A
infecção pelo novo Coronavirus (2019-nCoV) será de evolução benigna para a
maioria das pessoas, não passando de um resfriado comum, entretanto alguns
indivíduos, que incluem os chamados grupos vulneráveis podem apresentar uma
evolução pior, com insuficiência respiratória grave, necessidade de internação
em UTI e até a morte. São consideradas grupos de maior risco os idosos acima de
65 anos e principalmente os acima de 85 anos, pacientes com diabetes mellitus,
hipertensos, pacientes com insuficiência renal ou respiratória crônica,
imunodeprimidos, pacientes com câncer e pacientes com doenças cardíacas graves.
Nos
Estados Unidos, 31-59% dos idosos acima de 65 anos necessitaram de
hospitalização e 4-11% faleceram, já nos acima de 85 anos, 31-70% necessitaram
de hospitalização e 10-27% faleceram. Frequentemente essas pessoas apresentam
além da idade um, dois e até três desses fatores de risco, sendo incluídas as
doenças cardíacas.
A
hipertensão arterial sistêmica é a doença cardíaca mais associada a um risco de
evolução desfavorável, isso ocorre pelos efeitos no coração e rins causados
pela hipertensão e também pode estar associado ao uso de algumas medicações
para tratar a hipertensão, porém por enquanto não existe recomendação que essas
medicações devam interrompidas.
As
arritmias cardíacas são doenças no coração que apresentam um espectro bastante
amplo, podem acometer pacientes jovens sem nenhuma outra doença cardíaca,
apenas com a alteração elétrica, porém podem também acometer pacientes com
múltiplas comorbidades, como a hipertensão arterial que aumenta o risco de
aparecimento de fibrilação atrial, ou pacientes com infarto agudo do miocárdio,
doença de Chagas ou outras doenças cardíacas estruturais, que estão associadas
às taquicardias ventriculares.
Esses
pacientes com arritmias cardíacas ou portadores de marcapasso que apresentem
hipertensão ou doenças cardíacas estruturais podem apresentar risco aumentado
de necessidade de UTI ou morte pela infecção pelo novo Coronavirus.
Já
os pacientes que apresentem doenças exclusivamente elétricas do coração, como
os pacientes com Síndrome de Wolf-Parkinson-White, taquicardias paroxísticas
supra-ventriculares, extrassístoles ventriculares, portadores de marcapasso ou
fibrilação atrial sem cardiopatia não apresentam risco maior para infecção de
maior risco pelo coronavirus. Da mesma forma pacientes que foram submetidos a
ablação também não apresentam.
Sempre
que tiver dúvidas do tipo de arritmia cardíaca ou das condições associadas,
consulte o seu cardiologista ou arritmologista, ele conseguirá determinar qual
desses tipos de arritmia o indivíduo é portador. Já as pessoas que apresentam
palpitações, sensação de irregularidades do ritmo cardíaco, desmaios ou cansaço
aos esforços deve procurar um médico para realizar a investigação completa para
definir a sua real condição cardíaca e avaliar se tem um risco aumentado ou
não.
Dr. Cristiano Pisani - diretor da SOBRAC – Sociedade Brasileira de Arritmias
Cardíacas.
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