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terça-feira, 9 de agosto de 2022

Como as dietas restritivas podem contribuir para o efeito-rebote

Dra. Esthela Oliveira, especialista em medicina integrativa, explica como medidas drásticas para o emagrecimento tendem a resultar em quilos a mais na balança a longo prazo
 

Os padrões estéticos da atualidade costumam ter parâmetros no mínimo duvidosos sobre o peso e formato corporal ideal, impulsionando a todo tempo o surgimento de novos procedimentos estéticos e métodos caseiros com o objetivo de diminuir medidas de forma expressiva e em pouco tempo. De acordo com uma pesquisa conduzida pela Ipsos Global Advisor, neste período pandêmico os brasileiros foram os que mais engordaram. Aproximadamente metade da população do país ganhou em média 6,5 kg nos últimos dois anos.

Muitas dessas pessoas recorrem à internet em busca de programas de emagrecimento “milagrosos” e dietas extremamente restritivas. Na web é possível encontrar facilmente todo o tipo de recomendações, a maioria delas inadequadas e sem respaldo médico. O risco, segundo a nutróloga e especialista em medicina integrativa, Dra. Esthela Oliveira se dá quando são adotados diferentes protocolos para perda de peso, sem um acompanhamento médico adequado e personalizado.

“A maioria das pessoas acredita que o déficit calórico é o fator responsável pelo emagrecimento, ou seja, para perder peso o consumo de energia deve ser menor do que a energia gasta no dia, portanto se comer menos, perderá medidas mais facilmente, porém a qualidade dos alimentos ingeridos é o elemento-chave, além de um estilo de vida mais saudável, de modo geral”, esclarece Dra. Esthela Oliveira.

A especialista afirma que não existe um número exato de calorias que devem ser consumidas ao longo do dia, essa quantidade varia de acordo com a necessidade do corpo de cada indivíduo e do tipo de atividade que desempenha. Além disso, adotar uma alimentação baseada apenas em um baixo consumo calórico e com restrições rigorosas, que excluem grupos alimentares do cardápio, pode ser um método difícil de ser sustentado a longo prazo.

“Quando o nosso organismo percebe os períodos de escassez de alimentos ele passa a preservar os estoques de gordura, que são essenciais para disposição e energia e isso pode ser perigoso, especialmente por conta do chamado efeito rebote, quando há um ganho de peso considerável logo após o período de restrição alimentar”, explica a nutróloga.

De acordo com a médica, isso ocorre uma vez que as dietas rigorosas são feitas por tempo determinado e são abandonadas depois que o peso desejado é alcançado. Dessa forma, elas podem resultar em alterações metabólicas, deixando o organismo mais lento devido à falta de nutrientes. Assim, quando a pessoa volta a sua alimentação de costume, tende a cometer mais excessos e ganhar peso novamente.

A maneira mais eficaz de evitar o famoso efeito sanfona, segundo a Dra. Esthela Oliveira, é passar por uma reeducação alimentar. “Essa reparação na rotina alimentar deve ocorrer a partir de uma mudança completa de hábitos. Afinal, quando tomamos consciência daquilo que está sendo consumido e do nosso real estado de saúde, passamos a fazer escolhas mais saudáveis e priorizar a qualidade dos alimentos, melhorando não apenas a estética, mas adquirindo mais bem-estar e qualidade de vida”, ressalta a médica.

Pensando nisso, a especialista em nutrologia, Esthela Oliveira, cita algumas medidas que, em conjunto, ajudam a evitar o efeito sanfona.


Não excluir grupos alimentares

Excluir por completo alguns grupos alimentares pode ser uma medida muito drástica, prefira sempre procurar pelo auxílio de um profissional, ele pode orientar sobre as quantidades ideais de cada grupo alimentar para cada organismo.


Dietas com restrições rigorosas

Dietas restritivas são insustentáveis a longo prazo, por isso o ideal é que ocorra uma mudança de hábitos que resultem em uma reeducação alimentar, tornando as escolhas e relação com a comida mais saudáveis.


Retomar os hábitos anteriores à perda peso

É importante que as escolhas saudáveis e consciência daquilo consumido não sejam deixadas de lado após atingir o número desejado na balança. Retornar aos hábitos alimentares prévios à perda de peso resultam no retorno dos quilos a mais.

É essencial que esse processo seja feito de forma gradual e sempre com o acompanhamento de um especialista que possa auxiliar quanto às escolhas alimentares ideais e tratamentos complementares para um emagrecimento saudável.

 


Esthela Oliveira - Médica do esporte (RQE 76855), membro titular da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e médica do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É pós-graduada em nutrologia pela Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). Pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Instituto de ensino e pesquisa Albert Einstein. Em 2019 realizou o curso de Mind Body Medicine na Universidade de Harvard. Fundadora da Side Clinic, espaço que busca trazer uma visão mais ampla no cuidado com os pacientes, acompanhando-os em todas as etapas da vida e em todas as suas esferas: físico, emocional e mental, por meio da associação de técnicas integrativas, como ferramenta para complementar a medicina tradicional.

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