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terça-feira, 7 de maio de 2019

Mais tolerância, por favor


A polarização política do Brasil nos últimos anos acirrou os ânimos da população e fez com que temas como tolerância e respeito às diferenças ficassem em segundo plano na sociedade. São poucos os que realmente praticam esses atos no dia a dia para atingirem seus objetivos. É um fenômeno que também atinge o ambiente corporativo. A busca frenética pela rentabilidade faz com que os empresários ignorem essas práticas, desconhecendo que são elas que podem atingir o tão sonhado lucro. O estímulo à tolerância leva à diversidade – o que por sua vez garante a base necessária para se destacar em cenário econômico tão competitivo.
Chega a ser incrível que em pleno século 21 a diversidade ainda tenha resistência dentro das corporações. É como se tivéssemos de falar o óbvio para que todos possam ouvir. Levantamento do portal Vagas.com com a Talento Incluir mostra que 60% das empresas não possuem um programa de diversidade. O número é impressionante se pensarmos que a diversidade de gênero aumenta a lucratividade em 21% e a racial em 33%, de acordo com pesquisa da McKinsey&Co. Já a discriminação sexual no ambiente de trabalho chega a custar 1,7% ao PIB (Produto Interno Bruto) de um país, segundo estimativa do Banco Mundial.
Contudo, a busca por diversidade não começa com planos mirabolantes e sim com campanhas elaboradas mais para divulgação do que especificamente para inclusão. O respeito à diferença dentro de uma organização passa pela capacidade de aceitar e compreender a opinião de todos os colaboradores, principalmente de grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros e LGBTI+. Ser tolerante em seu trabalho significa, portanto, entender que todos os funcionários podem agregar conhecimento e que essa junção de diferentes visões é essencial para se destacar atualmente no mercado.
Empresas que aplicam isso em seus processos internos são as que conseguem reduzir de forma significativa alguns dos principais problemas que afetam o crescimento econômico. Quando a opinião divergente é respeitada e escutada, os conflitos corporativos entre diferentes colaboradores são reduzidos. Sem desentendimento, o ambiente torna-se acolhedor e cooperativo, permitindo que as pessoas foquem seus esforços em suas habilidades e, assim, atingem melhores resultados em seus afazeres. Pode até não existir uma fórmula mágica, mas existem procedimentos adequados para que todos possam render o esperado.
Até porque não é difícil estimular a tolerância no ambiente corporativo. Basta valorizar a participação e dar voz aos funcionários nos mais variados assuntos, desde os mais banais até os mais estratégicos. Dessa forma, a empresa reforça a tese de que o indivíduo não está lá apenas para fazer suas tarefas, mas para crescer e evoluir ao lado de seus colegas e da própria companhia. Quando se há respeito e espaço, naturalmente somos envolvidos no dia a dia – e dessa diferença de pontos de vista surge a criatividade necessária para resolver problemas reais que atingem as pequenas e grandes empresas atualmente.
Em um cenário tão polarizado, em que as discussões ganham contornos de batalha, as pessoas precisam de um espaço para desenvolverem essa empatia. As empresas, por exemplo, devem ser um local de acolhimento, um lugar seguro para os profissionais manifestarem tolerância. É justamente no ambiente corporativo que precisamos aprender a conviver com as diferenças por oito horas por dia e cinco dias por semana. Assim, as organizações se transformam em lugares de poderosas ações coletivas para estimular essa harmonia entre os profissionais. É necessário ter mais gentileza, por favor.
O clima político ainda pode não estar propício para falar sobre questões como tolerância e diversidade. Entretanto, essa mudança deve partir de nós, empresariado e sociedade civil, mostrando que quando aceitamos e valorizamos a opinião dos outros, damos um passo importante rumo ao pleno desenvolvimento socioeconômico.



Ronaldo Ferreira Júnior - conselheiro da AMPRO - Associação Nacional das Agências de Live Marketing e sócio-fundador da um.a #diversidadeCriativa, agência especializada em eventos, campanhas de incentivo e trade. A um.a é empresa destaque no Guia Exame de Diversidade 2019. 



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