Especialista no atendimento de crianças há quase 20 anos, Daniella
Sales Brom ressalta a importância da presença dos pais nas brincadeiras para o
desenvolvimento dos filhos
Quando chegam as datas comemorativas, como Natal e Dia das crianças, a maioria dos pais já pensa em comprar os presentes da moda para os filhos ao mesmo tempo que reclamam que os pequenos já não se interessam pelos brinquedos relativamente novos e a casa vira um depósito de coisas esquecidas.
Porém, o que poucos pais sabem é que o interesse dos filhos pelas peças e brincadeiras é causado justamente pela presença do outro. “O que move a brincadeira é o ‘como’ brincar e ‘com quem’ brincar. Com o ‘quê’ brincar depende muito mais da imaginação”, afirma a fonoaudióloga e diretora do Centro de Especialidades BabyKids, Daniella Sales Brom.
Segundo a especialista, é preciso valorizar o envolvimento na brincadeira e não o brinquedo em si. Brinquedos caros e até pedagógicos, com altas funções, podem chamar muito a atenção e prender a atenção da criança na brincadeira, mas a presença de outra pessoa, seja criança ou os pais, gera muito mais envolvimento, socialização, desenvolvimento e, principalmente, aprendizado. “Além disso, os pais às vezes compram brinquedos muito caros, que podem quebrar ou estragar e não que elas envolvam outras crianças na brincadeira, por medo de quebrar ou estragar as peças”, diz.
As famílias precisam criar vínculos afetivos entre pais e filhos ou entre irmãos durante as brincadeiras e, além dos brinquedos, é preciso utilizar a imaginação. Contagem de histórias com continuação por outro membro da família, imaginar uma caixa de sapato como um carro, criar rimas ou falar palavras com letras específicas são algumas sugestões. Se a criança não fala, pode usar a como recurso de interação, a repetição de gestos, como bater palmas, mão na cabeça etc.
“Se a
criança não tiver com quem brincar, o brinquedo é apenas um instrumento. Se
tiver outra pessoa para brincar junto, ele vira um instrumento de aprendizagem.
A dica é investir em brinquedos que promovam mais atividade física, questões de
lógica e matemática e, principalmente, que envolvem o outro,
criando interação e conexão”, ressalta a especialista.
“É preciso desacelerar a infância”
Segundo Daniella, os pais ficam afoitos para acelerar o desenvolvimento das crianças e querem comprar brinquedos de três ou quatro anos para crianças na fase dos dois anos. Com a ilusão de competir, de estar na frente, de “pular” para a segunda etapa do desenvolvimento.
“É preciso desacelerar a infância, retirar um pouco das telas porque a comunicação nelas é uma via de mão única e pensar nas inúmeras possibilidades que temos para contribuir com o desenvolvimento humano e de aprendizagem na infância dos nossos filhos”, pontua a fonoaudióloga.
As possibilidades podem ser exploradas em atividades ao ar livre, atividades de desenvolvimento motor e atividades de desenvolvimento para vínculo. Brincar utilizando a imaginação em filas para que a criança aprenda esperar, justamente para ensinar o tempo de espera.
É possível também criar
brincadeiras que incentivam o revezamento (minha vez, sua vez), brincadeiras de
falar palavras ou cores com letras específicas. “O mais importante é o vínculo.
E, algumas vezes, ele surge justamente nas brincadeiras sem brinquedos caros ou
planejamento”, finaliza Daniella.
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