Processo democrático envolve todos os aspectos da vida em sociedade
Da merenda servida na hora do intervalo ao asfalto que existe ou falta
no caminho de casa até a escola, tudo passa pela política. Por isso, a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) traz, entre as competências gerais da Educação
Básica, “agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade,
flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em
princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”. Falar
sobre política, democracia e cidadania não é, portanto, uma escolha, mas uma
exigência.
Compreender o processo eleitoral e a importância do voto para o futuro
do país é fundamental, mas a abordagem educacional a respeito da democracia não
pode parar por aí. É o que defende Manoella de Souza Soares, doutora em
Geografia e editora de conteúdo da Aprende Brasil Educação, que atende à rede
pública municipal de ensino de mais de 300 cidades brasileiras. “As eleições
sempre trazem à tona a importância de falar dos processos democráticos na sala
de aula, mas esse é um ponto que deve ser levantado a todo momento”, alerta.
Para ela, embora as eleições deixem o assunto em mais evidência, é preciso
falar sobre a democracia para além do voto.
Com vasta experiência em projetos de Educação para a democracia em
escolas públicas, Cibely Martins é gerente de projetos educacionais na
Sincroniza Educação. Para ela, falar sobre política é falar sobre o dia a dia
das pessoas. “O professor pratica a Educação para a democracia todos os dias,
ao passar uma atividade ou fazer uma votação para representante de turma, por
exemplo, ou ao debater o que a turma ou os professores precisam”, detalha. Esse
é, portanto, um bom ponto de partida para falar sobre assuntos mais complexos,
como as estruturas de poder, os três poderes, as eleições e os sistemas de
votação. “Isso ajuda a melhorar o sentimento de pertencimento à comunidade
escolar, traz uma reflexão sobre qual o papel de cada estudante na construção
de uma sociedade e proporciona um debate para que ele se entenda como parte do
processo democrático”, completa.
Política começa cedo
Mesmo com as crianças mais novas, é possível começar a criar uma
consciência de coletividade, dizem as especialistas. Uma das formas de fazer
isso é trabalhar com conceitos como as regras de convivência. No entanto,
segundo Manoella, para que esse processo renda frutos, é imprescindível que as
crianças participem da construção dessas regras. “É desde cedo que começamos a
introduzir a importância da opinião, de ouvir o outro, de por que seguir
determinados limites ajuda a garantir o bem-estar de todos. Também podemos
trabalhar a questão da liberdade de expressão sem magoar ou ofender o colega”,
explica. Ainda que o direito ao voto só comece aos 16 anos, ela lembra que não
se pode esperar essa idade para começar a falar sobre cidadania. “É nosso
dever, enquanto adultos, estimular e afirmar valores que contribuam para a
formação da sociedade. Isso perpassa o ambiente familiar, a escola e a
sociedade como um todo”, finaliza.
Manoella de Souza Soares e Cibely Martins são as convidadas do episódio
50 do podcast PodAprender, produzido pela Aprende Brasil Educação, cujo tema é
como falar sobre democracia em sala de aula. Todos os episódios do PodAprender
estão disponíveis gratuitamente no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br),
nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos
principais agregadores de podcasts do Brasil.
Sistema de Ensino
Aprende Brasil
http://sistemaaprendebrasil.com.br/
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