As
eleições gerais nos EUA contam com um calendário fixo, encerrado em novembro de
2020, enquanto as primárias dos partidos finalizam em julho. O sistema
eleitoral norte-americano pode ser caracterizado como majoritário,
de maioria simples no qual o voto é
facultativo. Desse modo, as regras que condicionam o jogo
eleitoral, influenciam a classe política e suas estratégias para as campanhas
eleitorais, bem como impõem ao eleitor as escolhas derivadas desse
sistema.
Em
que medida essa estrutura eleitoral afeta o perfil das estratégias de campanha
da classe política, sejam democratas ou republicanos? De duas maneiras diretas:
pela prioridade dada ao perfil histórico do voto nos estados; e pela criação de
incentivos aos eleitores irem às urnas.
As
últimas eleições presidenciais disputadas ao longo do século XXI foram entre
Donald Trump e Hilary Clinton, em 2016; entre Obama e Mitt Romney, em 2012;
entre Obama e McCain, 2008; entre George W. Bush e John Kerry, 2004; e entre
George W. Bush e Al Gore, 2000. Em todas as eleições disputadas ao longo do
novo milênio, foi estabelecido um padrão de distribuição dos votos, em duas
grandes áreas ao longo do território americano. Uma primeira concentrada no
centro do país, que vai de leste à oeste, desde Utah até Virgínia Ocidental, e
de norte a sul, desde à Dakota do Norte até o Texas. Nessa faixa central do
território norte-americano, a grande maioria dos estados votou para os
republicanos nas últimas duas décadas. Enquanto nas bordas litorâneas orientais
e ocidentais, os estados votaram para os democratas, em sua grande maioria.
A
exceção desse desenho são os “swing states”. Em geral, localizados no cinturão
do milho e da ferrugem, representam as principais arenas de disputa eleitoral.
O estado de Iowa é o representante simbólico desse espaço e é conhecido pela
máxima “quem ganha em Iowa ganha a eleição”.
A
segunda característica derivada da estrutura do sistema eleitoral desafia os
candidatos a elaborar incentivos para os eleitores irem votar. Na medida em que
o ato de votar é custoso, caso contrário existiria participação completa, o
perfil dos votantes é distinto do perfil daquele encontrado em sistemas
eleitorais de voto obrigatório. Nestes, como existem penalidades formais para
apatia política o perfil do voto nem sempre corresponde ao de um eleitor
bem-informado. Nesse sentido, o perfil do eleitor votante em sistemas
facultativos tende a apresentar eleitores mais bem informados e engajados com
seus representantes. E, em especial, os eleitores apáticos e menos informados,
que não tem certeza dos impactos da eleição de um novo candidato, tendem a manter
o perfil abstencionista.
Em
síntese, o processo eleitoral norteamericano tende a gerar dois horizontes para
as campanhas eleitorais: a) uma disputa estratégica nos “swing states”; b) uma
luta para aumentar a exposição dos eleitores apáticos as campanhas eleitorais
dos candidatos. Ambas características devem servir como linhas de força na
eleição em novembro, seja para democratas ou para republicanos.
André Frota -
membro do Observatório de Conjuntura e professor do curso de Relações
Internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter.
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