Especialista
destaca que muitos pacientes ignoram as causas mais abrangentes da
sensibilidade; que, sim, piora no inverno
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Se você sofre só de pensar em consumir aquele
sorvete delicioso ou aquela sopinha caseira quentinha, antecipando a sensação
desagradável que sentirá nos dentes sensíveis, você não está sozinho. Estudos mostram que
o problema da hipersensibilidade dentinária - termo médico para a sensibilidade
dental - atinge mais de 30% da população. A boa notícia é que tem tratamento,
mas envolve outros fatores, que vão muito além daquele creme dental especial.
“Pode parecer um problema simples, mas tem gente
que deixa até mesmo de viajar para lugares mais frios para não sentir a
sensibilidade nos dentes, já que com o vento e a baixa temperatura, a sensação
dolorosa não se restringe ao momento da refeição, está presente o tempo todo. O
inverno passa a ser um período complicado, e isso gera um grande impacto na
qualidade de vida”, explica o cirurgião-dentista Andreas Koren , sócio e
diretor clínico da Signature Clínica Boutique.
O especialista explica que os dentes são como uma
esponja, com milhões dos chamados “túbulos dentinários”. São micro túneis que
recebem a umidade da saliva e que estão diretamente ligados ao nervo e a à
polpa do dente. “Qualquer tipo de interferência, seja mecânica, como a
mastigação, ou uma alteração de temperatura, movimenta essa umidade”, revela o
Dr. Andreas. “Quanto mais gelado ou quente os alimentos e líquidos, maior a
velocidade que essa umidade transita nesses micro túneis; e é isso que estimula
os nervos e causa a sensibilidade”.
O Dr. Andreas ressalta que, quando os dentes estão
sensíveis, geralmente há uma região da boca que, provavelmente, está muito
exposta à saliva ou, por alguma agressão exagerada aos dentes, o limiar de dor
está reduzido, fazendo com que a tolerância aos estímulos também seja menor.
“Comparando com a nossa pele: quando tomamos muito sol, por exemplo, ela fica
sensibilizada; e qualquer intervenção, como um toque ou um banho quente - o que
normalmente é bem tolerado - passa a causar incômodo ou até dor. Com os dentes
também é assim”.
O cirurgião-dentista aponta as causas mais comuns
para esse distúrbio, indicando que é preciso sempre considerar um tratamento
multidisciplinar. “Alterações gástricas podem causar refluxos, que levam mais
acidez à boca, da mesma maneira que as dietas ricas em ácidos ou aminoácidos,
como a que os atletas amadores ou profissionais costumam adotar. Até o estresse
da vida moderna, com muita pressão, e os transtornos psicológicos, como a
ansiedade e a depressão, são fatores de risco, pois desencadeiam problemas como
o ranger dos dentes, por exemplo. Os medicamentos receitados nesses casos,
muitas vezes, diminuem a salivação. E tudo isso causa desgaste nos dentes,
provoca retração da gengiva e pode expor as raízes, causando sensibilidade”, enumera.
Segundo o Dr. Andreas, é comum hoje, em seu
consultório, atender pacientes com o que ele chama de invalidez odontológica.
“São pessoas com dentes extremamente desgastados, trincados, fraturados, com
gengivas retraídas e exposição de raízes de forma muito precoce. Vemos isso
cada vez mais em pessoas jovens, aos 30 anos, quando se trata de algo que
deveria se manifestar apenas aos 60”, indica. “Muitos estão passando por fases
de vida complicada, por isso, temos que ter um olhar mais abrangente. Não adianta
apenas usar uma escova e uma pasta. Isso é a mesma coisa que você romper um
tendão do seu joelho e andar de muleta.Você vai andar, mas não vai
resolver seu problema”, compara.
O sócio e diretor clínico da
Signature Clínica Boutique informa que há produtos odontológicos que oferecem
um nível de conforto e podem amenizar a sensibilidade. “São bases químicas, que
interagem com o esmalte do dente, neutralizando os ácidos que entram em contato
direto, diminuindo aquela agressão”, comenta. “Há substâncias que também agem
nos túbulos, reduzindo o fluxo da umidade. Mas, a sensibilidade é um sinal de
alerta importante que o nosso corpo dá para investigarmos as possibilidades de
forma mais assertiva, com protocolos sérios e o apoio de outros especialistas
médicos”, completa o Dr. Andreas Koren.
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