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terça-feira, 14 de maio de 2019

Três em cada cinco mulheres já sofreram ou sofrem violência em um relacionamento afetivo


"Esse tipo de relação nunca começa com uma agressão física", alerta especialista


No Brasil, a taxa de feminicídios é a quinta maior no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). E três em cada cinco mulheres já sofreram ou sofrem violência física ou moral em um relacionamento afetivo. Não é à toa que cerca de 40% dos casos de violência acontecem dentro de casa. Só em 2018, 536 mulheres foram agredidas fisicamente por HORA no Brasil.
Desse modo, saber identificar e enxergar relacionamentos abusivos e tratar a saúde emocional da mulher vítima desse tipo de violência é fundamental. Falar sobre o assunto, principalmente em um contexto atual tão preocupante e alarmante, é cada vez mais importante.

"Muitas vezes, a mulher que está vivendo em um relacionamento abusivo vai ao longo do tempo se afastando de familiares e amigos mais próximos e convivendo com um intenso estado de tensão e vigilância, sem saber ao certo o por que se sente assim. Evita marcar encontros com amigos ou pessoas próximas, porque seu companheiro não se sente bem com isso e, sem perceber, passa a ter um relacionamento altamente estreito, em que o foco de vida torna-se apenas ele", explica Mariete Duarte, psicóloga da Clínica Maia.

Segundo a especialista, enxergar e sair de um relacionamento abusivo nem sempre é simples, em alguns casos, passam-se anos até a mulher perceber que algo está errado, que não é normal o que ela vive e que ela precisa se afastar. Isso porque esse tipo de relação nunca começa com uma agressão física, na verdade, inicia-se com traços de dominação psicológica, como a diminuição da autoestima, dependência financeira e, por fim, a agressão. Em vários momentos, o parceiro não se mostra sempre violento, sendo também gentil, sensível e carinhoso; é aquilo: "a mão que afaga e a mesma que agride".

A profissional dá algumas dicas importantes. "Você entrega suas senhas ou partilha a mesma conta nas redes sociais com o seu parceiro? Isto não é algo que faz parte de um relacionamento saudável; Acredita que o ciúmes em excesso do companheiro é sinal de cuidado? É um erro. É um fator perigoso e está ligado à insegurança do outro e controle; Há falta de diálogo ou mesmo resolução de brigas sem uma boa conversa? Isso é algo que pode trazer prejuízos psicológicos", comenta.

E continua. "O fator financeiro já foi usado para fazê-la permanecer na relação? Esta é uma forma de abuso; No relacionamento, conjugal ou não, o parceiro exigiu/forçou relações sexuais? Outra forma clara de abuso; Conquistas individuais já foram motivo de problemas na relação? Isso é um sinal de que seu relacionamento não é saudável; Chantagens emocionais são frequentes? Cuidado, é algo considerado também violação emocional", alerta.
As vítimas do problema, no tratamento, conseguem se sentir capazes e confiantes para seguir um novo caminho e se blindar, sem ficar na sombra de outra pessoa novamente. "A terapia permite à mulher voltar a se socializar sem medo, e a ter pessoas queridas fazendo parte de sua vida de novo. Saber identificar relações abusivas, a fim de evitá-las no futuro, é também um dos grandes focos do trabalho psicológico", conta Mariete.

O relacionamento abusivo pode acarretar consequências sérias à saúde mental. Se houver humor deprimido ou irritadiço por um período prolongado; quando conquistas e elogios já não fazem sentido, como se sentisse estar num estado "automático"; é importante procurar auxílio, pois o agravamento desses sinais pode resultar em um nível elevado de estresse, atingindo significativamente a qualidade de vida e podendo desencadear uma depressão profunda.

"O tratamento é feito através de psicoterapia individual e em grupo, já que o diálogo promove alívio dos sintomas. Existem muitos grupos de ajuda que fazem o acolhimento deste tipo de sofrimento. Falar sobre o problema traz força e confiança à mulher, que consegue sair da condição de vítima e se torna mais ativa. Por isso, procurar ajuda é fundamental", completa a psicóloga.



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