Devemos ficar
atentos a exageros durante o período e praticar, cada vez mais, o conceito de
mindful eating para o bem-estar prolongado
Com a pandemia do coronavírus, muitas pessoas têm
se isolado, evitando as saídas de casa, exceto para atividades essenciais. E
com isso, entre tantas preocupações com relação à saúde e o bem-estar de todos,
devemos dar a devida importância também à qualidade da alimentação,
principalmente durante o período de isolamento social, pois uma boa refeição
reforça o sistema imunológico, que pode deixar seu corpo mais resistente e
menos suscetível, bem como buscar uma consciência maior durante a alimentação.
Por isso, uma das práticas mais benéficas para esse período é o mindful
eating.
Mas o que é mindful eating?
O termo pode ser traduzido como “alimentação
consciente” e visa estimular o hábito de uma alimentação mais equilibrada e
saudável, aliando também à qualidade, atenção e presença no ato da refeição.
Isso porque não basta apenas ter um bom alimento no prato, e sim se alimentar
com tranquilidade e serenidade. A hora da refeição deve ser um momento sem
distrações de tv ou celular, focando apenas no alimento, o que faz com que a
ocasião se torne mais prazerosa e benéfica, pois o mindful eating se
trata da atenção ao que e como você está enquanto come.
Neste período de isolamento social, pode acontecer
que as pessoas “comam mais” do que o comum e frequentemente em frente à tv,
computador ou celular, até considerando tédio, ansiedade, estresse e outros
sentimentos que possam surgir durante a quarentena. Por isso, é tão importante
as boas práticas alimentares aliadas ao comportamento e ao prestar atenção às
sensações durante as refeições.
É importante lembrar que muitas pessoas buscam nos
alimentos um conforto ou uma fuga para os sentimentos de angústia e ansiedade,
tão comuns neste momento de estresse. Para evitar que isso reflita em outros
problemas de saúde, o ideal é que a pessoa tenha a real consciência de sua
sensação de fome, sabendo diferenciar se a busca pela refeição no momento está
baseada nos sentimentos. Se este for o caso, uma sugestão seria substituir o
ato de comer à alguma ação benéfica, como tomar um copo com água, ou um chá,
que contribuem para a hidratação, ou apenas desviar a atenção para uma outra
atividade, como concluir um trabalho para quem está em home office, ou arrumar
algo na casa que esteja precisando ser revitalizado.
Na seleção dos alimentos e no preparo da refeição,
a sugestão é que se prefira alimentos em natura e o menos processados possível,
monte um prato bem colorido, por exemplo, com verduras e legumes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a
obesidade como um dos maiores problemas de saúde pública mundial. No Brasil,
mais de 50% da população está com sobrepeso. De acordo com o site da Associação
Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), a
região do sul do Brasil concentra a maior porcentagem de adultos com excesso de
peso, 56,08%, enquanto o sudeste apresenta a maior porcentagem de crianças com
excesso de peso na infância (entre 5 e 9 anos) 38%.
O mindful eating existe para ser um
aliado na melhoria da qualidade da refeição e da qualidade de vida. Outro
aspecto importante é, na medida do possível, realizar exercícios físicos neste
período de quarentena.
Dr. Andrea Bottoni - médico nutrólogo, instrutor de
mindful
eating, mestre em nutrição e doutor em ciências pela UNIFESP,
coordenador da equipe de nutrologia do Hospital IGESP e supervisor do programa
de residência médica em nutrologia do hospital.
Hospital IGESP
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