Preconceito e desinformação fazem
homens resistirem às visitas médicas e exames de rotinaAdobe Stock
O Câncer de próstata, segunda doença mais comum entre os homens,
surge de forma silenciosa e em uma região que não costuma apresentar sintomas,
atingindo um a cada seis indivíduos no Brasil. Frente a isso, todo ano, a
sociedade se mobiliza com propósito de chamar a atenção para a importância do
diagnóstico e tratamento precoce.
De acordo com Dr. Renato de Oliveira, ginecologista especialista
em reprodução humana da Criogênesis, é através do exame de
toque retal que o médico vai avaliar alterações na próstata, como endurecimento
e presença de nódulos suspeitos. “Aproximadamente 20% dos pacientes com câncer
de próstata são diagnosticados somente pela alteração constatada neste exame.
Por isso, é importante ampliar o acesso à informação para um número cada vez
maior de pessoas”, alerta.
Outro fator que vem preocupando especialistas é o crescimento da
doença em um público mais jovem. Dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto
Vencer o Câncer (IVOC), com patrocínio da Bayer, estimam que o número de casos
passaria de 1.276.106 (2018) para 2.293.818 (2040), projetando um aumento de
80% no número de diagnósticos.
Diante deste cenário, o médico afirma que a idade ideal para
iniciar o check up pode ter uma pequena variação. “Em geral, é
recomendado que os homens comecem a fazer os exames a partir dos 50 anos. No
entanto, caso haja histórico da doença na família, é aconselhável antecipar
para 40-45 anos. Da mesma forma, indivíduos da raça negra devem se preocupar
mais precocemente também", orienta.
Porém, a melhor prevenção, que é o acompanhamento médico, é motivo
de obstáculo para muitos homens. “Infelizmente, a falta de acompanhamento e o
preconceito, principalmente com o toque retal, por vezes, é a causa de mortes
que poderiam ser evitadas pelo diagnóstico precoce”, diz.
Sérgio Moreira da Costa, Consultor Jurídico, Pesquisador e
Professor Universitário do UNASP, enfatiza que, “apesar de muitos esforços no
desenvolvimento de políticas públicas e estratégias, a mortalidade por câncer
de próstata continua crescendo no decorrer dos anos, e isso não pode ser
ignorado. Estamos no momento de rever tudo o que foi feito até agora e
identificar o que precisa ser melhorado ou adaptado”, afirma.
Sendo assim, para desconstruir o tabu acerca dos cuidados
masculinos, é necessária a criação de novas campanhas inerentes à saúde e à
prevenção do homem. “Existem diversas campanhas e opções de tratamento. O
avanço tecnológico e o melhor conhecimento da anatomia prostática, que
resultaram em cirurgias menos mórbidas, com menores complicações e ótimos
resultados oncológicos-funcionais. Hoje, também contamos com uma grande
variedade de medicamentos eficientes, principalmente para doenças mais
avançadas”, explica.
Segundo o pesquisador, deve ser salientado, mais uma vez, que a
não procura de diagnóstico médico de natureza preventiva pelos homens tem
origem em componentes culturais. “O motivo é cultural, uma construção que
atribui ao homem a condição de superioridade, a ponto de compreender que, ir ao
médico ou ter cuidados preventivos, demonstra fragilidade, fraqueza,
vulnerabilidade”.
Por isso, ao postergar o check
up, aumenta-se a chance de
diagnosticar o câncer em estágio mais avançado. “O ideal é que os exames sejam
realizados todos os anos, a partir da idade recomendada. Ao notar qualquer
mudança é necessário procurar um médico para fazer os exames adequados e
descobrir a causa. Quanto antes o problema for diagnosticado, maiores serão as
chances de cura e menores serão os impactos na qualidade de vida”, finaliza.
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