Pesquisas indicam que
até o ano de 2035 haverá uma criança para cada dez será diagnosticada com este
transtorno
Criado pela Organização das Nações Unidas
(ONU) em 2017, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado
anualmente no início de abril (dia 2). Contudo, para muitas famílias
brasileiras com crianças e adolescentes diagnosticados com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a conscientização
contra o preconceito e a favor do desenvolvimento acontecem o ano todo,
diariamente. De acordo com os dados do Centro de Controle de Doenças e
Prevenção (CDC), órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, existe hoje, no
mundo, um caso a cada 110 pessoas. No Brasil, com mais de 210 milhões de
habitantes, estima-se que existam, em média, dois milhões de autistas.
Essa é a causa e a luta da família de Alice,
de apenas 3 anos e oito meses, diagnosticada com transtorno do espectro autista
regressivo. “A Alice teve seu desenvolvimento como qualquer criança até os 13
meses de idade, mas depois disso passou a ter regressão e apresentar sintomas
do transtorno. A busca pelo diagnóstico levou praticamente de um ano e meio, em
diversas clínicas particulares, até que conseguimos obter o quadro final.
Atualmente, o tratamento é feito pelos terapeutas da Care Plus”, conta Roberta
Tunisi, de 37 anos, mãe da Alice, que dedica todo o seu tempo aos estímulos e
tratamento da filha.
“Assim
que o TEA é diagnosticado, o tratamento deve ser iniciado de imediato, pois,
antes dos cinco anos, o cérebro é muito mais maleável e flexível, devido a
neuroplasticidade, então habilidades sociais e de comunicação podem ser melhor
desenvolvidas na criança”, comenta
Melina Cury, coordenadora de psicologia da Care Plus.
Para Roberta, este tema (TEA) deveria estar
em evidência o ano todo. Na data de conscientização em abril, muitas ações são
feitas, mas falta frequência: “Precisamos informar toda a sociedade; afinal,
muitas mães, como eu, lidam com crianças autistas o ano todo, todos os dias.
Precisamos nos livrar da perfeição. Sei que existe um processo de aceitação,
mas não temos que vestir a carapuça de vítima, nem ter peso por tratar da
doença; pelo contrário, precisamos ser fortes, otimistas e nos libertar disso,
vivendo felizes e proporcionando qualidade de vida aos nossos pequenos”.
O desafio de manter o tratamento em tempos de
pandemia
Com a pandemia da Covid-19, 100% do
tratamento da Alice passou a ser feito em casa, de modo remoto, por meio de
consultas virtuais. “Diariamente nos conectamos, e as terapeutas vão conduzindo
as medidas clínicas on-line, enquanto eu vou aplicando fisicamente todas as
orientações e aquilo que precisa ser feito. Para não haver regressão da síndrome,
é preciso realizar um estímulo de três horas diárias, no mínimo”, declara
Roberta.
A família de Alice é beneficiária da Care
Plus há dois anos. Segundo a mãe, antes usufruíam dos serviços de médicos
particulares, mas o diferencial da Care Plus, com médicos seletivos e
atenciosos, proporciona atualmente três tipos de terapias à Alice, que envolvem
cinco profissionais ativos, duas supervisoras e psicólogas formadas em Análise
do Comportamento.
Como o atual desenvolvimento de Alice
assemelha-se ao de um bebê de 10 meses, os estímulos devem ser diários para
manter e aprimorar as habilidades adquiridas. Para a mãe, é o tratamento que
proporciona o sorriso da Alice: “Todos temos o sol e a sombra, mas nenhum deve
ofuscar o outro. As pessoas precisam compreender isso. Me dedico muito e quero
tocar o coração das pessoas e quebrar os estereótipos”.
Cada autista é diferente e precisa de
cuidados específicos. Nesse sentido, ao estar no ambiente familiar, minimiza-se
a mecanização de uma clínica médica. “Inserimos ainda mais personalização no
tratamento, usando brinquedos que ela gosta, dentro dos ambientes que ela já
tem contato e está habituada, sem causar estranhamentos. Sem contar que, quando
há mudança de terapia, o processo de adaptação é bem demorado, lento, e tudo
vira um ritual. E, como nós estamos aplicando as terapias em casa,
personalizamos ainda mais o tratamento, o que tem fortalecido os nossos
vínculos de confiança. Isso é muito gratificante. Há um ganho enorme por Alice
ser tratada em casa, notamos que ela está muito mais participativa, mais
confortável e se solta bem mais agora do que na clínica”, finaliza Roberta.
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