De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano no mundo
O Dia Nacional do Combate ao Fumo, 29 de agosto,
foi criado para conscientizar a população sobre os riscos que o hábito do
tabagismo provoca. Além dos danos à saúde, o cigarro e similares também trazem
impactos sociais, políticos, econômicos e ambientais, o que torna essencial a
participação de toda a sociedade nessa luta.
O profissional de Odontologia tem uma função
importante nessa desafiadora abordagem ao tabagista, como destaca a Dra. Sandra
Marques, coordenadora Estadual do Programa Nacional de Controle de Tabagismo de
São Paulo pelo Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD).
“O cirurgião-dentista tem papel fundamental na
estratégia de ampliação das ações de enfrentamento ao tabagismo e integralidade
do cuidado. Assumir esse protagonismo perante um grave problema de saúde
pública nos remete à concepção do papel que exercemos enquanto profissionais de
saúde. É necessário realizar a formação de um profissional ético, criativo,
crítico, reflexivo e comprometido com o desenvolvimento do contexto social em
que está inserido. Além disso, se faz pertinente aprofundar os conhecimentos e
aperfeiçoar a competência teórico-prática no âmbito da educação e da
prevenção das patologias e promoção da saúde física e a mental”, diz a
cirurgiã-dentista.
Uma dúvida frequente entre os profissionais de
Odontologia é como deve ser feita a acolhida junto ao paciente nesse momento. A
Dra. Sandra esclarece que “a abordagem deve ser técnica, livre de estigmas, e,
acima de tudo, humanizada. O tabagismo é uma doença crônica, pandêmica,
considerada uma doença pediátrica (iniciação precoce) e um tipo de dependência
química. Precisamos desmistificar a dependência química e entendê-la como
patologia para tratá-la”.
O indivíduo tabagista pode sofrer com problemas
bucais mais sérios como doenças periodontais (gengivite, perda dos dentes e
halitose), além de ter sete vezes mais chance de desenvolver câncer de boca ou
garganta. A combinação de tabaco e álcool potencializa o risco, aumentando para
38 vezes as chances de câncer de cabeça e pescoço.
Quem utiliza outros produtos derivados do tabaco,
como charutos, cachimbos, narguilé, cigarros eletrônicos e outros dispositivos,
também tem risco maior de desenvolver câncer de boca e de faringe.
Tabagismo e seus prejuízos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o
tabagismo como a dependência da substância psicoativa nicotina, presente em
qualquer derivado do tabaco, seja cigarro, cigarrilha, charuto, cachimbo,
cigarro de palha, fumo de rolo ou narguilé. Estima-se que, no mundo, cerca de
oito milhões de pessoas morram por conta do consumo de tabaco anualmente.
Outro fator de alerta é que o fumo pode ser um elemento de risco para o
surgimento de cerca de 50 doenças que são geradas diretamente pelo consumo de
tabaco, levando a diminuição da qualidade de vida.
No ano passado, com o desafio da pandemia do novo
coronavírus e o agravamento das condições de saúde mental, a OMS lançou a
campanha “Comprometa-se a parar de fumar durante a covid-19 para o Dia Mundial
sem Tabaco de 2021”, que reforça o alerta sobre as mortes evitáveis
relacionadas ao tabagismo.
“O Brasil é o segundo país no mundo, depois da
Turquia, a promover um modelo exitoso de implementação da Convenção-Quadro para
Controle do Tabaco (primeiro tratado internacional de saúde pública, assinado e
ratificado por 182 países), um conjunto de medidas que permite o enfrentamento
ao tabagismo. Isso possibilitou uma queda significativa na prevalência da
doença, mas há muito a ser feito”, destaca Dra. Sandra.
Logo após a superação da dependência química, o
paciente necessitará que o cirurgião-dentista acompanhe sua evolução para o
monitoramento do aparecimento de lesões na cavidade oral, assim como para
ajudá-lo a estabelecer estratégias de ações preventivas para a manutenção da
abstinência do tabagismo. Mesmo assim, se o paciente tiver uma recaída, o profissional
poderá encaminhá-lo a um grupo de tabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS).
Estima-se que em média, 443 pessoas morram
diariamente no país por causa do tabagismo. Quanto às mortes anuais
atribuíveis: 37.686 correspondem à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC),
33.179 a doenças cardíacas, 24.443 ao câncer de pulmão, 25.683 a outros
cânceres, 18.620 ao tabagismo passivo e outras causas, 12.201 à pneumonia e
10.041 ao Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Os resultados totais de 2020 apontam uma perda
anual de R$ 125.148 bilhões de forma direta e indireta por conta do tabagismo.
Estão inclusos nesse cenário as despesas com tratamento clínico e produtividade
da cadeia econômica. Este valor para efeito de comparação representa 23% do
custo que o Brasil teve no combate à pandemia de Covid-19, estimado em R$ 524
bilhões de reais. As informações são do site do Instituto Nacional do Câncer
(INCA).
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
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