Os resultados eleitorais aumentam interesse em sair do país. O principal motivo é que os descontentes usam o desfecho das urnas para iniciarem o processo, por temerem crise financeira e de segurança pública. Essa afirmação se comprova com registro de alta na procura por consultoria legal para solicitação de vistos, segundo levantamento do Dell’Ome Law Firm, escritório fundado pela advogada brasileira Liz Dell’Ome, com sede em Nova York e especializado em imigração de brasileiros para os EUA.
Na Dell´Ome Law Firm a procura por expatriação foi
assim:
Ano sem eleição
Set 2021: 154
Out 2021: 125
Ano com eleição
Set 2022: 842
Out 2022: 1.222
De setembro 2022 para outubro
2022, alta de 45,13% na procura.
Agora, comparando outubro
inteiro do ano passado (2021), sem eleição, com outubro desse ano (2022) com
eleição, alta de 877,6% na busca por expatriação para os EUA na Dell’Ome Law
Firm.
No entanto, a mudança não é tão simples assim.
“Existem três caminhos básicos para quem deseja um visto que garanta o Green
Card para si e para a família: 1. profissionais com carreiras consolidadas e
ótima formação acadêmica e; 2. profissional brasileiro que deseja empreender
nos EUA e tenha um robusto business plan; 3. investidores qualificados”,
explica Liz Dell'Ome.
Normalmente, o perfil médio de quem procura essa
mudança é de famílias de classe média, motivadas por segurança, medo de crise
financeira e busca educação gratuita e de boa qualidade para os filhos. Em
geral é um público a partir de 35 anos, com 2 filhos e, importante destacar,
com carreira já desenvolvida no Brasil – entre cinco a dez anos de experiência
em sua área de atuação profissional. “O inglês fluente não é uma exigência
imigratória, mas ajuda já que o processo é neste idioma”, afirma Liz.
No caso de quem busca Green Card baseado em
emprego, chamado de visto EB -- os Estados Unidos devem emitir cerca
de 200 mil vistos de trabalho no ano fiscal de 2023, que começa em outubro de
2022 e se encerra em setembro de 2023--, o solicitante precisa comprovar que
contribuiu de forma significativa para sua área de atuação no Brasil. “Por
exemplo, um administrador de empresas tem que mostrar os resultados
financeiros positivos da sua gestão administrativa. Também é necessário provar
para o oficial de imigração que a carreira tem continuidade tanto no Brasil
quanto nos EUA, portanto ela é essencial para ambas as economias”, completa a
advogada.
Quanto custa o processo de
imigração?
O processo de imigração tem um investimento
elevado, mesmo para famílias de classe média. O valor inicial é de
aproximadamente R$75 mil por família. Se imaginarmos uma família com 4 pessoas,
seriam necessários, de saída, R$100 mil, para cobrir além dos honorários as
taxas do governo americano e outros serviços como traduções de documentos e
avaliações de certificações acadêmicas. Pode-se até pensar em excluir desse
preço a contratação de um advogado especializado, mas a economia não é
recomendada. Em alguma fase do processo será necessário o auxílio legal para
revisão de documentos, e até algum recurso ou contextualização legal
perante o Departamento de Imigração dos EUA. O problema é que dificilmente um
advogado de imigração aceitará um caso já em andamento, por não ter o histórico
daquele processo, ou os detalhes e minúcias contidos no caso, o que, de acordo
com Liz, podem aumentar a chance de uma negativa imigratória.
Além desse valor, é preciso também ter condições
financeiras para se sustentar no país. E, acima de tudo, é fundamental
comprovar que a chegada dessa família ao país contribuirá com a economia
local, seja demonstrando uma qualificação profissional excepcional,
ou abrindo um negócio para gerar empregos.
“Para provar capacidade financeira é preciso
mostrar que o potencial profissional do imigrante foi o que gerou tais
recursos. Uma das formas de demonstrar isso é com a declaração de Imposto de
Renda, daí novamente temos uma barreira cultural importante. Em muitos casos,
os brasileiros fazem suas declarações como isentos para escaparem de
arrecadação pelo Fisco, o chamado ‘jeitinho brasileiro’. As autoridades de
imigração americanas são treinadas para identificarem qualquer suspeita de
fraude ou omissão em impostos, o que, não tão raro, torna o imigrante
inelegível para o visto americano de trabalho”, salienta a advogada brasileira
especializada em expatriação.
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