciso cautela e reflexão!
Florence Rei - formada em Química pela Oswaldo Cruz em São Paulo, graduada pela Faculdade de Medicina OSEC em Biologia e formada em Microscopia Eletrônica.
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